Bolsonaro questiona, e parlamentares se dividem; veja como políticos reagiram à prisão de Braga Netto
Braga Netto fica em silêncio durante audiência de custódia
Ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto — Foto: Isac Nóbrega/PR
Candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022, general da reserva foi preso no inquérito que apura tentativa de golpe. Braga Netto está entre indiciados pela PF.
Por Filipe Matoso, GloboNews — Brasília 14/12/2024
Políticos reagiram ao longo deste sábado (14) à prisão do general da reserva Walter Souza Braga Netto, em um desdobramento da investigação que apura uma tentativa de golpe de Estado no final de 2022.
Ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro (PL), Braga Netto foi preso pela Polícia Federal, em operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao justificar a medida, a Polícia Federal afirmou que Braga Netto estaria "atrapalhando a livre produção de provas" e que a prisão preventiva do ex-ministro tem o objetivo de evitar a "reiteração das ações ilícitas".
Além da tentativa de atrapalhar as investigações, o general é suspeito de envolvimento no planejamento da tentativa de golpe. Ele está na lista de pessoas que foram indiciadas pela PF, no âmbito dessa investigação, em novembro.
Em uma rede social, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou — sem fazer menção direta ao nome de Braga Netto — a prisão do seu ex-ministro e ex-companheiro de chapa na disputa ao Planalto em 2022.
Bolsonaro, que também foi indiciado pela PF, colocou em dúvida o argumento utilizado pela PF para justificar a prisão do militar.
"Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?", escreveu, adicionando que o inquérito da PF já teria sido encerrado depois do envio dos indiciamentos ao STF.
Parlamentares aliados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e integrantes da oposição também repercutiram a operação que prendeu Braga Netto.
Para aliados de Lula, a prisão do general mostrou a "solidez" das instituições e o avanço da democracia no país.
Já congressistas alinhados ao ex-presidente Bolsonaro classificaram a operação contra Braga Netto como um "atropelo".
'Solidez' das instituições
Braga Netto fica em silêncio durante audiência de custódia
O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), avaliou a prisão de Braga Netto como uma demonstração da "solidez" das instituições brasileiras.
"A prisão de Braga Netto é uma demonstração da solidez das nossas instituições, diante das ame-aças à democracia. A reconstrução do Brasil começou com a defesa do Estado democrático de direito", publicou o deputado.
Na mesma linha, o líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), disse que a prisão mostra que o Brasil avança como democracia.
"A prisão da decretação da prisão de quem quer que seja não é razão para celebração. Dito isto, o fato de que pela primeira vez na história do Brasil um general de quatro estrelas é preso por tentativa de golpe de estado é por si só um sinal de que avançamos como democracia constitucional", afirmou Randolfe.
Também em rede social, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), disse que Braga Netto foi preso por tentar atrapalhar as investigações da Polícia Federal e participou do plano para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
"Com essa gente não pode haver impunidade. Punição para todos, a começar pelo chefe inelegível. Sem anistia", publicou.
'Atropelo'
Líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN) publicou mensagem em rede social na qual chamou de atropelo a decisão do ministro Alexandre de Moraes que autorizou a operação deste sábado da Polícia Federal.
"Não existindo qualquer fato novo que justificasse a prisão cautelar, a pretensa obstrução à Justiça não só não se sustenta, como revela novo prejulgamento de um juiz parcial, coma finalidade de antecipar o cumprimento da pena", escreveu.
Sem mencionar explicitamente o nome de Braga Netto, Jair Bolsonaro foi às redes sociais para comentar a "prisão do general".
"Há mais de 10 dias o 'inquérito' foi concluído pela PF, indiciando 37 pessoas e encaminhado ao MP. Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?", questionou o ex-presidente.
Uma das principais aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro na Câmara, a deputada Bia Kicis (PL-SP) disse que a democracia brasileira sofreu um "golpe", uma vez que, na opinião da parlamentar, "se impõe a censura, de quem se retiram as garantias do devido processo legal e até mesmo a liberdade de questionar o sistema".
Companheira de Braga Netto na Esplanada dos Ministérios durante o governo Jair Bolsonaro, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) chamou a prisão de "injusta" e disse se tratar de "cortina de fumaça".
"O general preso hoje é um senhor de 67 anos de idade, que tem uma vida inteira de serviços prestados à Pátria. (...) Estamos diante de mais uma decisão do Poder Judiciário que nos causa tristeza e indignação", publicou a parlamentar.
Defesa nega obstrução
Em nota divulgada neste sábado (14), a defesa do general da reserva Walter Souza Braga Netto afirmou que comprovará que o ex-ministro não atuou para obstruir as investigações do inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
"Entretanto, com a crença na observância do devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução as investigações".
Assinam o comunicado os advogados Luís Henrique César Prata, Gabriella Leonel de S. Venâncio e Francisco Eslei de Lima.
https://g1.globo.com/politica/politico/noticia/2024/12/14/solidez-das-instituicoes-atropelo-veja-como-congresso-reagiu-a-prisao-de-braga-netto.ghtml
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