Juazeiro do Norte: debate de candidatos tem ataque a padrinhos, acusações e desafio por desistência
Os candidatos Glêdson Bezerra (Podemos) e Fernando Santana (PT) fizeram hoje o último debate antes das eleições
Escrito por Alessandra Castro, Jéssica Welma - 04 de Outubro de 2024
Legenda: Glêdson Bezerra e Fernando Santana são os principais candidatos à Prefeitura de Juazeiro do Norte
Foto: Paulo Luceti
Os candidatos à Prefeitura de Juazeiro do Norte se confrontaram, nesta quinta-feira (3), pela última vez antes do primeiro turno da eleição de 2024, no Debate da TV Verdes Mares Cariri. O momento contou com participação dos dois principais candidatos na cidade-polo da região, o prefeito Glêdson Bezerra (Podemos) e o deputado estadual Fernando Santana (PT), e foi transmitido por meio da TV Verdes Mares Cariri, G1 e Globoplay desde as 22h.
O debate foi marcado por ataques relacionadas ao histórico de ambos e às alianças políticas, além de acusações sobre promessas não cumpridas. Glêdson Bezerra ainda chegou a desafiar Fernando Santana a comprovar acusação sobre as finanças do Município, sob pena de renunciar à candidatura se o adversário a comprovasse e cobrando que ele fizesse o mesmo se o prefeito estivesse certo.
Os candidatos ainda responderam perguntas sobre limpeza pública, calçamento, saúde e geração de emprego.
O Sistema Verdes Mares utilizou como critério para participação no Debate a representação parlamentar no Congresso Nacional, nos termos do artigo 46 da Lei 9.504/97. Ao todo, os postulantes tiveram quatro blocos para apresentar propostas e rebater críticas um do outro. Em seguida, eles puderam finalizar com as considerações finais.
Primeiro bloco
O primeiro bloco do debate teve foco na cobrança ao histórico e às alianças políticas de ambos os candidatos. O primeiro a fazer pergunta foi Glêdson Bezerra. Ele questionou Fernando Santana sobre a que atribui a derrota na disputa pela Prefeitura de Barbalha em 2016. O petista respondeu lembrando que o ex-governador Camilo Santana (PT) também disputou eleição em Barbalha e foi derrotado, antes de sair vitorioso na disputa pelo Governo do Ceará. Ele ainda rememorou a trajetória do presidente Lula (PT) em campanhas nas quais perdeu antes de ser eleito.
Na réplica, Glêdson criticou o discurso do aliado em ressaltar seus padrinhos políticos e relembrou a campanha de um ex-prefeito de Juazeiro, também do PT, Dr. Santana. "Já ouvimos esse fio, era 'Lula lá, Santana cá', quando isso aconteceu, foi a pior administração', disse Gledson.
Fernando Santana rebateu, dizendo que o candidato "está desesperado". Ele pontuou ainda desentendimento de Glêdson com vereadores do Município e falou que o adversário é contra Lula, Camilo e o governador Elmano de Freitas (PT), atrelando a ele ser aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Não vou entrar nessa, você está desesperado. Temos um time que vai conseguir recurso para Juazeiro, mas quem vai fazer isso é Fernando Santana", disse o petista.
Na sua vez, o petista seguiu na temática, falando de ex-aliados do atual prefeito que hoje estão na campanha do PT, como o vice-prefeito Giovanni Sampaio, que rompeu com Glêdson, e Gilmar Bender, empresário e um dos principais apoiadores de Gledson em 2020. Fernando, no entanto, não chegou a fazer pergunta.
Glêdson se defendeu, acusando o adversário de não conhecer Juazeiro do Norte. "Há 4 anos as pesquisas me colocavam com 12 pontos a menos", citou, relembrando vitória contra o então prefeito Arnon Bezerra em 2020. "Quando eu fui aliado de determinados apoiadores, apoiei acreditando que ia dar certo e, no meio do caminho, algumas pessoas se envolveram com escândalo de corrupção", disse Glêdson, lembrando que apoiou também Fernando Santana na campanha para deputado estadual em 2022. 'Quando andei de casa em casa pedindo voto para o senhor foi tentando acertar, me enganei', afirmou.
Fernando Santana também lembrou apoio a Glêdson e disse que o adversário é "ingrato". "Você quer se aliar às pessoas conforme a sua conveniência", disse. Ambos seguiram trocando acusações de não terem atendido pleitos da cidade e viabilizados recursos.
Segundo bloco
O segundo bloco iniciou com o sorteio de temas determinados. O primeiro assunto a sair foi “limpeza pública”, com Fernando Santana abrindo a rodada de perguntas. Na ocasião, ele alegou que, durante a gestão, seu oponente implantou “sujeira pública”, inclusive sendo investigado pelo Ministério Público em contratos envolvendo a coleta de lixo. Em seguida, ele questionou se o prefeito iria deixar novamente a cidade toda suja, se eleito.
Glêdson rebateu, afirmando que, com essas acusações, o petista “levantava a bola” para ele “cortar”. Ele respondeu às acusações, dizendo que reduziu a despesa com a limpeza urbana em R$ 3 milhões e que foi “envolvido em escândalos” sobre o tema porque cortou “a gordura, a mamata” nos contratos de limpeza urbana da Cidade. Ele acrescentou, ainda, que não responde a processos e afirmou que Santana é quem chegou a ser indiciado em investigações passadas.
Ainda no segundo bloco, ambos continuaram falando sobre propostas e trocando farpas. Na ocasião, o tema sorteado foi “calçamento”, e o gestor iniciou a rodada de perguntas. Ele perguntou qual a proposta do adversário sobre o tema e disse que o ex-aliado “prometeu R$ 11 milhões para o calçamento do bairro Campo Alegre, mas liberou só R$ 1 milhão”.
Em paralelo, o postulante do Podemos alegou que o custo da pavimentação e calçamento de Juazeiro está orçado em R$ 1,3 bilhão.
Fernando Santana rebateu o adversário, afirmando que “liberou o recurso, sim”, acrescentando que R$ 3 milhões já teriam chegados aos cofres da Prefeitura e disse que o restante não saiu porque o prefeito “é incompetente”. O petista prometeu, ainda, fazer os calçamentos e pavimentações não realizadas pelo gestor, sob a justificativa de que teria recursos suficientes para concluir devido às parcerias que faria com o Governo Federal e Estadual, comandados por aliados.
Já Glêdson se defendeu, afirmando que já tem um contrato assinado de R$ 100 milhões para fazer o calçamento em Juazeiro do Norte.
Terceiro bloco
O terceiro bloco, quando tema voltou a ser livre, o tema dos apoios voltou ao foco. Glêdson mencionou apoiadores de Fernando, como o deputado federal Yury do Paredão (MDB) e o vice-prefeito Giovanni Sampaio, dentre outros, e questionou o adversário sobre a relação desses apoiadores em eventual governo.
Fernando disse que o adversário "fala mal de quem lhe estendeu a mão lá atrás". "Esses meus apoios não precisam de nenhum cargo na prefeitura. Todos têm seu emprego, sua vida. Quem vai governar Juazeiro é Fernando Santana", respondeu.
Em contrapartida, Glêdson disse: "Quem tem fama de prometer e não cumprir não sou eu". "O senhor aparece com essas pessoas e diz que não vai administrar com elas. O senhor vai administrar com alienígenas? Você acha que está todo mundo ali de graça, por que acha que ele é o melhor candidato?", questionou.
O petista criticou o adversário, acusando-o de fazer "debate chulo". "Isso aqui não vai melhorar a vida de ninguém. (...) Não adianta nada essa disputa de ataques aqui", afirmou Fernando, dizendo que fará gestão "compartilhada com a população".
Em sua vez, Fernando questionou Glêdson sobre acusações de que o atual prefeito recebeu a gestão com dívidas. "Você recebeu quanto da gestão passada e o que fez pelo povo com esse dinheiro?", perguntou o petista.
O atual prefeito rebateu, dizendo que o adversário "prometeu 22 milhões de reais e não liberou, liberou R$ 3 milhões". "O que recebi foi R$ 123 milhões de reais de dívidas. Nem a folha de pagamento tinha dinheiro em caixa pra pagar. Quem pagou o salário do ex-prefeito Arnon (Bezerra) fui eu". Glêdson ainda desafiou o adversário a mostrar os dados financeiros da prefeitura quando o gestor assumiu, confirmando a acusação de que o prefeito não fala do recurso recebido e das obras encaminhadas.
"Eu apresento os saldos bancários, e o senhor me mostra por a+b que tinha dinheiro no caixa da Prefeitura que dava para pagar as obras. Se o senhor provar, eu renuncio a candidatura, faltam só dois dias. Agora, se eu provar, o senhor renuncia a sua", disse Glêdson, pontuando que está "sozinho frente a um exército gigantesco".
Fernando, ao responder, disse que o adversário "pegou o povo de Juazeiro na mentira, mentiu para o povo". "Tenha respeito às pessoas, tenha o mínimo de classe, você está desesperado, sim, virou o candidato mais agressivo do Brasil, ataca todas as pessoas, inclusive quem foi seu aliado no passado e hoje não acredita mais em você". "Você tem apoio sim e seu principal apoio é Bolsonaro", disse o petista.
Por fim, Glêdson retrucou, falando contra os aliados de Santana. "Quem um dia se acostumou a se locupletar com o dinheiro de Juazeiro do Norte está só arquejando. Tem que torcer pela sua vitória, senão acabou, é morte política", disse o prefeito.
Quarto bloco
No quarto bloco, os temas voltaram a ser escolhidos por sorteio, com saúde sendo o primeiro sorteado para o debate. Fernando Santana iniciou a rodada perguntando de quem é a "culpa" pelo "caos" na saúde pública da Cidade.
Glêdson rebateu citando números do Ministério da Saúde, do Governo Lula, de que Juazeiro do Norte tem "a maior nota entre todas as cidades de médio porte" do Ceará na saúde.
Na réplica, o petista questionou os dados repassados pela Secretaria Municipal de Saúde da Cidade ao Ministério. Em paralelo, o candidato do Podemos desdenhou de o adversário "colocar em xeque" os dados do Governo Federal.
O segundo tema sorteado no quarto bloco foi "geração de emprego". Glêdson Bezerra iniciou a rodada mencionando saldo positivo na área, afirmando ter gerado 10 mil novos postos gerados na Cidade, segundo ele. "Nós temos o orgulho de dizer que Juazeiro do Norte é recordista no interior do Estado do Ceará, com 10,5 mil empregos de saldo gerado", disse, pontuando que a casa de dois dígitos de saldo foi alcançada durante sua gestão.
Fernando Santana respondeu o candidato, alegando que "Juazeiro cresce porque o comércio é corajoso, porque Padre Cícero criou essa Cidade para dar certo". Porém, conforme Santana, o comércio movimentado pelo turismo religioso "não tem apoio da gestão", pois os romeiros que vão ao local "não têm banheiro, segurança".
Direito de resposta
Durante as considerações finais, Fernando Santana acusou o prefeito de "mentir" sobre o plano de cargos e carreira dos professores ao citar que, anteriormente, o adversário havia negado a ascensão profissional com a justificativa de impedimento pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Porém, nesta quinta, a titular da Secretaria de Educação teria anunciado o pagamento. Por conta das acusações, Glêdson obteve direito de resposta.
"Ele disse que não deu o plano de cargos e carreira sabe por quê? Por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal. Pois a secretária de Educação anunciou que próximo mês vai dar plano de cargos e carreira, mentindo para a população mais uma vez", disse Santana.
Na ocasião, a organização do Debate entendeu que houve ofensa pessoal ao gestor e concedeu direito de resposta a Glêdson Bezerra.
"Candidato adversário, demonstrando desrespeito, disse que eu estou mentindo com relação a progressão dos professores. Nós não estamos mentindo. Se Juazeiro do Norte quando eu recebi estava com 60% de sua folha de pagamento, hoje nossa Cidade não está. Hoje, graças a uma política organizada, austera, de pagar todas as dívidas, de melhorar os indicadores do nosso município, de receber muito mais recursos do Governo Federal na saúde e na educação, permite a gente fechar uma folha abaixo dos 52% - tudo isso através de dados que estão confirmados junto ao Tribunal de Contas do Estado. E, por isso, é possível, sim, quando estiver abaixo de 54%, conceder a progressão dos professores, que é o que eu tenho feito: lutar para garantir o direito de todos os trabalhadores do nosso Juazeiro”, concluiu.
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