MPF apresenta denúncia contra o pecuarista Bumlai e mais 10 pessoas
Empresário foi preso na 21ª fase da Operação Lava Jato em novembro. Também foram denunciados Vaccari Neto e ex-funcionários da Petrobras.
PRMPF denuncia o pecuarista Bumlai e mais 10 pessoas na Lava Jato (Foto: Thais Kaniak/ G1 PR) Bibiana Dionísio e Thaís KaniakDo G1 O Ministério Público Federal (MPF) apresentou nesta segunda-feira (14) denúncia contra o pecuarista José Carlos Bumlai e mais 10 pessoas por crimes como lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, corrupção ativa e passiva. Todos são suspeitos de envolvimento em crimes investigados pela Operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras. Os procuradores também pediram reparação de R$ 53,5 milhões por danos causados à petroleira. Bumlai foi preso na 21ª fase da Lava Jato, deflagrada no dia 24 de novembro. O procurador coordenador da Força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, afirma que o pecuarista agia como um operador do PT. Bumlai tem negado as acusações. Foram denunciados pelo MPF nesta segunda: – José Carlos Marques Bumlai, pecuarista: corrupção passiva, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro – Maurício de Barros Bumlai, filho de Bumlai: corrupção passiva e lavagem de dinheiro – Cristiane Barbosa Bumlai, filha de Bumlai: corrupção passiva, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro – Salim Taufic Schahin, executivo do Grupo Schahin: corrupção ativa, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro – Milton Taufic Schahin: corrupção ativa e gestão fraudulenta – Fernando Schahin: corrupção ativa – Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras: corrupção passiva – Jorge Zelada, ex-diretor da área Internacional da Petrobras: corrupção passiva – Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras: corrupção passiva – João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT: corrupção passiva – Fernando Soares, lobista: corrupção passiva Para que se tornem réus, a denúncia do MPF precisa ser aceita pela Justiça Federal. Se isso ocorrer e, em caso de condenação, a pena dos envolvidos pode chegar a 43 anos de prisão, dependendo do crime. Esquema Um dos esquemas tratados na denúncia ocorreu na escolha da Schahin Engenharia, em 2009, para o contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000 pela área internacional da Petrobras. Segundo os procuradores, o custo do contrato foi de US$ 1,6 bilhão. Desde a deflagração da 21ª fase da Lava Jato, Bumlai está detido na carceragem da Superintendência da PF, em Curitiba, mesmo local onde está detido Nestor Cerveró. Jorge Zelada e João Vaccari Neto estão no Complexo Médico-Penal, na Região Metropolitana de Curitiba. Fernando Soares, que fez acordo de delação premiada, cumpre prisão domiciliar. Eduardo Musa também fez acordo de delação. Nesses casos, os investigados fornecem ao MPF informações sobre o esquema de corrupção em troca de benefícios, caso sejam condenados. A denúncia Os procuradores afirmam que entre outubro de 2006 e dezembro de 2009, Milton, Fernando e Salim Schahin ofereceram US$ 1 milhão em propina para Eduardo Musa, além da quitação de uma dívida de R$ 49 milhões – em valores corrigidos. Este valor seria uma vantagem indevida em favor do Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo o MPF, o pagamento da propina foi intermediado por Fernando Baiano e João Vaccari Neto, atendendo a pedido de José Carlos Bumlai e Salim Schahin. Segundo Dallagnol, um dos esquemas envolveu uma série de empréstimos fraudulentos e, para pagar esses empréstimos, foram feitos contratos da empresa Schahin com a Petrobras. "Num terceiro momento, esses empréstimos eram quitados em favor de Bumlai e do Partido dos Trabalhadores", afirma Dallagnol. A investigação apontou, conforme o MPF, que Bumlai fez um empréstimo junto ao Banco Schahin, que nunca foi pago. O valor de R$ 12 milhões (sem correções) teria sido usado para quitar dívidas do PT. Em troca, Bumlai teria agido para que o Grupo Schahin fechasse o contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000. O pecuarista e o Grupo Schahin têm negado as acusações. 'Núcleo de poder' Dallagnol diz que intermediários como Bumlai são "ligados ao núcleo de poder", mas que a identificação das pessoas do núcleo político do esquema da Lava Jato "ainda demanda mais investigação". O procurador afirma também que os indícios mostram que os denunciados nesta fase não eram os destinatários finais do dinheiro, e que isso ainda está sob investigação. Ao todo, a estimativa do MPF é de que o valor da corrupção envolvida neste caso é de R$ 18 milhões. Esta também é a quantia que, conforme Deltan Dallagnol, foi "lavada". Roberto Leonel, representante da Receita Federal, afirma que 10% dos valores recebidos da Petrobras, pelo grupo Schahin, foram tributados no Brasil. O restante, em offshores.
Comentários