Bolsa argentina dispara mais de 20% na abertura após eleição; dólar blue passa dos 1 mil pesos

Argentina de Milei não deve romper com Mercosul, avaliam especialistas brasileiros

Por g1

Milei após vitória na Argentina — Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Javier Milei foi eleito na noite de domingo (19) com 55,95% dos votos. Ações de empresas argentinas listadas nos EUA subiram até 40%. Dólar futuro para dezembro chegou a subir 30%.

O mercado acionário da Argentina subia mais de 20% no início das negociações desta terça-feira (21), em meio a ajustes após a vitória do economista ultraliberal Javier Milei nas eleições presidenciais de domingo e um feriado local na segunda-feira, quando os mercados externos reagiram com ganhos firmes.

O índice S&P Merval de Buenos Aires tinha alta de 20,81%, em 779.348,90 pontos, às 11h03 (horário de Brasília), devido aos ajustes de preços após o feriado, com as empresas de energia liderando os ganhos.

As ações de empresas argentinas listadas nos EUA subiram até 40% na segunda-feira, lideradas pela petrolífera YPF. Em outro movimento pós-Milei, os títulos da dívida argentina tiveram alta de 13,5% pela manhã.

Já o dólar blue, principal cotação paralela da moeda americana, teve um novo repique e bateu os 1 mil pesos. Segundo o jornal La Nación, alguma das "cuevas", as casas de câmbio de Buenos Aires, haviam congelado na quinta-feira o dólar blue em 950 pesos, à espera dos resultados. Hoje, abriram com um salto de 100 pesos, vendendo por até 1.050 pesos, uma alta de 10,5%.

O jornal também chama atenção para o dólar futuro, que também tem efeitos expressivos: os contratos de dezembro são negociados a US$ 866, valores 29,8% superiores aos do fechamento de sexta-feira.

Argentina de Milei não deve romper com Mercosul, avaliam especialistas brasileiros

Fim do BC e dolarização

Candidato de oposição, Javier Milei foi eleito na noite de domingo (19) com 55,95% dos votos, contra o governista peronista Sergio Massa (44,04%). Os dois concorreram no segundo turno de uma das eleições mais disputadas da história recente da Argentina.

Aos 52 anos, Milei será o 52º presidente do país e terá que enfrentar a pior crise econômica em décadas, com a maior inflação em mais de 30 anos, dois quintos da população vivendo na pobreza e forte desvalorização cambial. Os desafios são agravados por uma dívida externa bilionária e pela falta de reservas internacionais.

Milei, afirmou na segunda-feira (20) que levará entre 18 e 24 meses para conter a inflação de seu país, na casa dos 140% anuais.

Em entrevista à rádio argentina "Continental", a primeira sobre seu futuro governo após ser eleito no domingo (19), Milei confirmou também que levará adiante o plano para fechar o Banco Central e dolarizar a economia, duas das principais e mais polêmicas propostas de sua campanha.

"Fechar o Banco Central é uma obrigação moral, e dolarizar (a economia) é uma maneira de nos livramos do Banco Central", declarou. Milei, no entanto, propôs que a moeda adotada por seu governo "seja aquela escolhida pelos indivíduos".

Na entrevista, o ultraliberal disse também que, por enquanto, manterá a taxa de câmbio e não levantará a limitação ao estoque de dólar de bancos do país, imposta pelo governo do atual presidente, Alberto Fernández, para controlar o saldo da moeda norte-americana.

"Antes de levantar a limitação ao estoque do dólar, é preciso resolver o problema da Leliq (a taxa básica de juros do país). Vamos tentar fazer isso o mais rápido possível, porque se for assim a sombra da hiperinflação estará aqui o tempo todo", disse.

Especialistas ouvidos pelo g1, porém, desconfiam da viabilidade das propostas de Milei, em especial sobre a dolarização. “É uma ideia tão difícil de encontrar suporte em questões práticas que quem votou em Milei por essa questão, vai se decepcionar”, diz o economista da LCA Consultores Chico Pessoa.

https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/11/21/bolsa-argentina-dispara-mais-de-20-na-abertura-com-ajustes-apos-eleicao-e-feriado.ghtml