Botafogo ressignifica palco e fica a um ponto do título Brasileiro
Vitória sobre o Internacional em palco que encampou a melancolia em 2023 deixa mais uma conquista muito próxima
Jogadores do Botafogo comemoram gol de Savarino contra o Internacional — Foto: Luiz Erbes/AGIF
Por Giba Perez — Rio de Janeiro - 05/12/2024
A vida muitas vezes escreve páginas mais épicas do que os mais competentes roteiristas. Para o Botafogo, nada poderia ser mais poético e épico do que se aproximar do título do Campeonato Brasileiro justamente no palco em que encampou a melancolia e a frustração um ano antes: o Beira-Rio.
Foi a vitória sobre o Internacional por 1 a 0, com gol de Savarino, que fez o Alvinegro colocar uma mão no terceiro Brasileirão. Foi lá também que o time que teve 13 pontos de vantagem no ano anterior disputou a última rodada já sem aspirações de título.
O futebol, como a vida, sempre dá segundas chances. Cabe aos resilientes esperar e aproveitar quando elas aparecem. E quem é mais resiliente que o botafoguense no futebol brasileiro?!
O clube que resistiu a 21 anos sem título, que sobreviveu através de rebaixamentos e se reergueu, almejou, sonhou e tateou um título nacional após 28 anos, apenas para deixar escapar pelas mãos. Mas nada disso importa. Só o Botafogo. Enquanto ele estiver, eles estarão lá.
Assim como em 89, a espera acabou. A Glória chegou no continente com a conquista da Libertadores. Mas falta algo. Falta o Brasileirão. Para isso, bastava que os botafoguenses pontuassem mais do que o Palmeiras, em campo no mesmo horário contra o Cruzeiro. Mas isso não aconte-ceu.
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O brilho de Gatito
Mais importante do que jogar bem ou não, o importante era vencer. Especialmente pela dificulda-de que seria imprimir o ritmo que normalmente faz, considerando que o time jogou uma final com um a menos por 90 minutos no último sábado e comemorou a conquista com a torcida no domin-go.
O que se viu em campo foi justamente um time que teve dificuldade de se impor como naturalmente faz. Não que tenha jogado mal, teve intensidade na marcação e se desdobrou como pode, mas faltava vigor. Porém isso era segundo plano. O foco era ganhar como desse, e foi o que con-seguiram.
Artur Jorge colocou o que tinha de melhor e traçou o planejamento para tentar conter as qualidades do Inter. Dentro do vestiário, desenhou o que seriam os minutos iniciais e a jogada que acabou por ser decisiva para o confronto.
Almada tabela com Telles na cobrança de escanteio e cruza para Savarino pegar de primeira da meia-lua e abrir o placar aos quatro minutos. Naquele momento, com o empate em 0 a 0 no Mineirão, o Botafogo estava ficando com a taça. E assim foi durante quase todo o jogo.
Se falamos sobre resiliência no começo desse texto, a partida contra o Internacional reservou um papel de protagonista merecido ao jogador do elenco que melhor vestiu esse adjetivo, o goleiro Gatito Fernandez.
No clube desde 2017, o paraguaio passou por bons momentos, viveu alguns do piores que poderia e se manteve firme até ser campeão da América. Nada mais simbólico que ele fosse titular justamente no primeiro jogo do Glorioso como dono da Glória Eterna.
Não só titular, ele foi também protagonista da vitória, com grandes defesas. Após sair atrás, o Inter foi quem dominou a maior parte das ações. Teve mais posse de bola (59% a 41%), frequen-tou por mais tempo o campo de ataque e criou mais oportunidades. Foram 14 finalizações coloradas a 2 alvinegras.
Mas o futebol não é sobre volume, é sobre eficiência. Foi ela quem deixou o Botafogo perto do título. Foi a de Estêvão, no Mineirão, que adiou a conquista. O garoto garantiu a vitória de virada com um golaço de falta que manteve a diferença em três pontos e as chances em aberto para a última rodada.
- Fomos eficazes, é verdade, não tivemos um volume de jogo ofensivo muito grande. Procuramos controlar o jogo depois do gol cedo, ter momentos de bom comportamento defensivo, tentar atacar quando possível. Mas acho que o contexto hoje era difícil de fazer mais do que isso - analisou Artur Jorge.
Diferente do que foi na última vez, o Beira-Rio não foi o palco do desfecho. Há mais um capítulo. Em casa, perto da gente que trouxe o clube até aqui. Se era poético reescrever uma história na casa do Internacional. O fim desse roteiro não poderia ser longe do Estádio Nilton Santos.
https://ge.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2024/12/05/analise-botafogo-ressignifica-palco-e-fica-a-um-ponto-do-titulo-brasileiro.ghtml
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