PRECIPITAÇÕES NO ESTADO

Iguatu. O segundo ano consecutivo de seca no Ceará, 2013 trouxe uma surpresa: o mês de junho que findou foi o terceiro mais chuvoso em 23 anos. Em média, no período, foram registrados 71 mm, isto é, 90% acima da média histórica. O levantamento é da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), que foi divulgado, neste dia 1º. A instituição classificou a seca deste ano como a nona pior dos últimos 60 anos, levando em consideração apenas a pluviometria média.

Chuvas acima da média histórica para o sexto mês do ano ajudaram a reduzir o drama dos donos de animais no Interior. Houve renovação do pasto. 

Conforme o meteorologista da Funceme, Raul Fritz, havia estudos e previsão do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe), que no trimestre de junho, julho e agosto deste ano ocorreriam precipitações acima da média para o período. "Ocorreu o que a gente previu e a tendência agora é para a redução dessas chuvas", disse Fritz.

As chuvas acima da média registradas em junho passado são decorrentes de ´Ondas de Leste´, fenômeno atmosférico que se forma no litoral numa faixa que se estende desde o Rio Grande do Norte, passando pela Paraíba, Pernambuco e se estendendo até o norte da Bahia, provocando precipitações na Zona da Mata. Apesar da distância de mais de 500 km entre a Zona da Mata e o sertão cearense, as nuvens de chuvas conseguem atingir a área leste do Ceará, provocando precipitações em parte do litoral do Estado e da região jaguaribana, podendo descer até o leste do Cariri cearense. "Neste mês e em agosto devem ocorrer precipitações, mas de menor intensidade", observou Raul Fritz.

Estudos

Desde 2005 que estudos realizados por meteorologistas do CPTEC e da Funceme demonstram que houve uma elevação nos índices pluviométricos em junho e julho, na área leste do Ceará. "Pode ser uma tendência ou apenas algo periódico", disse Fritz. "Vamos continuar acompanhando esses fenômenos".

Dados

Os dados da Funceme confirmam que a quadra chuvosa do Ceará, verificada no período de fevereiro a maio, ficou 37,7% abaixo da média histórica pelo segundo ano consecutivo. Além da reduzida precipitação, a irregularidade prejudicou ainda mais os produtores rurais que enfrentam dificuldades. As áreas de plantio foram reduzidas e quem plantou, perdeu a lavoura. O Estado do Ceará decretou emergência em 175 dos seus municípios.

Em junho, na cidade de Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, a Funceme registrou 174 milímetros. De janeiro a junho, foram totalizados 759 mm. As precipitações ficaram dentro da média histórica, mas a irregularidade espacial e temporal das poucas precipitações também prejudicou os produtores rurais. "Em fevereiro, choveu apenas 37milímetros. Em março, 74 milímetros", afirmou o gerente local da Ematerce, Erivaldo Barbosa. "Esses baixos índices prejudicaram o plantio e trouxe prejuízos para o campo", ratificou.

Os dados mostram que o melhor mês foi maio passado, que registrou 244mm. Em abril, foram 146mm. As chuvas de maio e junho favoreceram o surgimento de pastagem nativa para a alimentação do rebanho bovino e para o plantio de feijão irrigado, cujo ciclo produtivo é curto. "No total, tivemos boas chuvas, mas foram mal distribuídas", observou Barbosa.

Reservatórios

Mesmo com boas chuvas em maio e junho, houve redução desde o início deste ano da água acumulada nos açudes de médio e grande porte.

De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), o nível dos reservatórios permanece em torno de 40% e deve cair até o fim do ano.

No segundo semestre, aumenta o consumo de água da população e a evaporação no Estado do Ceará. É um período de maior intensidade da seca.

O produtor rural, Carlos Almeida, da localidade de Barro Alto, zona rural de Iguatu, disse que houve um favorecimento da agricultura e da pecuária com as chuvas dos últimos dois meses, principalmente para a renovação do pasto. "A situação estava muito grave, mas foi amenizada", disse. "Esperamos que as chuvas permaneçam neste e no próximo mês".

Mais informações

Fundação Cearense de Metereologia e Recursos Hídricos (Funceme) - (85) 3101. 1117
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) - (85) 3218. 7024