Jovens no Brasil superam pais em profissionalização
MUDANÇA NO PERFIL
Com melhores níveis educacionais, os jovens brasileiros de 18 a 30 anos assumem, em maior proporção que as pessoas entre 45 e 65 anos, postos no mercado de trabalho que exigem menos esforço físico e mais raciocínio lógico, em especial, no comércio e em escritórios. Os dados são do instituto de pesquisa Data Popular, que, devido às manifestações observadas em todo o País, apresentou um comparativo entre essas gerações.
O instituto ouviu 1.502 pessoas de 100 cidades, no último dia 31 de maio. Perguntados sobre a escolaridade paterna, 15% disseram não ter essa informação. Entre os 85% que afirmaram saber qual o nível de instrução alcançado por seu pai, 65% disseram ter ultrapassado a série escolar dele. Outros 19% responderam que atingiram o mesmo grau de instrução paterna e apenas 16% ainda estão abaixo em termos educacionais.
A geração de 45-60 anos tem uma grande concentração de pessoas com nível de instrução alcançado inferior ao fundamental completo, enquanto a geração de 18-30 anos possui maior proporção de brasileiros que, no mínimo, iniciaram o ensino médio. Com relação aos anos de estudo, em geral, a média atingida pelos mais novos é 77% maior que aquela registrada pelos mais velhos.
Com base em informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2011, o instituto Data Popular divulgou que, entre os brasileiros com idade de 45 a 60 anos, 7,5% são trabalhadores domésticos; 6,3% vendedores; 4,7% pedreiros; 3,1% trabalhadores da indústria; 2,7% caminhoneiros; e 2,5% são porteiros e zeladores.
No que se refere aos jovens de 18 a 30 anos, 14,5% são vendedores; 7,3% recepcionistas, assistentes e auxiliares administrativos; 3,8% pedreiros; 3,7% trabalhadores dos serviços domésticos em geral; 2,5% garçons, barmen e copeiros; e 1,7% são trabalhadores da indústria.
Ceará segue tendência
Segundo o coordenador estadual do setor de Intermediação Profissionais do Sistema Nacional de Empregos e Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), Antenor Tenório, a pesquisa reflete o que também acontece no Ceará. Ele explica que as pessoas de 18 a 30 anos são a maioria em empregos que exigem menos esforço físico porque cresceram vivenciando um mercado de trabalho mais dinâmico, buscando ocupações com mais valores agregados.
"Além do salário, elas buscam empresas que investem no trabalhador, um ótimo ambiente de trabalho e possibilidade de crescimento profissional, por exemplo. Em geral, têm mais ousadia e flexibilidade e são menos acomodados, além de buscarem mais qualificação", afirma.
Por outro lado, Tenório lembra que trabalhadores acima dos 40 anos, desde que tenham experiência, escolaridade e qualificação profissional, também conseguem se destacar no mercado.
"Atualmente, a idade não pesa tanto na hora da contratação, algo que era muito forte há dez anos. E também existem muitos jovens capacitados para determinado emprego, mas sem um comportamento adequado", destaca. Antenor Tenório informa que todas as unidades do IDT oferecem oficinas periódicas de orientação para o trabalho, com carga horária de 4 horas.
Serviços públicos
Mote inicial para as atuais manifestações, a insatisfação dos brasileiros em relação aos serviços públicos foi constatada na pesquisa. Apesar de semelhantes, as notas entre os jovens foram mais altas que as verificadas entre os mais maduros. A geração de 45-60 anos deu nota 3,67 à saúde; 4,68 à educação; 3,87 à segurança; e 4,36 ao transporte. Já os jovens de 18 a 30 anos atribuíram nota 4,05 à saúde; 5,24 à educação; 3,94 à segurança; e 4,38 ao transporte público.
Por outro lado, as três esferas do Executivo tiveram notas menores entre os jovens que as concedidas pelos mais velhos. O grupo de 45 a 60 anos avaliou a prefeitura em 5,69; o governo estadual em 6,04 e o governo federal em 7,48. O grupo de 18 a 30 anos deu nota 5 à prefeitura; 5,29 ao governo estadual e 6,94 ao governo federal.
Acesso à internet
Usuários de internet entre os jovens atuais são mais que o dobro dos jovens de ontem. Enquanto dois terços dos entrevistados com idade de 18 a 30 anos disseram ter acessado a web nos últimos três meses, a proporção entre a geração de 45 a 60 anos não é de três em cada dez pessoas.
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