CONTRA MANIFESTANTES: Deputados aprovam atuação da Polícia
Mais uma vez os pronunciamentos dos deputados da Assembleia Legislativa estiveram em consonância com os protestos ocorridos durante os jogos da Copa das Confederações e com as medidas tomadas pelo Congresso para amenizar tais manifestações. Na manhã de ontem, Ely Aguiar (PSDC) chegou a dizer que sentia saudades da época da Ditadura Militar e incitou a Polícia a utilizar armas letais contra os manifestantes.
Deputado Ely Aguiar criticou a depredação a carros de empresas de comunicação nos protestos e disse que sente saudade da ditadura militar
O parlamentar mostrou as manchetes dos principais jornais do Estado a ressaltou que carros da imprensa foram depredados e incendiados. "Se eu fosse o comandante da Polícia, eu mandava o ´pau comer´. É nessas horas que eu sinto saudade da ditadura", disse o parlamentar, que também é radialista. Ele afirmou ainda que o prejuízo para uma concessionária no local foi de mais de R$ 4 milhões.
"São manifestantes ou são bandidos? São bandidos, delinquentes e deveriam estar atrás das grades", reclamou, lembrando que o governador Cid Gomes foi para a Europa "quando começou o arrocho".
Segundo disse, "a Polícia deveria meter bala" nos vândalos que depredaram o patrimônio público e privado. Ele ainda questionou como serão as manifestações na Copa do Mundo. Para Ely Aguiar, a Polícia não está sendo mais incisiva em seus atos porque é patrulhada e observada pelo Ministério Público. "Queria saber se esses vândalos fossem incendiar a sede do Ministério Público, o que os promotores diriam", disse. Para ele, o Executivo deveria ir à televisão mostrar apoio aos manifestantes, mas também dizer que irá ser mais rígido com os vândalos.
Terrorismo
Para o deputado Manoel Duca (PRB), que é primeiro tenente da reserva militar, somente a bala de borracha não serve mais para conter os atos de vandalismo no País, defendendo medidas mais eficazes da Polícia para com o "terrorismo" que está acontecendo durante os protestos. Ely Aguiar criticou ainda os representantes dos Direitos Humanos, que, segundo ele, estão defendendo os "criminosos". "Eles deveriam ir era à casa das pessoas que sofreram os ataques desses terroristas".
A peemedebista Silvana Oliveira defendeu o governador Cid Gomes, afirmando que ele tentou levar o equilíbrio para ver o que o povo, realmente, quer. Ela citou, por exemplo, a tentativa de se fazer um plebiscito para a população decidir se quer ou não a construção do Acquário. O deputado Fernando Hugo (PSDB) parabenizou a Polícia Militar e a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Civil (SSPDS), que, segundo ele, fizeram "pouco" contra os manifestantes.
O tucano lembrou que, ao ouvir os ministros do Supremo Tribunal Federal e juristas, a presidente Dilma Rousseff voltou atrás com a ideia de propor um plebiscito para iniciar uma constituinte visando discutir a Reforma Política. "Ela juntou todo mundo e num rasgo inconteste de querer enganar o povo, propõe a realização de um plebiscito para o povo brasileiro responder perguntas sobre o que deve ser votada em uma Reforma Política", reclamou, ressaltando que nem mesmo os políticos sabem o que é melhor para a Reforma.
Corrupção
Para a petista Rachel Marques, a raiz da corrupção está no desconhecimento da política e, segundo ela, o que o povo quer no momento é participar. Em resposta às falas de Marques, Fernando Hugo propôs que ela pedisse à presidente Dilma que fosse solicitada a saída do Congresso Nacional dos deputados federais José Genoíno (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP), condenados no caso do Mensalão.
Roberto Mesquita (PV) chamou de "insanidade" a tentativa de plebiscito sobre a Reforma Política, mas defendeu a tentativa da presidente de negociar melhorias para o País. O peemedebista Perboyre Diógenes afirmou que existe sim tempo para votação de um plebiscito sobre a Reforma Política e disse que querem tirar o foco da discussão.
Antônio Carlos disse que os pronunciamentos de seus pares são contraditórios, com argumentos insustentáveis, visto que a população tem o direito de participar das decisões da política nacional. Nós somos acostumados, infelizmente, à participação do povo? O povo não é só massa de manobra, não. O povo está acompanhando", afirmou.
O petista também criticou os que atribuem à situação apenas ao Governo do PT. "Eles nunca falam aqui das grandes estruturas de corrupção que aconteceram no Governo do Fernando Henrique Cardoso", questionou.
Siglas apontadas como ´esclerosadas´
O deputado Professor Teodoro (PSD) quer discutir com a população e sociedade civil a importância da essência política e as manifestações que ocorreram nas últimas semanas em cidades de todo o Brasil. Para isso, o parlamentar apresentou um requerimento propondo a realização de uma audiência pública visando a um debate sobre o tema.
Em seu pronunciamento, ontem, na Assembleia Legislativa, ele defendeu a implantação de uma ampla Reforma Política no País. Defendendo as falas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, lembrou que a crise no País teve início a partir dos partidos políticos, que se transformaram em verdadeiros "cartórios" para atender apenas aos comandos de seus dirigentes, deixando a população em segundo plano.
As siglas estariam "esclerosadas", para o deputado, por isso seria necessário a realização urgente de uma profunda Reforma Política nas agremiações. "Na dimensão política, temos que ultrapassar o momento da violência e reconhecer o direito do outro. Todos somos a favor dos partidos. Mas, desde o século passado, percebe-se uma necessidade de modernização da representatividade e revitalização dos partidos", apontou.
O deputado Dedé Teixeira (PT) observou que os debates provocados pelos movimentos garantiram um avanço ao Congresso, em sintonia com as ruas. Segundo ele, o Senado está "desarquivando" o Projeto de Lei do passe livre e garantiu 75% dos royalties para educação e 25% para a saúde. "Essas foram reivindicações da população, como também a derrubada da PEC 37. Esses assuntos jamais seriam trazidos ao Congresso se não houvesse manifestações", ressaltou.
Fernando Hugo alegou que, como democracia, o País não pode viver sem partidos, sem líderes. Segundo ele, os congressistas foram escolhidos pelo povo. O tucano defendeu ainda que a presidente Dilma Rousseff iniciasse a limpeza moral dentro do PT, se empenhando a tirar da Câmara Federal os deputados João Paulo Cunha e José Genoíno, que foram condenados no julgamento do Mensalão. Por sua vez, a deputada Silvana Oliveira (PMDB) disse que a população precisa cortar a própria carne e questionar como se está votando hoje.
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