RECUPERAÇÃO: Indústria espera reverter perdas e voltar a crescer

Se diferentemente de outros estados brasileiros, a indústria do Ceará começou o ano registrando, até abril, expansão - crescimento de 1,7% na produção física, índice superior, inclusive, à média nacional e ao Nordeste, que tiveram queda de 0,5% e 0,9%, respectivamente -, em maio o setor voltou a cair, contabilizando queda de 1% na produção, segundo o IBGE. O recuo foi o terceiro maior entre as regiões pesquisadas. No entanto, no acumulado dos últimos 12 meses, findos em maio, a produção cearense está praticamente estável (0,2% de aumento), ainda acima da média do País, que continua negativa em 0,5%.

Segundo estudo divulgado pelo Indi no início de junho, o crescimento até abril devia-se à recuperação dos setores de calçados e têxtil, que apresentaram evolução na produção 

Apesar disso, o setor espera encerrar o primeiro semestre com números positivos para que as perspectivas daqui para frente sejam mais animadoras.

Segundo o economista e coordenador da Unidade de Economia e Estatística do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi), ligado à Federação das Indústrias do Estado (Fiec), Pedro Jorge Ramos Vianna, sem arriscar números, a projeção é de que a taxa que venha a ser registrada ao fim de 2013 ultrapasse o índice obtido nos primeiros seis meses deste ano.

"Apesar de a situação ser preocupante, acredito que o segundo semestre será de crescimento. Maior, inclusive, ao registrado até agora", projeta, embora o presidente da Fiec, tenha declarado, quando das comemorações do Dia da Indústria, em maio último, que a produção do setor não deva passar o índice de 2% neste ano.

A razão para um quadro de melhora, aponta Ramos Vianna, deve-se às iniciativas impulsionadores do consumo, como a Copa das Confederações e às ações governamentais para garantir a estabilidade da economia do País. "Queiramos ou não, a Copa das Confederações alavancou, de certa forma, o consumo. Foi um indutor a mais para aumentar a produção", afirma.

"Ao mesmo tempo, com o governo federal querendo combater a inflação, o risco empresarial diminui, o que dará coragem para o empresário querer voltar a investir, aumentando a oferta", completa o economista.

Conjuntura positiva

Ainda de acordo com ele, também pesa de forma positiva o fato de conjunturalmente a segunda metade do ano sempre apresentar avanço na produção. "Já deu tempo de fazer os ajustes na economia que surgem no primeiro semestre e há também as encomendas do comércio para as festas de fim de ano", justifica.

Setorialmente falando, Ramos Vianna deposita confiança no setor metalmecânico, e ainda naqueles mais ligados ao consumo direto da população, como vestuário, calçados e alimentos e bebidas. "Estes segmentos são fortemente impactados por ações de controle da inflação e pelas desonerações promovidas pelo governo. Certamente a demanda deverá crescer", fala.

Setores em recuperação

Estudo divulgado pelo Indi no início do mês anterior, revela que, entre as 11 unidades federativas pesquisadas, o Ceará teve o terceiro melhor desempenho no setor industrial. Segundo a pesquisa, o crescimento se deve à recuperação dos setores de calçados e têxtil, que apresentaram evolução na produção de, respectivamente, 15,4% e 11,4%.

Entre os pontos em que o Estado registrou desempenho negativo, o levantamento destaca a queda de 13,1% nas exportações, nos primeiros quatro meses do ano, em relação a igual período de 2012. (ADJ)