Ciência ajuda a explicar os desejos das mulheres grávidas
Desejos durante a gestação tem relação com alterações nos hormônios, além de possíveis deficiências nutricionais
MARÍLIA MARASCIULO
Alterações hormonais influenciam nos desejos das mulheres grávidas (Foto: Pixabay)
De acordo com pesquisadores, a culpa pelos desejos durante a gestação tem relação com alterações nos hormônios, além de possíveis deficiências nutricionais
Desejos de mulheres grávidas são tão comuns quanto o senso comum faz parecer. E eles variam de acordo com as diferentes culturas do planeta: na Tanzânia, os desejos mais comuns eram carne, mangas, iogurte, laranjas, plátanos e refrigerantes. Já nos Estados Unidos, laticínios e doces são os preferidos: de 50 a 90% das mulheres norte-americanas têm algum algum desejo por comida durante a gravidez.
O desejo súbito por guloseimas muitas vezes é motivo de piada — quem nunca viu uma cena de filme de uma mulher grávida procurando uma sorveteria enlouquecidamente de madrugada? Mas a ciência explica: tais vontades são reais e podem dizer muito sobre as necessidades da gestante. Entenda por quê.
Os desejos não somem com a gravidez
Estudo publicado no periódico Frontiers in Psychology mostrou que entre 68-97% de adultos jovens na América do Norte experimentaram desejos por comidas específicas. Nada disso vai embora com a gravidez, talvez as pessoas só deem mais atenção a eles durante o período de gestação.
São os hormônios
O curioso, porém, é que algumas mulheres sentem vontade de comer coisas que geralmente não costumavam comer, ou até nem sequer gostavam. Combinações esquisitas de doces com salgados também são comuns. Um dos culpados podem ser os hormônios. A leptina, por exemplo, é liberada por células de gordura, e diminui o apetite e estimula o metabolismo.
Há pesquisas que mostram que a síntese de neuropeptídeo Y, substância considerada uma das principais estimulantes da fome, aumenta durante a gravidez. Eles também podem causar mudanças do paladar e olfato, o que seria um mecanismo evolutivo para desencorajar as mães a ingerirem comidas possivelmente tóxicas, mas os deixa mais sensíveis (e atraídos) a determinadas comidas.
Déficit nutricional
Há teorias que afirmam que os desejos representariam déficits nutricionais do corpo. Por exemplo, desejo de chocolate seria, na verdade, falta de magnésio. Vontade de comer açúcar e outros carboidratos processados corresponderia à falta de nitrogênio. Comidas gordurosas, à ausência de cálcio. O estranho porém, é que mesmo mulheres com dietas equilibradas e sem déficit nos nutrientes apresentam esses desejos, algo que os pesquisadores não conseguem explicar de maneira completamente satisfatória.
Comer ou não comer?
A maioria dos especialistas não vê problema em ceder aos desejos uma vez ou outra, desde que as guloseimas não substituam as refeições nutritivas principais e não sejam por substâncias que podem prejudicar o bebê, como álcool, cigarro e outras drogas. Também é preciso ficar atento a uma condição especial, chamada pica (ou alotriofagia), que é o desejo por coisas que não são alimentos (terra, carvão, giz, entre outros). Nestes casos, é necessário fazer acompanhamento psicológico e com medicamentos específicos para reverter o transtorno.
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2019/10/ciencia-ajuda-explicar-os-desejos-das-mulheres-gravidas.html
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