Consórcio vai criar atlas da senescência molecular
Mapeamento pode mudar o tratamento de doenças relacionadas à velhice
Toren Finkel: professor de cardiologia e diretor do centro de envelhecimento da Universidade de Pittsburgh — Foto: Divulgação: UPMC
Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro
Nesse maravilhoso sistema que é o corpo humano, as células se dividem e se multiplicam para substituir as que envelhecem e também para reparar estragos. No entanto, essa capacidade é afetada por inúmeros fatores, entre os quais está o envelhecimento, e dá origem às células senescentes. Além de perder a “habilidade” de se renovar, elas se acumulam e, sem função, se transformam numa espécie de “lixinho” que aumenta o risco para o surgimento de doenças cardiovasculares e pulmonares, câncer e demência.
Como esses acúmulos de células senescentes representam pequenas ilhas no vasto oceano do organismo, seu estudo ainda era limitado, mas uma iniciativa ousada pretende mudar o cenário: a criação de um atlas da senescência celular para entender seu desenvolvimento e abrir caminho para novas terapias voltadas para curar doenças relacionadas ao envelhecimento. O consórcio SenNet (Cellular Senescence Network) contará com 16 equipes e terá um orçamento de 125 milhões de dólares, garantido pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH em inglês), que reúnem centros de pesquisa biomédica nos Estados Unidos.
Dois projetos são liderados pela Universidade de Pittsburgh e receberão 31 milhões de dólares ao longo de cinco anos. O objetivo: mapear a senescência das células no coração e nos pulmões. Como cartógrafos moleculares, os cientistas vão pesquisar e descrever todos os aspectos de expressão gênica dessas células em tecidos e organoides criados em laboratório. “Não sabemos se a senescência celular é uma coisa ou várias coisas”, afirmou Toren Finkel, professor de cardiologia e diretor do centro de envelhecimento da universidade. “Comparando com o câncer, sabemos que linfomas são diferentes de um câncer pulmonar ou pancreático, embora todos sejam cânceres. Queremos entender como as células senescentes se comportam em diferentes tecidos e diante de diferentes tipos de estresse”, concluiu.
O consórcio tem como meta mapear o maior número de órgãos e, no fim do levantamento, o atlas será publicado on-line para que outros pesquisadores possam explorar as informações. Entender esses mecanismos pode levar à criação de novas terapias capazes de localizar e destruir células envolvidas com o desenvolvimento de doenças relacionadas ao envelhecimento.
https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2021/11/04/consorcio-vai-criar-atlas-da-senescencia-molecular.ghtml
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