Por Isabella Lima, g1 Santos

Vídeo mostra bebê nascendo dentro de bolsa amniótica no litoral de SP

Eduarda nasceu saudável e já está em casa com sua família. Médico que fez o parto relata emoção no procedimento.

Um bebê de São Vicente, no litoral de São Paulo, viralizou nas redes sociais pelo fato de ter nascido empelicado. As imagens do parto foram compartilhadas pelo ginecologista obstetra Bruno Zaher, que se emocionou com a forma que a pequena Eduarda chegou ao mundo. A situação, considerada raríssima, ocorre quando a bolsa amniótica não se rompe antes do nascimento do bebê.

Eduarda nasceu em um parto cesárea. O fenômeno do bebê vir ao mundo dentro da bolsa amniótica é considerado raro, mas, principalmente, em partos normais, em que a incidência é de 1 a cada 80 mil partos.

Pequena Duda veio ao mundo dentro da bolsa amniótica e encantou profissionais que fizeram seu parto — Foto: Isabella Lima/g1

"A média de 1 a cada 80 mil se refere a quando falamos de parto normal, sem intervenção médica. Na cesariana, como a gente provoca essa situação, não temos uma estatística afirmada, porque depende um pouco da vontade do médico, do desejo da mãe de fazer isso e, lógico, se tem indicação de fazermos dessa forma", explica Zaher.

A empresária Karina Ferreira Santos Andrade, mãe de Eduarda, conta que já tentava engravidar há dois anos. Antes mesmo de saber que estava grávida, ela foi passar por uma consulta com Zaher para ter uma segunda opinião sobre infertilidade. "Nesse dia o doutor me disse, 'até o fim do ano vou fazer seu parto'. Três dias depois dessa consulta descobri que estava grávida e escolhi ele para cuidar do pré-natal".

Para a mãe, o parto foi um dia de muita emoção. "O doutor cuidou muito bem de nós desde o começo da gravidez e me passou muita segurança. A descoberta da vinda dela foi incrível, e o parto não podia ser diferente, foi incrível também. Eu nunca tinha ouvido falar sobre o parto empelicado, ficamos muito surpresos, foi algo bem especial mesmo", diz.

Karina não conseguiu ver o momento exato em que Eduarda veio ao mundo ainda envolvida pela bolsa amniótica. "Foi um parto muito respeitoso e acolhedor. Ela foi recebida com muito carinho, mesmo eu tendo muito medo de agulha, eu não senti tanto naquele momento. Foi o encontro mais lindo da minha vida, não tenho palavras para explicar. Meu melhor presente", completa.

O empresário Luiz Rodrigo Duarte Andrade, pai de Eduarda, que acompanhou todo o parto e viu o exato momento em que a filha nasceu, também relatou muita emoção. "Para ter nossa filha, a Karina venceu todos os medos dela, principalmente de agulha. O nascimento foi maravilhoso, muito lindo. Eu não imaginava que seria daquele jeito", destacou.

Emoção

O ginecologista obstetra Bruno Zaher acompanhou Karina desde o começo da gravidez, já que ela chegou a ir em seu consultório antes mesmo de saber que já estava esperando o bebê. "A Karina chegou com bastante expectativa e insegurança, como é normal em uma mãe de primeira viagem. Mas nossas consultas sempre eram divertidas, sempre registrávamos todos os momentos. Foi uma gravidez com bastante delicadeza, com acompanhamento especial para que o momento fosse como ela esperava", relata.

Após entender as vontades dela com relação ao parto, a data de nascimento de Duda foi marcada. A vinda dela ao mundo foi feita sob luz baixa, acompanhado de música em som ambiente, conforme escolhido pelos pais.

"No momento do parto, eu e o Anderson, que é o meu parceiro de centro obstétrico, fomos sentindo uma energia muito especial acontecendo, o pai da bebê estava muito feliz e a mãe muito tranquila. Conforme fomos percebendo a abertura do útero, e a bolsa se pronunciando ali para fora, nos olhamos e passamos a tentar trazê-la sem que a bolsa rompesse. Conforme ela foi vindo dentro da bolsa, vimos aquele pedacinho de Deus mostrando ali para nós que estava tudo bem. Ela chegou trazendo muita alegria".

Segundo o ginecologista e obstetra, quando o bebê nasce dentro da bolsa amniótica, é possível notar os movimentos que ele faz dentro do útero, pois ele ainda não sabe que nasceu. "É uma forma mais delicada e cuidadosa de apresentar o mundo ao bebê", diz ele.

Zaher explica que já fez outros partos empelicados, mas destaca que cada caso para ele é único. "A cada parto sinto a prova que Deus ainda acredita na humanidade. Cada vez que chega uma nova vida para a gente, tenho certeza que ainda há muita esperança para nós. O parto da Duda foi muito especial, nos emocionou", finaliza.

Por que o parto empelicado ocorre?

Uma reportagem feita pelo g1 explicou com detalhes como ocorre o parto empelicado. A bolsa amniótica é composta por uma película fina e transparente. É quando ela estoura que, normalmente, há a sinalização de que a criança está prestes a nascer. Quando o líquido amniótico vaza, a mãe entende que está há horas ou momentos do parto.

Contudo, quando esta bolsa não se rompe, acontece o chamado parto empelicado. Não há risco para mãe ou para o bebê. Após a retirada do bebê envolvido pela bolsa, o médico faz um pequeno corte na película para que ela estoure e a criança seja, então, retirada. Não é possível prever quando esse evento pode ocorrer.

Segundo os especialistas, há mais chances do parto empelicado ocorrer em cesarianas em razão de a bolsa se romper quando o bebê é expelido pela vagina. Contudo, o parto empelicado também é possível em partos normais, em especial quando o bebê é prematuro. Nesta situação, o tamanho do saco amniótico é menor, permitindo que o bebê e a bolsa passem mais facilmente pelo canal vaginal.

Segundo os médicos, o parto empelicado não oferece risco a gestante e nem ao bebê. Em alguns casos, o fato de o nascimento acontecer desta forma pode proteger o recém-nascido. Como por exemplo, quando a gestante tem alguma doença infecciosa e o bebê não deve entrar em contato com o sangue da mãe para não se contaminar.