Pandemia na América Latina ainda não chegou ao pico e deve resultar em mais casos e mortes contínuas nas próximas semanas, alerta OMS

Questionado sobre o ápice da pandemia no Brasil, ele respondeu que os picos são difíceis de prever

22 de junho: paciente entubado por Covid-19 passa por cirurgia em hospital de Niterói, no Rio de Janeiro. — Foto: Carl de Souza/AFP

Afirmação foi feita pelo diretor de emergências da organização, Michael Ryan. Questionado sobre o ápice da pandemia no Brasil, ele respondeu que os picos são difíceis de prever e dependem de ações governamentais: 'não há respostas mágicas'.

Por Lara Pinheiro, G1

O diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, reforçou nesta quarta-feira (24) que a pandemia de Covid-19 na América Latina ainda não chegou ao pico e que ela deve resultar em "número sustentado de casos e mortes contínuas" nas próximas semanas.

"Eu caracterizaria a situação na América Latina como ainda em evolução, não atingiu seu pico. Deve resultar, provavelmente, em número sustentado de casos e morte contínua nas próximas semanas", declarou Ryan.

Questionado especificamente sobre quando o ápice da pandemia ocorreria no Brasil, ele respondeu que os picos são difíceis de prever, mas a altura e a duração deles depende de ações dos próprios governos e da sociedade.

"O que você faz afeta o pico: afeta a altura do pico, afeta a duração do pico. E afeta a trajetória de descida [do número de casos]. Tem tudo a ver com a intervenção do governo para responder, com a cooperação da comunidade com a intervenção e com a capacidade de atuação dos sistemas de saúde", respondeu o diretor de emergências.

Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), explica

 "O vírus não age sozinho, o vírus explora uma vigilância fraca. O vírus explora os sistemas de saúde fracos. O vírus explora a má governança. O vírus explora falta de educação, falta de empoderamento das comunidades. Essas são as coisas que precisamos abordar", enfatizou.

"Essa é a realidade dessa pandemia. Não há respostas mágicas, não existem feitiços aqui. Não podemos usar adivinhação para acabar com isso. Temos que agir em todos os níveis, temos que usar os recursos à nossa disposição. E sabemos de muitos exemplos de países: olhem para os países que tomaram medidas, olhem para os países que contiveram e controlaram esta doença. E vocês encontrarão as respostas", declarou.

O levantamento do consórcio de veículos de imprensa, do qual o G1 faz parte, apontava às 13h desta quarta-feira mais de 1,1 milhão de casos e quase 53 mil mortes pela Covid-19 no Brasil. Os números estão entre os maiores do mundo, atrás apenas dos registrados nos Estados Unidos.

Aumento de casos

Segundo os dados mais recentes da OMS, entre a última terça-feira (16) e a desta semana (23), houve um aumento de 15% nos casos e de 10% nas mortes registradas no continente americano. Para o mundo, esse aumento foi de 13% nos casos e 8% nas mortes.

Para o Brasil, o aumento foi de 25% no número de casos no mesmo período; nas mortes, houve crescimento de 17%.

Nos Estados Unidos, único país com mais casos e mortes que o Brasil, o aumento percentual foi de 9% nos casos e 3,7% nas mortes.

A OMS já havia sinalizado, há um mês, que a América do Sul havia se tornado o epicentro da pandemia, e que o Brasil era o país mais afetado.

O mesmo alerta foi reforçado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) na semana passada: especialistas da entidade afirmaram que não veem desaceleração dos casos no continente americano.

https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/06/24/pandemia-na-america-latina-ainda-nao-chegou-ao-pico-e-deve-resultar-em-mais-casos-e-mortes-continuas-nas-proximas-semanas-alerta-oms.ghtml