Gavião raro encontrado baleado passa por exames em Anápolis, GO
Fêmea adulta de 7,5 kg foi ferida por balas de chumbinho há quase um mês.
G1 GO, com informações da TV Anhanguera
O gavião rei encontrado ferido em uma fazenda de Cocalzinho, a 129 km de Goiânia, há cerca de três semanas, com ferimentos de bala de chumbinho na asa esquerda e na pata, foi levada de Goiânia, do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), ligado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para uma clínica veterinária em Anápolis. Nesse local, a ave rara, que não era vista em Goiás há 40 anos, foi submetida a exames de radiografia que mostraram onde as balas foram alojadas.
O animal da espécie Harpia harpyja é considerado uma das aves mais belas da América Latina. Embora tenha sido encontrada no cerrado, a Mata Atlântica é o seu habitat natural mais frequente. Os veterinários estão intrigados para saber como ela veio parar em Goiás. “Em se tratando de uma ave de rapina, que está em extinção, encontrá-la no Centro-Oeste para mim é uma surpresa”, comenta o veterinário Stiwens Roberto Trevisan.
O tamanho da ave chamou a atenção dos veterinários. Ela tem quase um metro de altura, dois metros de envergadura de asas – de uma ponta a outra das asas –, e uma das garras pode chegar a sete centímetros. Foram necessários quatro homens para imobilizá-la e levá-la até o centro cirúrgico.
Parceria
Segundo o coordenador do Cetas Ibama, o biólogo Luiz Alfredo Lopes Baptista, o deslocamento para a clínica veterinária em Anápolis se deve ao fato de a unidade pertencer a uma faculdade parceira, que realiza exames gratuitos em animais atendidos pelo Ibama. Depois da avaliação, a harpia foi conduzida de volta ao Cetas.
O coordenador do centro explicou aoG1 que, embora os projéteis continuem alojados no corpo do animal, talvez não seja necessário fazer uma cirurgia para retirá-los. “A retirada do chumbinho está condicionada à necessidade de soldar a fratura. Se a fratura se consolidar bem, naturalmente, a intervenção não será feita. Se não atrapalhar, não vão tirar, pois pode ser delicado operar ave desse porte”, declara.
O caso do gavião rei está sendo avaliado por veterinários em Goiás, que estão em contato com profissionais de todo o país. A decisão sobre a realização da cirurgia deverá ser tomada até o final da próxima semana. “Ela não corre risco de morte. Está bem, mas o nosso objetivo é reabilitá-la para voltar à natureza”, ressalta Luiz Alfredo.
O coordenador do Cetas conta que um grupo de pesquisadores já está se organizando para procurar mais aves da espécie na região. ”Para nós, é muito bom. Quer dizer que um animal que tem uma ocorrência original aqui, que não se via há muito tempo, voltou a se estabelecer. Agora, a gente tem que entender porque, como, se ela estava migrando, ou não estava, se ela estava estabelecida. Esse é o alvo da nossa pesquisa”, declara.
Do lado de fora da sala, estudantes assistiram e registraram cada minuto da ave rara na clínica. “Não tem explicação. É uma coisa única na nossa vida”, fala a estudante de veterinária Caren Otoni.
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