Emendas de deputado beneficiam assessor

Brasília Uma parte do dinheiro das emendas orçamentárias do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), foi parar numa empresa de um assessor do gabinete do próprio deputado. Aluizio Dutra de Almeida trabalha com Alves na Câmara desde 1998, é tesoureiro do PMDB regional em Natal, presidido pelo deputado, e sócio da Bonacci Engenharia e Comércio Ltda. As informações são da Folha de S. Paulo.

Deputado há 42 anos, o líder do PMDB é o candidato favorito para assumir a presidência da Câmara na eleição de fevereiro. Tem o apoio da base do governo, da presidente Dilma Rousseff e de partidos da oposição.

A reportagem identificou pelo menos três prefeituras do Rio Grande do Norte que contrataram a empresa do assessor de Alves nos últimos anos com recursos da cota do deputado no Orçamento da União.

Na época da contratação, os prefeitos dessas cidades eram do PMDB. Em 2009, por exemplo, o líder do PMDB destinou R$ 200 mil de suas emendas para a construção da praça da Criança na cidade de Campo Grande, a 265 km de Natal.

Por escrito, ele pediu a liberação do dinheiro ao Ministério do Turismo, conforme ofício obtido pela reportagem. O convênio foi assinado e, no ano seguinte, a prefeitura usou o recurso para contratar a Bonacci Engenharia, do assessor de Henrique Alves.

O prefeito Bibi de Nenca também é do PMDB. Do total do contrato, R$ 175 mil foram liberados pelo Ministério do Turismo nas gestões de Pedro Novais e Gastão Vieira, ministros indicados à Dilma pelo próprio Alves.

Também por meio de emendas do líder do PMDB, desta vez no Ministério das Cidades, os municípios de São Gonçalo do Amarante e Brejinho contrataram a Bonacci para obras.

A Prefeitura de São Gonçalo fez um contrato de R$ 192 mil com a empresa do assessor de Alves. Na época, o prefeito, Jarbas Cavalcanti, era do PMDB.

Para o mesmo tipo de serviço a Prefeitura de Brejinhos gastou R$ 137 mil com a Bonacci, num contrato assinado pelo prefeito João Batista Gonçalves, outro membro do PMDB.

Outro lado

O deputado Henrique Eduardo Alves não quis dar entrevista. Por meio da assessoria, negou a irregularidade e disse que só acompanha o processo político na indicação das emendas.

Aluizio Dutra de Almeida afirmou que não há conflito de interesse em ter uma empresa que recebe recursos de emendas do próprio chefe. Ele, que tem 50% do capital da empresa, afirmou que não é "gerente" dela.