Mais dois executivos fecham delação premiada sobre a Operação Lava Jato
Dalton Avancini e Eduardo Leite são presidente e vice da Camargo Corrêa.
Ambos estão presos na PF, em Curitiba, desde novembro de 2014. Adriana Justi e Bibiana DionísioDo G1 PR Mais dois executivos, suspeitos de envolvimento no esquema bilionário de corrupção e desvio de dinheiro na Petrobras, firmaram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) na sexta-feira (27). Dalton Avancini, presidente da Camargo Corrêa, e Eduardo Leite, vice-presidente da empresa, irão colaborar com as investigações da Operação Lava Jato passando informações sobre o funcionamento do esquema e a participação de suspeitos em troca de benefícios, como redução de pena, em caso de condenação. Ao todo, 15 investigados já fizeram acordo de delação premiada da Operação. Até este sábado (28), não havia data marcada para o início dos depoimentos. A Camargo Corrêa é uma das empresas citadas na sétima fase da Operação Lava Jato, que teve como alvo executivos e funcionários de empresas com contratos com a Petrobras. A empreiteira é suspeita de integrar o chamado "clube" que, por meio de um cartel, manipulava licitações da estatal em troca de propina paga a diretores e partidos políticos, como PP, PT e PMDB. Dalton Avancini e Eduardo Leite estão presos na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, desde novembro de 2014, ao lado de João Ricardo Auler, presidente do Conselho Administrativo da Camargo Corrêa e de outros executivos das empresas investigadas. O acordo de delação premiada foi firmado no mesmo dia em que a Justiça Federal (JF) realizou audiência com as testemunhas de defesa dos executivos – todos funcionários da Camargo Corrêa. As audiências As testemunhas negaram que Dalton Avancini e João Ricardo Auler tivessem ingerência sobre contratos celebrados pelos setores operacionais da empresa, como na assinatura de contratos de consultoria, fornecimento de materiais ou prestação de serviços. Segundo as testemunhas, as assinaturas de diretores, quando constavam, se tratavam de mera formalidade. O MPF interrogou as testemunhas sobre quem eram os responsáveis por tratar de contratos junto à Petrobras. Os funcionários relataram que poderiam ser tanto membros da diretoria de Óleo e Gás, quanto da diretoria Comercial. Negaram, ainda, conhecer relações da empresa Sanko Sider ou da Costa Global, que também aparecem nas investigações da Lava Jato. Já o juiz Sergio Moro, responsável pelas ações penais oriundas da Operação Lava Jato, em primeira instância, questionou o diretor de Recursos Humanos da empresa, Enes Vilala Marques Faria, sobre a política para pagamento de propina a agentes públicos. “Existe um código de conduta que diz expressamente que isso não pode ser feito”, respondeu Enes Faria. Após as audiências com oitivas das testemunhas de acusação, o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que representa Eduarlo Leite, disse que o cliente não tem envolvimento algum com pagamento de propina e que o único papel Leite na Camargo Corrêa era o de “representação na execução de alguns contratos”, apenas cumprindo “ordens superiores”. Os advogados advogados dos executivos avaliaram que, na audiência com testemunhas de acusação, a denúncia de cartel não se confirmou. Acusações Segundo a denúncia do MPF, a Camargo Corrêa fazia parte do "clube" de empreiteiras que sistematicamente, e em acordo prévio, frustravam licitações de grande obras da Petrobras. Segundo o MPF, as empresas ajustavam previamente qual delas iria sagrar-se vencedora das licitações, manipulando os preços apresentados no certame. O cartel, segundo a denúncia, era viabilizado através da corrupção de diretores da estatal. Já a lavagem do dinheiro oriundo dos pagamentos irregulares ficava por conta do doleiro Alberto Youssef, dentre outros. A dissimulação e ocultação do dinheiro, conforme a denúncia, por vezes acontecia com subcontratações de outras empresas, como a Snko-Sider. Dentre as operações investigadas - ocorridas entre 2006 e 2014, a Camargo Corrêa saiu vencedora das licitações para obras na Refinaria Getúlio Vargas (Repar) e à Refinaria Abreu e Lima. Conforme a acusação, os dirigentes das empreiteiras destinaram cerca de 1% sobre o valor de contratos para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras. Parte do dinheiro foi paga no período em que a diretoria era comandada por Paulo Roberto Costa, e outro montante após a saída dele, através de simulação de contrato de consultoria com a empresa Costa Global. O núcleo da lavagem do dinheiro, de acordo com a denúncia, era comandado por Youssef e composto ainda por Jayme Alves de Oliveira Filho e Adarico Negromonte Filho - responsáveis pelo transporte do dinheiro - e Waldomiro de Oliveira. Os valores costumavam ser sacados em espécie e entregues aos destinatários em mãos, para evitar rastreamento.
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