Horácio Carlos Ferreira Barbosa confessou crime e disse que marido e sogro de Elizamar da Silva, de 39 anos, foram mandantes. Oito pessoas da mesma família desapareceram; polícia encontrou sete corpos ainda não identificados.

Por Walder Galvão, g1 DF

Suspeito pelo desaparecimento de família no DF dá detalhes sobre crime à polícia

Um dos suspeitos pelo desaparecimento de oito pessoas da mesma família no Distrito Federal, Horácio Carlos Ferreira Barbosa confessou o crime e deu detalhes sobre o caso. Um vídeo obtido pelo g1 mostra o momento em que o homem presta depoimento na delegacia, na terça (17), e dá detalhes sobre a morte da cabelereira Elizamar da Silva, de 39 anos, e dos filhos dela. Assista acima.

No depoimento, Horácio conta que Thiago Gabriel Belchior de Oliveira, marido da cabeleireira, e Marcos Antônio Lopes de Oliveira, sogro de Elizamar, foram os mandantes.

No entanto, os investigadores também trabalham com a possibilidade de os dois homens, que estão desaparecidos, possam ter sido vítimas. Até o momento, sete corpos foram encontrados.

Aos policiais, Horácio disse que foi contratado por Thiago para "dar um susto" em Elizamar. Ele contou que no dia 12 de janeiro estava na chácara da família, na região do Paranoá, junto com Thiago (marido da cabeleireira) e Gideon Batista de Menezes, também preso pela polícia.

Segundo Horácio, Thiago ligou para a esposa e pediu para que ela fosse ao local. Quando a mulher chegou, os três homens, que estavam com o rosto coberto, anunciaram um assalto.

No entanto, de acordo com o suspeito, eles não esperavam que os três filhos de Elizamar e Thiago estivessem com ela no carro – os gêmeos Rafael e Rafaela, de 6 anos, e Gabriel, de 7 anos.

"Colocamos uma venda nela, para que ela não reconhecesse a gente. A intenção era dar um susto mesmo", afirmou.

Detalhes da abordagem

Segundo o depoimento de Horácio, a mulher foi colocada com os pés amarrados e vendada no banco de trás do carro, enquanto as crianças foram "soltas" no banco.

"A gente pediu para elas se comportarem, que a gente ia dar um passeio", contou o suspeito.

O homem disse aos policiais que "situação saiu do controle" porque Elizamar "infartou na hora".

"Ficamos sem saber o que fazer", disse.

Segundo Horácio, Thiago entrou em contato com o pai, Marcos Antônio, já que não tinha como socorrer a mulher. Marcos Antônio teria orientado o filho, que depois disse aos dois presos que seria necessário executar as crianças.

"O Thiago enforcou o mais velho, o Gideon enforcou um dos gêmeos, e eu o outro", contou Horácio.

De acordo com o suspeito, Elizamar não respondia mais, já que teria infartado. Após matar as quatro pessoas, os homens atearam fogo no veículo.

Sequestro e assassinato

As outras supostas vítimas assassinadas neste caso são Renata Juliene Belchior, de 52 anos, mãe de Thiago e sogra de Elizamar, e Gabriela Belchior Oliveira, de 25 anos, cunhada da cabelereira e irmã de Thiago.

De acordo com o depoimento de Horácio, ele, Gideon, Marcos Antônio e o próprio Thiago sequestraram as mulheres, as mantiveram por cinco dias em um cativeiro e as assassinaram da mesma forma que Elizamar e os filhos.

Marcos Antônio era marido de Renata Juliene e pai de Gabriela. Segundo a investigação, Renata tinha vendido uma casa na região de Santa Maria por R$ 400 mil, e a ideia de Marcos era matá-la para ficar com o dinheiro e fugir com a amante.

Já a cabeleireira Elizamar teria, segundo a polícia, R$ 100 mil de um empréstimo para investir em seu salão de beleza.

De acordo com o delegado, após manter mãe e filha em cárcere privado, os suspeitos não conseguiram o dinheiro e as levaram de carro para Unaí (MG), onde asfixiaram e mataram as vítimas que eram mãe, esposa e irmã dos mandantes.

De acordo com o investigador, o depoimento de Horácio foi "robusto", mas todas as informações ainda vão ser confirmadas pelos policiais.

Como uma das provas, o delegado afirma que há imagens que mostram Gideon comprando gasolina em Cristalina (GO) para atear fogo no carro de Elizamar.