Lula reúne Tarcísio e Nunes no Planalto para assinatura de financiamento de obras em São Paulo
O BNDES acertou o financiamento de R$ 10,65 bilhões para obras da linha 2 do metrô da capital
Por Guilherme Mazui, g1 — Brasília 29/11/2024
Evento no Palácio do Planalto de obras de mobilidade para São Paulo. — Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência da República
BNDES financiará R$ 10,65 bilhões para projetos de ônibus elétricos, trem intercidades, trecho norte do Rodoanel, Linha Verde do Metrô. Governador e prefeito são aliados de Bolsonaro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu nesta sexta-feira (28), no Palácio do Planalto, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para assinatura de contratos de financiamento de obras de infraestrutura e mobilidade urbana.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acertou o financiamento de R$ 10,65 bilhões para obras da linha 2 do metrô da capital, trecho norte do Rodoanel, trem intercidades entre São Paulo e Campinas e compra de ônibus elétricos.
A cerimônia levou ao Planalto dois aliados políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Lula nas eleições de 2022. Tarcísio foi ministro de Bolsonaro e lançado por ele como candidato ao governo paulista.
Tarcísio, que tem sido cotado para disputar a Presidência em 2026 em razão da inelegibilidade de Bolsonaro, foi o principal cabo eleitoral de Nunes na campanha que o reelegeu prefeito de São Paulo neste ano.
Na ocasião, Bolsonaro apoiou Nunes, mas não se empenhou na campanha. Lula, por sua vez, trabalhou para tentar eleger Guilherme Boulos (Psol), derrotado no segundo turno por Nunes.
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Financiamentos
Os projetos que serão financiadas pelo BNDES estão na carteira de projetos do Novo PAC, o programa de infraestrutura do governo federal.
O BNDES financiará R$ 6,4 bilhões dos R$ 14,5 bilhões previstos pelo governo paulista na obra do eixo norte do trem intercidades, que conectará São Paulo a Campinas. Segundo o governo federal, o empréstimo foi dividido em duas etapas, sendo a primeira, assinada nesta sexta, no valor de R$ 3,2 bilhões.
O BNDES também financiará R$ 1,35 bilhão para melhorias no trecho norte do Rodoanel, cujo leilão da parceria público-privada (PPP) foi realizado em março. O contrato, conforme o governo federal, prevê ações de mitigação de impactos ambientais, com a construção de 14 passagens de fauna.
Outro projeto que terá apoio do BNDES é a Linha 2 Verde do Metrô de São Paulo, que será prolongada em 8,2 quilômetros, com previsão de conclusão das obras até dezembro de 2028.
Atualmente, a linha conecta Vila Madalena à Vila Prudente e terá oito novas estações até a Penha. A obra, segundo o governo federal, exigirá a compra de 44 novos trens, que terão de ser produzidos por empresas brasileiras. O financiamento do BNDES ao governo paulista é de R$ 3,6 bilhões para compra dos trens.
Presidente Lula; prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes; e governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. — Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência da República
O BNDES ainda firmou um contrato com a prefeitura de São Paulo no valor de R$ 2,5 bilhões para compra de 1,3 mil ônibus elétricos de fabricação nacional.
'Entes trabalhando juntos'
Lula não discursou durante o evento. Já o vice-presidente Geraldo Alckmin, comemorou a queda da taxa de desemprego no trimestre terminado em outubro da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgado nesta sexta.
"Uma ótima notícia, o menor desemprego da série histórica, 6,2%. Essas coisas não acontecem por geração espontânea, por acaso. É fruto de trabalho, de boas políticas públicas. E tem tudo a ver com esse nosso encontro de hoje", afirmou Alckmin.
O vice-presidente também ressaltou a importância do trabalho em conjunto e do respeito à democracia.
"Quero aqui começar celebrando a democracia, como é bonita. Passadas as eleições, os entes trabalhando junto para alcançar o interesse público, o bem comum", completou o vice-presidente.
Nesse mesmo contexto, Alckmin citou um fato de quando era prefeito, na época da ditadura militar, em que só podiam cumprimentar o presidente da ocasião, que estava no local, aqueles que fossem do mesmo partido dele.
Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante frisou o compromisso de Lula com o "pacto republicano" e o respeito às eleições para viabilizar a parceria com prefeitura e governo estadual. Sem citar Bolsonaro, Mercadante mencionou o plano de golpe de Estado atribuído ao ex-presidente pela Polícia Federal.
"Isso aqui só é possível porque o senhor, além de ser um grande democrata, tem um profundo compromisso com o pacto republicano. Não é fácil que um presidente e um vice-presidente que foram ameaçados de morte, de um golpe de Estado, de tudo que assistimos recentemente, manter a mesma atitude de compromisso ao respeito ao voto popular com quem é eleito", disse Mercadante.
O ministro da Casa Civil discursou em tom parecido e elogiou a postura de Lula diante das últimas notícias de tentativa de golpe de Estado.
"O senhor mostra, mais do que nunca, a figura de um estadista, que não se abala um milímetro mesmo com todas as informações e notícias que vieram à tona daqueles que tramaram um golpe de Estado. Chegaram a tramar algo que ninguém neste salão ou no país imaginava que poderia acontecer, que alguém teria coragem de tramar a captura, o sequestro, a morte de um ministro do Supremo Tribunal Federal, de um presidente da República eleito e de um vice-presidente da República eleito", lembrou.
Costa também citou o índice de desemprego e criticou pessoas que ele considera que "torcem contra o Brasil", chamadas por ele de "aves agourentas".
"É importante que todos os números positivos da economia brasileira sejam reafirmados para aqueles que torcem contra o Brasil, que moram fora do Brasil e vivem falando mal do Brasil, que, mesmo dirigindo instituições brasileiras, insistem em falar mal do Brasil por onde passam. O desemprego hoje alcança a marca história de 6,2% e continuará caindo", disse.
O governo tenta lidar com o reflexo negativo no mercado financeiro do anúncio do pacote de corte de gastos e do projeto de ampliar para R$ 5 mil a faixa de isenção do Imposto de Renda a partir de 2026. O dólar nesta sexta alcançou a cotação inédita de R$ 6,10.tação inédita de R$ 6,10.
Governador e prefeito
Tarcísio e Nunes não comentaram nos discursos o plano golpista atribuído a Bolsonaro e aliados, entre os quais generais do Exército.
O governador e o prefeito trataram dos impactos dos financiamentos contratados com o BNDES na qualidade de vida dos paulistas e paulistanos.
Nunes, que frisou a melhoria no conforto do usuário e o impacto ambiental que a compra de ônibus elétricos representará, defendeu que se repitam momentos de parceria entre os governos municipal, estadual e federal.
"Esse ato dá um sinal importante para o país — governador, federal, governo do Estado e prefeitura — com esse objetivo de olhar as pessoas", disse o prefeito.
Tarcísio elogiou o apoio para obras em rodovias, metrô e trens. Para o governador, está em criação a demanda para revigorar essa indústria no Brasil.
Tarcísio afirmou a Lula que a parceria com o governo federal, via BNDES, "não vai parar" porque espera novos acordos com ampliações de metrô e o túnel entre Santos e Guarujá.
"Isso mostra a relevância do Programa de Aceleração do Crescimento e a importância do papel do BNDES", disse o governador.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/11/29/lula-reune-tarcisio-e-nunes-no-planalto-para-assinatura-de-financiamento-de-obras-em-sao-paulo.ghtml
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