Toshiba pagou propina a PT e PP para obter obra no Comperj, diz Youssef
Doleiro afirmou que os partidos receberam 1% cada de contrato de R$ 117 mi.
Em nota, empresa negou 'totalmente' acusações; PT e PP também negam. Do G1, em Brasília O doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, afirmou em acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) que a Toshiba pagou propina ao PT e ao PP para assegurar a realização de uma obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) entre 2009 e 2010. Youssef está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde março do ano passado, após ter sido detido em meio à primeira fase da Lava Jato. O depoimento do doleiro foi prestado à PF em 25 de novembro de 2014 e anexado nesta quinta-feira (12) ao processo que investiga o esquema criminoso que atuava na Petrobras. Segundo o doleiro, a Toshiba participou de uma licitação para a construção da casa de força do Comperj, mas, quando perceberam que poderiam sair derrotados do processo, executivos da multinacional japonesa o procuraram para pedir que ele interviesse para assegurar a contratação. O negócio custou R$ 117 milhões à Petrobras, informou Youssef. Youssef relatou à PF que 1% do valor da obra foi para o PT e outro 1%, para o PP. De acordo com o doleiro, ele intermediou a parte destinada ao PP, e o tesoureiro petista João Vaccari Neto negociou a fatia que foi repassada ao PT. Alberto Youssef contou que tratou do suborno para facilitar a contratação da multinacional diretamente com o então presidente da Toshiba – que ele disse não recordar o nome – e com um diretor comercial chamado "Piva", que seria JosÉ Alberto Piva Campana. O doleiro destacou que os dois executivos da Toshiba se comprometeram a pagar a propina caso a empresa fosse contratada para a obra. No depoimento à Polícia Federal, o doleiro assegurou que a Toshiba fez transferências para as contas da MO Consultoria, empresa da qual ele era sócio, que somaram "pouco mais que R$ 400 mil", para quitar a parte devida ao PP. De acordo com Youssef, a cota do suborno do PT foi entregue a uma "emissária" de Vaccari, chamada Marice. Conforme o doleiro, a cota do PP no negócio foi dividida da seguinte forma: 60% para a direção do partido; 30% para Paulo Roberto Costa; 5% para João Cláudio Genu, então assessor da bancada do PP na Câmara; e 5% ficou para ele próprio. Em nota, a Toshiba negou "totalmente" as denúncias e afirmou que "todo e qualquer contrato com entidades publicas resultaram de processo licitatório regular, nos termos da legislação vigente." Também em nota publicada na página do PT no Facebook, a Secretaria de Finanças da legenda informou que João Vaccari Neto nega "veementemente" ter recebido qualquer quantia em dinheiro por parte de Alberto Youssef. No comunicado, o partido afirmou que são “absolutamente mentirosas” as acusações feitas pelo doleiro. Ao G1, o PP informou que só irá se manifestar após tomar conhecimento oficial dos depoimentos que envolvem a legenda e ressaltou estar à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. Em depoimento que prestou à Justiça Federal do Paraná em outubro, Paulo Roberto Costa já havia relatado que PT, PP e PMDB recebiam propinas oriundas de contratos da estatal com empreiteiras, o que os partidos negam. Leia abaixo as íntegra das notas divulgadas pela Toshiba, pela Secretaria de Finanças do PT e pelo PP: Toshiba "A Toshiba nega totalmente os fatos veiculados pela mídia, afirmando que todo e qualquer contrato com entidades publicas resultaram de processo licitatório regular, nos termos da legislação vigente. Portanto, considera caluniosa qualquer alegação de participação em cartel e pagamento de propina." PT “NOTA OFICIAL O secretário Nacional de Finanças do PT, João Vaccari Neto, nega veementemente que tenha recebido qualquer quantia em dinheiro por parte do senhor Alberto Youssef. Dessa forma, são absolutamente mentirosas as afirmações feitas por esse senhor, em processo de delação premiada, tanto no que concerne a uma suposta entrega de dinheiro para sua cunhada quanto em um suposto encontro em um restaurante. A afirmação de Youssef causa profunda estranheza, pois sua contadora, Meire Bonfim Poza, declarou à CPI Mista da Petrobras, no último dia 8 de outubro, que não conhece e que nunca fez transações financeiras com Vaccari Neto. Essa secretaria reitera que todas as doações que o Partido dos Trabalhadores recebe são feitas na forma da lei e declaradas à Justiça. Secretaria de Finanças do PT" PP "O Partido Progressista somente poderá se posicionar após tomar conhecimento oficial sobre os depoimentos que envolvem a legenda. Entretanto, está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações"
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