BRINQUEDOS: Exposições resgatam infâncias e memórias
No mês em que é comemorado o Dia da Criança, os brinquedos e jogos passam a dominar as vitrines das lojas e tornam-se o principal objeto de desejo de meninos e meninas em todo o Brasil. No entanto, numa época em que todas as atenções se voltam para os pequenos, duas exposições em Fortaleza tentam resgatar a infância de quem não é criança há algum tempo.
Para o organizador da mostra "Jogos e Brinquedos do Mundo", Marcos Teodorico, cada brinquedo tem um significado diferente conforme o contexto em que a criança vive, e há um abismo entre gerações
A mostra "Brinquedos de uma vida" reúne bonecas, jogos, carrinhos de controle remoto, bonecos de ação, ursinhos de pelúcia e outros brinquedos de diferentes décadas, que fazem parte da memória de muitos pais e avós de hoje. As bonecas Gui Gui e Susi, o Autorama, os soldados Falcon e o jogo Genius são alguns dos itens em exposição que marcaram a infância das crianças que viveram entre os anos 1960 e 1980.
Os olhares surpresos dos pequenos, para quem os velhos brinquedos são novidades, contrastam com a nostalgia de quem relembra como era bom brincar no passado.
Para os psicólogos Paulo Mendes e Milena Chaves, rever alguns desses brinquedos é uma forma de resgatar o espírito da infância. "Eu brincava muito com o Falcon, mas odiava o Genius. Ver isso aqui dá uma sensação de alegria, de reencontro. Nós ainda somos crianças", brinca Paulo.
O psicólogo acredita que as crianças mudaram com o passar das gerações, assim como os brinquedos. "Os brinquedos antigamente eram mais sensoriais, de pegar e mexer. Hoje, predomina a virtualidade", afirma ele.
O sentimento de nostalgia também contagia os visitantes da exposição "Jogos e Brinquedos do Mundo". A mostra conta com cerca 900 peças, entre jogos, brinquedos e materiais lúdicos. Há desde os mais tradicionais, como damas, peões e bolas de gude, aos mais modernos, a exemplo do Monopoly, o conhecido Banco Imobiliário.
Além destes, também integram o acervo da exposição as formas de brincar populares de outras culturas, como os jogos Mancala e Bezette, de origem africana, e miniaturas de carros produzidas na Espanha. Tudo isso pode ser conferido ao som de músicas dos grupos Trem da Alegria e Turma do Balão Mágico, clássicos dos anos 1980.
O pequeno Pedro, de seis anos, se divertia jogando xadrez e observando um antigo autorama, enquanto a mãe, a psicóloga Camila Magalhães, reconhecia alguns dos brinquedos que marcaram seus tempos de menina. "Eu era uma criança muito feliz e quem teve uma infância boa não consegue sair dela", diz.
Importância
Segundo o professor Marcos Teodorico, coordenador do Museu da Infância e do Brinquedo (MIB) da Universidade Federal do Ceará (UFC), e também organizador da mostra "Jogos e Brinquedos do Mundo", as formas de brincar mudam de geração para geração e de cultura para cultura. Cada brinquedo tem um significado diferente de acordo com o contexto em que a criança vive.
"Há um grande abismo entre as gerações de ontem e hoje. A exposição consegue resgatar e reviver a memória dos nossos avós", destaca Teodorico.
Para ele, as crianças de hoje, mais conectadas às tecnologias, precisam ser estimuladas a interagir com os brinquedos tradicionais e brincadeiras antigas ou podem restringir seu universo lúdico ao computador. "O interesse das crianças vai ser motivado dentro da proposta apresentada pela família, pela escola. Se a gente oferecer oportunidades, com certeza, elas vão ter um repertório muito mais rico", diz.
Mais informações
Exposição "Brinquedos de uma vida". Até 15 de outubro, no Shopping Iguatemi. Visitação todos os dias, das 10h às 22h. Gratuita.
Exposição "Jogos e Brinquedos do Mundo". Até o dia 31 de outubro, no Shopping Benfica. Visitação de segunda-feira a sábado, das 12h às 22h. Gratuita.
THAYS LAVOR
REPÓRTER
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