Sonda da ESA faz sobrevoo por lua de Marte e registra imagens inéditas

A missão Hera se moveu a uma velocidade de 9 km/s em relação a Marte

Missão Hera tem como destino o asteroide Dimorphos, o primeiro a ter sua órbita desviada por ação humana. Mas, enquanto não chega lá, fez registros impressionante de uma das luas de Marte

Por Redação Galileu - 14/03/2025 

Missão Hera fotografou Deimos, uma das luas de Marte, e tem como destino asteroide desviado em 2022 — Foto: ESA 

Câmera de Enquadramento de Asteroides, a bordo da missão Hera, flagra imagens em preto e branco — Foto: ESA 

Câmera Térmica Infravermelha à bordo da missão Hera flagrou Marte e sua lua menor — Foto: ESA

A missão Hera, da ESA (Agência Espacial Europeia), fez imagens inéditas de Deimos, a menor das duas luas de Marte, durante um sobrevoo na última quarta-feira (12).

Lançada em outubro de 2024, a missão Hera tem como objetivo visitar Dimorphos, o primei-ro asteroide que teve a sua órbita alterada artificialmente, por ação humana. O asteroide foi desviado pela missão DART em 2022 - um "treino" para preparar a humanidade para tirar dar rota da Terra asteroides que possam passar perto demais de nosso planeta. 

Ativando um trio de instrumentos que carrega à bordo, Hera fotografou a superfície do planeta vermelho, bem como a face de Deimos. Você pode ver o resultado do sobrevoo no GIF abaixo:

A missão Hera se moveu a uma velocidade de 9 km/s em relação a Marte, e foi capaz de obter imagens de Deimos a uma distância de até 1000 km. E fez tudo isso economizando combustível, diga-se: ao chegar a 5000 km de Marte, a gravidade do planeta mudou a trajetória da nave espa-cial. A manobra encurtou o tempo de viagem de Hera em muitos meses, economizou uma quanti-dade substancial de combustível.

Três instrumentos à bordo da espaçonave Hera permitiram o sobrevoo:

- A Câmera de Enquadramento de Asteroides, que flagrou a imagem em preto e branco que você vê abaixo.

- O gerador de imagens hiperespectrais Hyperscout H, que é capaz de observar em uma gama de cores além dos limites do olho humano. Com 25 bandas espectrais no espectro visível e infravermelhas próximo, pode ajudar a caracterizar a composição mineral de rochas espaciais.

- Câmera Térmica Infravermelha, fornecido pela Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA). Ela consegue gerar imagens em comprimentos de onda do infravermelho médio para mapear a temperatura da superfície. Essa característica permite analisar propriedades físicas como rugosidade, distribuição do tamanho das partículas e porosidade. É algo como você vê na foto abaixo:

“Esses instrumentos já foram testados antes, mas esta é a primeira vez que os empregamos em uma pequena lua distante, sobre a qual ainda não temos conhecimento – demonstrando seu excelente desempenho no processo”, disse Michael Kueppers, cientista da missão Hera, em comunicado.

“Existem outros instrumentos à bordo da Hera, que utilizaremos quando chegarmos aos asteroides Deimos e Dimorphos", completou Kueppers. "Eles [ainda] não foram ativados porque ou não são utilizáveis em tão longo alcance e em velocidades rápidas ou porque estão hospedados a bordo do par de CubeSats da Hera, que só serão implantados nos asteroides". CubeSats são pequenos satélites em formato de cubo usado para comunicações em missões no espaço sideral.

A ideia é que a missão Hera chegue ao pequeno asteroide Dimorphos (apenas 151 m de diâmetro) e ao asteroide maior que ele orbita, Didymos (que tem 780 m de diâmetro) daqui a pouco mais de dois anos.

A primeira manobra de ajuste de rota deve acontecer em fevereiro de 2025. Depois, virão uma série de manobras para fazer o encontro com o asteroide até outubro de 2026 - quando a nave Hera ajustará seu rumo para atingir o sistema Didymos em dezembro daquele ano.

https://revistagalileu.globo.com/ciencia/espaco/noticia/2025/03/sonda-da-esa-faz-sobrevoo-por-lua-de-marte-e-registra-imagens-ineditas.ghtml