Europa supera Ásia em saldo de mortos pelo novo coronavírus

Situação da doença na Itália atinge momento crítico com 475 mortes no intervalo de 24 horas. OMS declara doença como "inimigo da humanidade"

Em Kiev, capital da Ucrânia, ônibus turístico é decorado com máscara - Foto: AFP

Por Redação

O registro oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontava, nesta quarta-feira, um total acumulado de 207.860 pacientes infectados. O número engloba dados de 166 países, áreas e territórios. Quase 210 mil pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus no mundo, e, nesta quarta-feira, a Europa superou a Ásia em número de mortos pela pandemia.

A Itália, que superou a China como foco da preocupação mundial, anunciou 475 mortos no intervalo de 24 horas. Nunca, desde que a epidemia começou a se expandir na China, no fim de dezembro, um país havia registrado um número de mortos tão alto em um único dia.

O novo coronavírus é um "inimigo da humanidade", mas, ao mesmo tempo, "uma ocasião para nos unirmos", disse o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus. Todos os países devem "detectar, isolar e seguir a pista" da doença, que é muito mais contagiosa do que uma gripe. Nenhuma região está a salvo, e continentes como a África devem "acordar", afirmou.

Medidas drásticas

A Europa já registra 4.112 mortos, frente aos 3.384 da Ásia. Em todo o mundo, a pandemia já matou cerca de 9 mil pessoas e infectou mais de 209.500. A onda de medidas drásticas só aumenta. Israel proibiu a entrada de estrangeiros e confinou os Territórios Palestinos. O Peru decretou toque de recolher noturno.

"Se as pessoas ajudarem, poderemos controlar a situação. Se não, cabe esperar que ela se prolongue por mais de dois meses", advertiu o vice-ministro da Saúde do Irã, Alireza Raisi, cujo país superou a barreira de mil mortos e mais de 17 mil infectados.

O presidente americano, Donald Trump, declarou-se "presidente em tempos de guerra" e anunciou o fechamento da fronteira com o Canadá por 30 dias e novas medidas econômicas, em plena crise de pânico nos mercados.

A Unesco apontou que metade dos estudantes do mundo, ou seja, mais de 850 milhões de crianças e jovens, estão sem aula. A pandemia levou ao fechamento de escolas e universidades em 102 países.

Autoridades da França, Espanha e Itália só permitem aos cidadãos sair de casa para comprar comida ou medicamentos, ir ao médico ou trabalhar. Qualquer tentativa de burlar o confinamento pode ser punida com multa. O controle policial aumentou nas ruas de Paris, no segundo dia de confinamento.

Na Espanha, 4º país mais afetado, com mais de 13,7 mil casos confirmados e 598 mortes, o chefe de Governo, Pedro Sánchez, advertiu que "o mais duro está por vir". Já o Governo britânico pediu "poderes extraordinários" ao parlamento e fechou escolas.

Na América Latina, aonde o vírus demorou a chegar, mas avança, com mais de 1,3 mil infectados e 10 mortes, o Chile, que registra cerca de 200 casos, decretou "estado de catástrofe". Colômbia e Bolívia anunciaram emergência sanitária. Na Argentina, os voos domésticos, ônibus e trens de longa distância ficarão parados por cinco dias, para evitar a circulação de turistas. Cuba anunciou o primeiro caso.

China volta à vida

Enquanto a Europa vive o momento mais difícil da pandemia, na China o pior parece ter ficado para trás e a vida retoma a normalidade aos poucos. Autoridades sanitárias do país deram conta nesta quarta-feira de um novo contágio local e 12 casos importados. Há um mês, a China registrava milhares de infectados por dia.

"Durante a epidemia, todo mundo tinha muito medo. Agora, cabe relaxar", comenta Wang Huixian, 57, que participou de uma aula de dança ao ar livre em Pequim onde a distância entre os alunos era de três metros.

Em Xangai, coração econômico da China, cafés e algumas atrações turísticas da cidade já reabriram

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