Combates recomeçam na segunda maior cidade da Síria
No sábado, 168 pessoas morreram: 94 civis, 33 rebeldes e 41 soldados.
Do G1, com informações de agências
Os combates foram retomados neste domingo (30) em Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, onde os rebeldes que lutam contra o regime de Bashar al-Assad permanecem entrincheirados em alguns bairros, em uma tentativa de resistir à ofensiva do exército.
Pelo menos quatro pessoas morreram na Síria neste domingo, segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). No sábado (29), 168 pessoas morreram: 94 civis, 33 rebeldes e 41 soldados.
"Os confrontos prosseguem neste domingo, sobretudo nos bairros de Bab al-Khadid, Zahraa e Arkuba", afirma um comunicado do OSDH, que também relata explosões e a presença de aviões das Forças Armadas na cidade, que fica 355 km ao norte de Damasco.
Os insurgentes conseguiram deter no sábado os primeiros ataques do Exército no bairro de Salahedin, um reduto rebelde.
Os opositores tentaram tomar o controle de uma delegacia no bairro de Salhin, localizada em um cruzamento estratégico, que teria permitido unir Salahedin ao bairro de Sahur, também sob controle insurgente, para unir suas forças.
Os combates pararam por alguns momentos na tarde de sábado após o ataque das tropas sírias contra os bairros rebeldes desta cidade de 2,5 milhões de habitantes e considerada vital para as duas partes no conflito. As tropas oficiais bombardearam e metralharam, com o uso de helicópteros, as áreas insurgentes.
A frente de Aleppo foi aberta em 20 de julho e o Exército iniciou a ofensiva depois de receber reforços.
Resto do país
Os confrontos prosseguem em outros pontos do país. Na cidade de Homs, perto do quartel-general da polícia, um rebelde morreu, segundo o OSDH.
Na localidade de Irbin, na região de Damasco, um civil foi morto a tiros. Dois civis morreram em confrontos em Idleb (noroeste).
Segundo o OSDH, pelo menos 20 mil pessoas, incluindo 14 mil civis, morreram na Síria desde o início dos protestos contra o regime de Assad, em março de 2011.
No sábado, Abdel Baset Sayda, presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal coalizão da oposição, pediu aos países "irmãos" e "amigos" que forneçam armas aos membros do Exército Sírio Livre (ESL), formado por desertores e civis.
Ofensiva em Aleppo
As tropas do presidente Bashar Al Assad lançaram neste sábado (28) uma ofensiva contra bairros controlados por rebeldes na cidade de Aleppo, usando tanques, artilharia e helicópteros. Contudo, por enquanto, não conseguiram controlar essas áreas, segundo ativistas ouvidos pela agência Associated Press.
Um desses ativistas, Mohammed Saeed, disse que rebeldes conseguiram repelir os tanques do exército com lança-granadas. “O exército não conseguiu tomar nenhuma vizinhança ainda, tem gente demais do Exército Sírio Livre (grupo rebelde), disse Saeed.
Ele calcula que cerca de mil guerrilheiros chegaram em Aleppo nos últimos dias para enfrentar as forças governistas. Os combates tiveram uma pausa na noite de sábado na cidade. Mas o exército de Assad parecia manter bombardeios contra as posições rebeldes.
No sábado pela manhã, um dilúvio de fogo caiu sobre Aleppo, bombardeada e metralhada por helicópteros das forças do regime, que tenta controlar a capital econômica do país, devastado há mais de 16 meses por uma revolta popular que se militarizou ante a repressão.
Mais de 19.000 pessoas perderam a vida na Síria desde o começo da contestação ao governo, em março de 2011, informou à AFP o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que faz uma contagem diária dos mortos no país.Ao menos 29 pessoas - dez soldados, oito rebeldes e onze civis - morreram desde o início da ofensiva em Aleppo, segundo o OSDH.
O bairro Salaheddine, em Aleppo, que "conta com o maior número de rebeldes", segundo Rami Abdel Rahman, presidente do OSDH, era neste sábado o principal alvo da grande ofensiva lançada pelo exército.
"O fato de os soldados não continuarem avançando em Salaheddine não significa necessariamente uma retirada, pois a estratégia das forças regulares consiste em bombardear para provocar um êxodo e depois lançar um ataque ainda mais feroz", disse Rahman neste sábado à AFP ao anoitecer.
Comunidade internacional
A comunidade internacional demonstrou preocupação sobre a escalada da violência na cidade de cerca de 3 milhões de habitantes. O jornal governista “Al Watan” anunciava o ataque à cidade como “a mãe de todas as batalhas”. Os Estados Unidos evocaram a possibilidade de um novo "massacre" neste país, que já viveu 16 meses de violência.
"A escalada militar em Aleppo e arredores é mais uma evidência da necessidade de a comunidade internacional se unir para convencer as partes de que apenas uma transição política, levando a uma solução política, vai resolver esta crise”, disse Kofi Annan, que tem mediado uma negociação internacional sobre situação síria.
O presidente francês, François Hollande, pediu uma intervenção rápida do Conselho de Segurança, e chamou Moscou e Pequim para que levem em consideração que será o caos e a guerra civil na Síria caso Bashar al-Assad não seja contido.
O chefe da oposição síria no exílio pediu aos países "irmãos" e "amigos" que armem os rebeldes, destacando que o presidente Bashar al Assad deveria ser julgado pelas "matanças" de sírios, quando o exército regular lançava um ataque contra Alepo, segunda cidade da Síria.
"Esperamos dos irmãos e amigos um apoio ao Exército Sírio de Libertação (ESL), um apoio qualitativo. Queremos armas que nos permitam deter os blindados e aviões de combate" do exército regular, declarou Abdel Baset Sayda, presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal grupo opositor, em entrevista coletiva celebrada em Abu Dabi.
Contudo, a Rússia, aliada do regime sírio, disse que não era "realista" esperar que o regime de Damasco fique de braços cruzados enquanto os rebeldes ocupam Aleppo, capital econômica do país com 2,5 milhões de habitantes, conforme afirmou o ministro russo de Relações Exteriores, Serguei Lavrov, deixando em evidência uma vez mais as divergências com o Ocidente sobre a crise síria.
Ele informou neste sábado que Moscou vai manter os contatos com a oposição síria e que não tem a intenção de dar refúgio em seu território ao presidente Bashar al-Assad.
"Em breve, ainda manteremos alguns contatos previstos com" os opositores sírios, indicou Lavrov à imprensa, citado pelas agências de notícias russas. "Tanto na Rússia como no exterior, onde esses caras estão baseados, eles (membros da oposição síria) dizem que o que está acontecendo (na Síria) é uma revolução contra o regime", acrescentou o ministro.
"Nós explicamos que, se for uma revolução, eles não podem pedir que o Conselho de Segurança (da ONU) os apoie", disse, reiterando que esta não é a responsabilidade das Nações Unidas.
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