Beata italiana vai se tornar santa após Papa Francisco reconhecer milagre ocorrido no Brasil

No próximo domingo (20), o Vaticano vai realizar a cerimônia de canonização da beata italiana Elena Guerra

Túmulo da beata Elena Guerra em Lucca, na Itália. — Foto: Divulgação

Beata Elena Guerra — Foto: Reprodução/Redes sociais 

Padre William Eurípedes Garcia; Uberlândia — Foto: Reprodução / TV Integração

Paulo Gontijo — Foto: Reprodução / TV Integração

Por Betina Scaramussa, Valéria Almeida, Gabriel Reis, g1 Triângulo — Uberlândia - 18/10/2024 

Elena Guerra, a 'Apóstola do Espírito Santo', será canonizada no domingo (20), seis meses após o Vaticano decretar que a cura de um morador de Uberlândia, com traumatismo craniano e desenganado pelo médico, foi um milagre da professora que viveu na Itália entre 1835 e 1914.

No próximo domingo (20), o Vaticano vai realizar a cerimônia de canonização da beata italiana Elena Guerra. Conhecida como a 'Apóstola do Espírito Santo', um dos milagres que contribuíram para o processo de santificação de Elena aconteceu no Brasil, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. 

A história que culminou na publicação de um decreto pelo Papa Francisco no dia 13 de abril de 2024, reconhecendo o milagre atribuído à beata e abrindo caminho para ela se tornar santa, aconteceu em 2010. Na época, o enfermeiro que hoje é aposentado, Paulo Gontijo, tinha 49 anos e sofreu um grave traumatismo craniano e teve suspeita de morte encefálica depois de bater a cabeça ao cair de uma árvore de 6 metros de altura enquanto fazia uma poda.

Família religiosa já conhecia a beata

Muito católica, a família de Paulo já conhecia a religiosa e foi a cunhada, Marilda Fonseca que deu início à novena para a beata Elena Guerra junto de amigos pedindo a cura dele.

"Enquanto o Paulo estava no hospital, parentes e amigos vinham até nossa casa para rezar terços e rosários para Elena Guerra. Nós também começamos uma novena no hospital pedindo a intercessão da beata. Eu comecei a pedir para que ela pedisse a Jesus por um milagre surpreendente.", contou a esposa de Paulo, Maria Roseli.

Após 25 dias em coma no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), os médicos deram poucas chances de que Paulo iria sobreviver aos danos causados pela queda e, caso se salvasse, teria sequelas graves.

A família lembra que a situação de Paulo era tão grave que o caso dele passou a ser tratado dentro de um protocolo de morte encefálica. Assim, pediram ao pároco da igreja que frequentavam, William Eurípedes Garcia, para que Paulo recebesse a extrema unção - sacramento católico que consiste na unção do enfermo acompanhada de uma oração - na Unidade de Terapia Intensiva.

"Eu levei o sangue de Cristo, que é o vinho consagrado, com a intenção de pingar algumas gotas na língua dele, para que ele pudesse ter ali a presença de Cristo vivo e ressuscitado junto dele. Eu coloquei essas três gotas na língua do Paulo, onde ele abruptamente reagiu de maneira brusca ao tocar o sangue na língua, uma pessoa que já estava com o quadro de morte, ter esses movimentos bruscos foi surpreendente. Eu fui pego de surpresa com esse milagre que foi imediato", lembrou o padre.

"Quando pingou as gotas na minha boca eu abri o olho, quis levantar, deitei de novo. Aí, o doutor Milton mandou parar, falou 'Para tudo, o cérebro do Paulo está normal, volta do jeito que está'. Eu voltei e fui recuperando", recordou Paulo Gontijo.

Os médicos voltaram a encontrar atividade elétrica no cérebro de Paulo e onde esperavam sequelas gravíssimas, ficaram sequelas mínimas. Paulo teve alta do hospital no dia 30 de abril de 2010. 

Investigação do milagre pelo Vaticano

Após a investigação e reunião dos documentos, em 2013, a Diocese de Uberlândia encerrou o processo e encaminhou para Roma. Neste dia que encerrou as investigações no Brasil, os documentos foram lacrados e enviados para a Santa Sé, para a Congregação da Causa dos Santos.

Na sessão solene de clausura - que é uma fase do inquérito de canonização - foram apresentadas duas cópias autenticadas do processo referente ao suposto milagre.

Durante a fase de investigação do milagre, um representante da Igreja Católica foi enviado à Uberlândia para recolher documentos e pedir que novos exames fossem feitos em Paulo.

Vários encontros foram realizados na Itália ao longo desses anos com representantes da igreja, e após mais de 10 anos, o Papa Francisco promulgou o decreto que reconheceu o milagre da beata no Brasil.

Quem é Elena Guerra

Ela, que nasceu na Itália em 1835 e faleceu em 1914, aos 79 anos, foi professora, fundadora da Congregação Oblatas do Espírito Santo e era conhecida também como uma pessoa muito caridosa.

Elena Guerra tinha um amor incondicional pelo Espírito Santo e queria espalhar essa devoção, tanto que escreveu 13 cartas ao papa da época, pedindo a ele que reforçasse com os cristãos a importância de rezar a novena pedindo os 7 dons.

Em 1959, quando Elena foi beatificada, recebeu o título de Apóstolo do Espírito Santo.

https://g1.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2024/10/18/beata-italiana-vai-se-tornar-santa-apos-papa-francisco-reconhecer-milagre-ocorrido-no-brasil.ghtml