Patrocinadores pressionam Santos para desistir da contratação de Robinho

Contratação está complicada, patrocinadores do clube rejeitam aquisição do jogador

Jogador foi condenado em primeira instância na Itália pelo estupro de uma mulher. Ele aguarda recurso em segunda instância. Marcas cobram atitude imediata do clube sobre contratação

Por Martin Fernandez e Rodrigo Capelo — São Paulo

Robinho, do Santos — Foto: Ivan Storti/Santos FC

Seleção discute contratação de Robinho pelo Santos e gravações de conversas de jogador

Após o ge publicar reportagem com detalhes da sentença de Robinho pelo estupro coletivo de uma mulher, nesta sexta-feira, patrocinadores cobram do Santos a desistência da contratação do jogador.

O blog conversou com representantes de três patrocinadoras até o fechamento deste texto. Ambos contam que as empresas estão em contato e têm agido de maneira uniforme na cobrança ao clube.

Caso o Santos prossiga com a contratação de Robinho, os patrocinadores cogitam as rescisões dos contratos ou a suspensão dos pagamentos até que haja o julgamento em segunda instância na Itália.

– Após acesso à reportagem do ge, comunicamos o Santos que, caso o clube não rescinda o contrato com o jogador em questão, retiraremos nosso patrocínio. A Kicaldo repudia todo tipo de violência, e por isso vamos seguir agindo sempre de acordo com nossos valores.

– A Kodilar aguarda o posicionamento do Santos para informar aos patrocinadores o que será feito. Pedimos para que o caso seja solucionado o mais rápido possível, porque nossa empresa tem imagem positiva em tudo o que faz. Não queremos ser penalizados por isso.

– A Tekbond repudia toda e qualquer situação de violência e promove o respeito à diversidade e a inclusão em suas operações. A empresa não teve conhecimento prévio sobre a contratação ou intenção do clube em contratar jogadores. Manifestamos nossa preocupação sobre o fato ao Santos assim que soubemos e, neste momento, a continuidade do nosso patrocínio está condicionada ao cancelamento da contratação do jogador pelo clube – informou a marca do grupo Saint-Gobain.

– O Grupo Foxlux sempre acreditou e continua acreditando no esporte como ferramenta de transformação das pessoas além de ser uma estratégia de impulsionamento de nossas marcas. Continuaremos fazendo isto em todas regiões que atuamos, focados no resultado positivo que o esporte pode construir. Reforçamos que o contrato de patrocínio a um clube de futebol profissional não nos dá nenhuma ingerência nas ações operacionais do clube incluindo contratação e dispensa de seus profissionais, porém os fatos dos últimos dias, de forma direta, acabam impactando nossas marcas e conflitam com nossos valores de atuação – afirma a empresa em nota.

– Desta forma e diante das novas divulgações apresentadas solicitamos ao Santos Futebol Clube informações de quais ações serão tomadas em relação ao ocorrido para que possamos decidir as melhores atitudes a serem adotadas. Reforçamos que a decisão do clube quanto aos profissionais que ali trabalham cabem apenas ao clube, e para nós, como patrocinadores, cabe buscar a associação a propriedades que nos tragam boas experiências e percepções. O certo é que o Grupo Foxlux tem em seus valores “atuar de maneira ética e respeitosa seguindo as normas da empresa e principalmente as regras e leis da sociedade e dos mercados em que atuamos” e tomaremos as atitudes necessárias que não nos vinculem a situações que não compactuam de nossa atuação no Brasil mesmo que de forma indireta como é este caso. Aguardamos os desdobramentos das próximas horas – prossegue a patrocinadora.

O blog entrou em contato com todos os patrocinadores e pediu novos posicionamentos após a publicação de detalhes sobre a sentença de Robinho. As empresas hoje associam suas marcas ao atleta por causa do patrocínio ao clube. Esta reportagem será atualizada com as posições.

Até agora, a única patrocinadora que rompeu o contrato de patrocínio foi a Orthopride. A empresa entendeu que a sua imagem com o público feminino é mais importante do que a continuidade do que à estampa de sua marca no uniforme a ser usado por Robinho.

Robinho foi condenado em primeira instância na nona seção da corte de Milão, na Itália, pelo estupro coletivo de uma mulher albanesa. Ele recorre da decisão em segunda instância e, mesmo que a condenação seja mantida, poderá recorrer até a terceira para reverter a sentença.

Procurada, a defesa de Robinho no Brasil se manifestou dizendo que houve distorção e corte na transcrição dos áudios, além de divergências na tradução do português para o italiano no processo. Segundo a defesa, advogados em Milão e Roma tomarão as devidas providências.

https://globoesporte.globo.com/blogs/blog-do-rodrigo-capelo/post/2020/10/16/patrocinadores-pressionam-santos-para-desistir-da-contratacao-de-robinho.ghtml