Evolução, planejamento e dificuldades: preparador físico do Cruzeiro detalha trabalho na Toca

O Cruzeiro, assim como a maioria dos clubes brasileiros, não tem definido um cenário para a volta dos jogos

Elenco do Cruzeiro treinou, até aqui, separado em grupos — Foto: Bruno Haddad / Cruzeiro

Edy Carlos chegou ao clube junto com Enderson Moreira e liderou os trabalhos de retorno às atividades presenciais, que começaram há exatos 20 dias

Por Guilherme Macedo — de Belo Horizonte

O Cruzeiro encerrou, na última sexta-feira, a terceira semana de trabalhos na Toca da Raposa desde o retorno após o período de isolamento imposto pela pandemia da Covid-19. Em função das várias restrições impostas por protocolos de segurança contra a doença, os treinamentos estão muito mais a cargo da preparação física do que do próprio treinador Enderson Moreira.

O GloboEsporte.com conversou com Edy Carlos, preparador que chegou ao clube junto com o técnico, já com o cenário da pandemia estabelecido. Desde então, os jogadores ficaram mais de 70 dias sem trabalhar na Toca e, nesta segunda-feira, completam 20 dias desde a volta aos treinos presenciais. O balanço que Edy faz sobre esse período é positivo. Segundo ele, o elenco se apresentou com índices esperados de defasagem de massa magra e de ganho de gordura, e a evolução tem sido boa.

“O balanço que eu faço é muito positivo. A gente encontrou um grupo muito comprometido, muito sedento para treinar, para evoluir, até pelo tempo enorme de inatividade que nós estávamos.”

- Nós estamos conseguindo desenvolver o trabalho da maneira como nós planejamos, fechando a terceira semana de trabalho de uma maneira muito tranquila, sem nenhum problema maior. A gente sabia das dificuldades que iríamos encontrar, com um pouco de perda de massa magra, um pouquinho de ganho de percentual de gordura, mas nada alarmante. A gente tem conseguido evoluir muito bem nesses quesitos.

O Cruzeiro, assim como a maioria dos clubes brasileiros, não tem definido um cenário para a volta dos jogos. Diante disso, Edy Carlos fala sobre a importância de dosar os trabalhos e ter uma evolução gradativa para evitar lesões musculares e para deixar os jogadores "prontos" no momento certo. A expectativa do preparador é de que o clube consiga completar cerca de oito semanas de trabalho antes da volta aos jogos, que será discutida em Minas nesta quarta-feira.

- Realmente é uma dificuldade (não ter a data para o retorno). A gente está trabalhando em uma situação em que nós ainda não temos certeza de jogo. (...) A gente pode ter, eu imagino, umas oito semanas de trabalho. Por isso não temos pressa de evoluir com os atletas para deixa-los ótimos já neste momento, porque a gente está tendo esse tempo. Pelo fato de não ter uma data, a evolução tem sido gradativa, e isso tem sido fundamental para que a gente possa evoluir sem maiores problemas. Quando falo em problemas é acelerar o processo e correr risco com lesão muscular, o que seria um prejuízo muito grande neste momento.

Principais dificuldades

Diante do cenário da pandemia, adaptações precisaram ser feitas no dia a dia dos treinamentos. As partes internas da Toca não são utilizadas. Os aparelhos de academia, por exemplo, estão sendo utilizados nos campos. O elenco do Cruzeiro só deve começar a trabalhar junto a partir desta semana, e essa divisão inicial acabou sendo uma das dificuldades, segundo Edy Carlos. A comissão técnica optou por direcionar a divisão do elenco por setores da equipe.

- A adaptação que tivemos que fazer primeiramente foi dividir os atletas em grupos menores. Nós tomamos a medida de dividir por posições, em grupos de zagueiros, laterais, meias e atacantes. Dividimos em quatro grupos para poder tentar atacar de uma maneira bem tranquila. (...) É uma grande dificuldade não estar com o grupo todo, porque aí algumas coisas que você trabalharia normalmente você precisa deixar para um segundo momento, que é o que nós devemos iniciar em breve, se tudo ocorrer bem.

Outra dificuldade apontada por Edy Carlos é a impossibilidade de controlar o pré e o pós-treino. Por conta da pandemia, os jogadores já chegam à Toca prontos para o atividade e, depois dela, não podem fazer a recuperação física e nem a reposição nutricional. O preparador explica o que tem sido feito.

- Como eles chegam prontos para treinar, treinam, e a gente pede para que logo em seguida eles possam voltar para suas residências, a gente então tem esse controle de alimentação. A Flávia, nutricionista, junto com o departamento médico, prepara sempre kits individuais de lanches para que eles possam consumir neste primeiro momento. (...) A gente perde um pouco desse controle, que é a reposição imediata depois da atividade física, do descanso e da alimentação. É muito de orientação para que os atletas cheguem em casa e descansem, fiquem num processo de recuperação bacana e se alimentem bem.

“A gente tem trabalhado desta maneira. É evidente que não é o ideal. Longe disso. Existem essas limitações, mas a gente tem conseguido, na medida do possível, evoluir com todos eles e auxiliá-los em tudo.”

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