Baby do Brasil conta que pediu a Deus para lhe tirar o desejo por sexo e que nem beija na boca há 16 anos: ‘Voltei a ser virgem’
No DVD “A menina ainda dança” — cujo repertório Baby apresenta neste sábado, a partir das 22h, no Vivo Rio, no Aterro do Flamengo, acompanhada do filho
Baby do Brasil: 62 anos de idade, 46 de carreira e primeiro DVD Foto: Roberto Moreyra / Extra A menina ainda dança. E canta — ora com voz doce, quase infantil, ora sensual. E levanta a plateia com sua energia e seu colorido, da cabeça aos pés. Aos 62 anos, 46 de carreira, Baby do Brasil lança só agora seu primeiro DVD, com direção artística de Pedro Baby, de 37, o quarto dos seis filhos que teve com Pepeu Gomes, de 63. Foi Pedro o responsável por trazer a mãe de volta à vida artística em 2012, 12 anos após ela se converter e fundar o Ministério do Espírito Santo de Deus em Nome do Senhor Jesus Cristo, tornando-se uma “popstora” (uma pastora pop). No DVD “A menina ainda dança” — cujo repertório Baby apresenta neste sábado, a partir das 22h, no Vivo Rio, no Aterro do Flamengo, acompanhada do filho —, ela lembra de Pepeu na música “Masculino e feminino”: “Se você encontrar com ele por aí, não se esqueça de dizer que está sendo homenageado nessa noite”, diz ela na gravação, que aconteceu no Imperator, no Méier, em 2014. O recado foi dado, e surtiu efeito: 27 anos após a última apresentação dos dois juntos, o ex-casal sobe ao palco do Rock in Rio (RiR) 2015, conforme anúncio feito no início desta semana. Família é um dos assuntos sobre os quais Baby discorre nesta entrevista, que ainda aborda religião, homossexualidade, drogas, vaidade, casamento, sexo e loucura. Mergulhe com ela nessa viagem. ‘Popstora’ “Eu precisava saciar minhas questões existenciais e fiz uma incursão bem ‘matrix’, punk do bem. Durante minha vida inteira, eu cacei Deus. ‘Telúrica’, ‘Cósmica’, ‘Sem pecado e sem juízo’, entre outras músicas, comprovam isso. Então, tive um arrebatamento. Fui lá para cima e voltei. Aprendi a orar no topo dos montes e me tornei ‘popstora’. Meu cabelo e minha roupa revelam um jeito diferente de enxergar a vida, sem restrições. Não queria me enquadrar numa só religião. Sou evangélica, mas não a de saia longa e coque. Lancei uma nova versão para aquela famosa frase: ‘Para o mundo que eu quero subir!’”. A volta “Em 2010, dois anos antes de eu voltar a cantar, Deus me avisou que isso ia acontecer. Fiz um jejum para ter certeza de que aquele era o momento. Não queria retornar ao mercado por dinheiro ou fama, meu foco são as pessoas, a vida, a música. Estou de volta no futuro. E está todo mundo feliz por me ver inteira”. Repertório diferente “Troquei uma ou outra palavra do repertório. ‘Magia’, por exemplo, por ‘alegria’, em ‘Cósmica’. Na época em que a música foi feita, esse era o significado da palavra para mim, e não o de magia (espiritual) mesmo, que eu conheci depois. Tive o privilégio de regravar brincando com isso”. Público gay “Meu público vai para todos os lados. Tenho amigos e amigas gays, e brinco com eles que, se entrarem para a igreja, vão rever seus conceitos. Não pode ter preconceito, mas esse (o fato de ser gay) não é o sonho de Deus pra gente. Só que cada um tem sua história e seu porquê, e Deus entende todos os porquês. Meu coração é de amor com todo mundo, não condeno ninguém. Mas se uma amiga minha curte mulher, falo logo para ela: ‘Homem é melhor que Disneylândia, só lamento”. Sexo “Decidi não ter uma vida sexual livre porque, sendo pastora e expulsando demônios, comecei a entender o que acontece na hora do orgasmo. Há uma transferência de espírito muito perigosa, é o momento em que as mentes estão à deriva. Não posso dar brechas, tenho que estar forte. Decidi ter uma vida para o altar porque é isso que me dá prazer. Fiz uma oração bem forte e pedi para Deus tirar o desejo sexual de mim. Se eu for casar de novo (além de Pepeu, Baby foi casada com o músico Nando Chagas), vou transar só na noite de núpcias. Voltei a ser virgem há 16 anos. Nesse tempo todo, nem beijar na boca eu beijei, mas me permiti ser cortejada. Apareceram vários pretendentes, que viraram amigos queridos, Deus não testificou. Se falo que não transo, o cara desiste. Eu sou livre, não é caretice”. Drogas “As pessoas me acham muito louca só por causa do meu visual. Mas uma mulher que teve seis filhos não podia botar para quebrar. Na época dos Novos Baianos, nós fumamos a famosa cannabis sativa (maconha), mas nunca entramos em drogas pesadas. Estávamos no tempo da ditadura, queríamos esquecer aquela realidade cruel. Corremos o risco de ter problemas sérios, mas, graças da Deus, Ele mesmo recompôs nossos neurônios. Acho que hoje a maconha não cabe mais. Estamos num tempo em que agilidade é tudo”. Vaidade “Foi Deus que me soprou no coração a cor que eu deveria colocar na cabeça. Desde criança, eu desejava ter cabelo de princesa de contos de fadas. O único problema é que tudo em que eu encosto fica roxo. Tenho um lado teteia, gosto de cuidar de mim. Tirei a pelinha de cima dos olhos e o papo, aumentei os seios, já pus botox, mas o efeito acaba e eu esqueço de retocar. O que esqueço mesmo é de me depilar. É uma dorzinha chata”. Loucura “Não tenho as regras do mundo daqui. Sou uma louca do bem, da ‘matrix’ de Deus. Dizem as Escrituras que Ele ia usar os loucos deste mundo para confundir os sábios. Olha eu aqui!”. Naiara Andrade
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