Dólar dispara a R$ 5,43 e bolsa cai mais de 4%, após pré-candidatura de Flávio Bolsonaro
A possibilidade de substituição de Jair Bolsonaro pelo filho, Flávio Bolsonaro, frustrou expectativas de uma chapa Tarcísio–Michelle
Dólar — Foto: freepik
A moeda norte-americana disparou mais de 2% na sessão e atingiu o maior valor em quase dois meses. Já o Ibovespa caiu 4,31%, aos 157.369 pontos. Essa foi a maior queda intradia do índice desde 2021.
Por Redação g1 — São Paulo -05/12/2025
Ibovespa despenca e dólar dispara com anúncio de Flávio Bolsonaro
O dólar fechou em alta de mais de 2% nesta sexta-feira (5), cotado em R$ 5,4328, no maior valor em quase dois meses. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, inverteu o sinal positivo visto pela manhã e fechou aos 157.369 pontos, com uma queda de 4,31% — a maior desde fevereiro de 2021, quando a bolsa recuou 4,87%.
Em um dia que tinha tudo para ser guiado pelos dados de inflação nos Estados Unidos, Brasília acabou tomando o centro das atenções. A sinalização de que Flávio Bolsonaro pode disputar a Presidência em 2026 provocou uma reação imediata nos mercados: dólar disparou e o Ibovespa caiu.
▶️ A possibilidade de substituição de Jair Bolsonaro pelo filho, Flávio Bolsonaro, frustrou expectativas de uma chapa Tarcísio–Michelle, considerada mais competitiva e unificadora da direita. A revisão desse arranjo redesenhou o humor dos investidores e afetou os mercados. (Veja mais abaixo)
▶️ Ainda no Brasil, o PIB do terceiro trimestre, divulgado ontem, mostrou avanço modesto de 0,1% na economia brasileira. O resultado reflete a perda de ritmo do setor de serviços e do consumo das famílias, reforçando a avaliação de que o Banco Central pode iniciar os cortes de juros já em janeiro.
▶️ Nos EUA, o PCE subiu 0,3% em setembro, mantendo o mesmo ritmo de agosto e dentro das projeções. Em relação ao ano anterior, avançou 2,8%. O núcleo do índice, que desconsidera itens mais voláteis, também registrou alta de 0,2% no mês e de 2,8% em 12 meses.
🔎 O resultado do indicador, visto pelo Federal Reserve (Fed) como a principal medida de inflação, reforçou as apostas de que o banco central americano poderá iniciar cortes de juros já na próxima semana.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado:
💲Dólar
• Acumulado da semana: +1,83%;
• Acumulado do mês: +1,83%;
• Acumulado do ano: -12,09%.
📈Ibovespa
• Acumulado da semana: +3,39%;
• Acumulado do mês: +3,39%;
• Acumulado do ano: +36,73%.
Flávio Bolsonaro na corrida presidencial
A possibilidade de Flávio Bolsonaro disputar a Presidência em 2026, no lugar do pai, Jair Messias Bolsonaro, provocou uma reação imediata e negativa nos mercados nesta sexta-feira.
No começo da tarde, o dólar ganhou força frente ao real e o Ibovespa virou para queda, apesar do cenário externo mais positivo após o índice de inflação PCE dos Estados Unidos ter vindo em linha com o esperado.
• 👉 Preso por tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro está impedido de disputar as eleições. A situação levou aliados de Bolsonaro a disputar, ao longo dos últimos meses, o capital político do ex-presidente.
• 👉 Até então, líderes do Centrão trabalhavam com outra formação: uma chapa encabeçada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), com Michelle Bolsonaro como vice. Essa composição era vista como mais competitiva e capaz de unificar o eleitorado de direita.
• 👉 No Palácio do Planalto, ela também era considerada a principal alternativa de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já confirmou a intenção de buscar a reeleição no próximo ano.
A sinalização de uma candidatura de Flávio, porém, foi mal recebida no mercado financeiro. A leitura predominante é que essa mudança pode fragmentar a base bolsonarista e aumentar a incerteza sobre o cenário eleitoral.
Após a notícia, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, inverteu o sinal positivo visto pela manhã e passou a operar em forte queda. Veja abaixo:
“A princípio, cogitava-se a candidatura de Tarcísio de Freitas, que, como governador de São Paulo, já contava com uma base eleitoral consolidada e uma projeção favorável”, afirma Marcos Praça, diretor de análise da Zero Markets Brasil.
Ele destaca que o apoio de Jair Bolsonaro tornaria essa configuração ainda mais competitiva, enquanto a escolha pelo filho muda as expectativas.
Para Praça, o movimento pode abrir espaço para disputas internas e dificultar a formação de uma frente unificada contra Lula, criando divisões entre os apoiadores e reduzindo a previsibilidade do quadro eleitoral.
Mesmo com a volatilidade do dia, alguns analistas seguem otimistas com o desempenho da bolsa no médio prazo. Para Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, o pano de fundo continua favorável.
“Independentemente da volatilidade causada pela política, temos uma perspectiva de alta pra Bolsa Brasileira. Temos preços vantajosos, ciclo de cortes prestes a começar e ainda uma certa expectativa de mudança de ciclo político que viabilize uma agenda de refor-mas.”
Ele acrescenta que a última superquarta do ano, marcada para a próxima semana, pode reforçar esse movimento, especialmente se a diferença de juros beneficiar o câmbio e der novo impulso ao mercado acionário.
Indicadores dos EUA
• PCE
O índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos Estados Unidos — a medida de inflação mais acompanhada pelo Fed — avançou 0,3% em setembro na comparação com agosto, repetindo o mesmo ritmo do mês anterior, dentro das previsões de analistas do mercado.
Na comparação com setembro do ano passado, o PCE também veio alinhado às expectativas, com alta de 2,8%, ligeiramente acima dos 2,7% registrados em agosto.
O núcleo do indicador, que exclui itens mais voláteis como energia e alimentos, subiu 0,2% na margem, mantendo o mesmo avanço observado em agosto e igualmente em linha com o esperado.
Em relação ao ano anterior, o núcleo do PCE avançou 2,8%, abaixo dos 2,9% registrados no mês anterior e levemente inferior ao consenso — que projetava alta de 2,9%.
• Índice de sentimento do consumidor
O índice de sentimento do consumidor dos EUA subiu para 53,3 pontos em dezembro, após mar-car 51 pontos em novembro, segundo a Universidade de Michigan. O número superou a projeção média dos analistas, que esperavam 52 pontos.
O componente que avalia as condições atuais da economia recuou levemente, passando de 51,1 pontos em novembro para 50,7 em dezembro.
Já o índice de expectativas — que mede a percepção sobre os próximos meses — avançou de 51 para 55 no mesmo intervalo.
As expectativas de inflação também mostraram alívio. Para os próximos 12 meses, caíram pelo quarto mês seguido, de 4,5% para 4,1%, o menor nível desde janeiro.
No horizonte de cinco anos, passaram de 3,4% para 3,2%, repetindo o patamar observado no início do ano.
Bolsas globais
Em Wall Street, os mercados americanos estão focados nos dados de inflação que serão divulgados hoje, já que eles podem confirmar a expectativa de corte nos juros pelo banco central dos EUA na próxima semana.
Na abertura, o Dow Jones subia 0,06% na abertura, para 47.879,6 pontos. O S&P 500 ganhava 0,13%, a 6.866,32 pontos enquanto o Nasdaq tinha alta de 0,27%, para 23.567,77 pontos.
As bolsas europeias fecharam mistos, acompanhando o otimismo com a expectativa de corte de juros nos EUA. Além disso, investidores seguem atentos às negociações para um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia.
No fechamento, o STOXX 600 avançou 0,01% e o DAX subiu 0,61%. Por outro lado, o FTSE 100 teve queda de 0,45% e o CAC 40 recuou 0,09%.
Já as bolsas asiáticas fecharam com resultados positivos, interrompendo uma sequência de quedas na China. O avanço foi impulsionado pelo otimismo com fabricantes locais de chips, em meio a tensões comerciais com os EUA e medidas para fortalecer a produção doméstica.
No fechamento: em Xangai, o índice SSEC subiu 0,70%, para 3.902 pontos, e o CSI300 avançou 0,84%, a 4.584 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng ganhou 0,58%, aos 26.085 pontos.
Já o Nikkei, em Tóquio, caiu 1,05%, para 50.491 pontos. Em outros mercados, o Kospi subiu 1,78%; o Taiex, 0,67%; o Straits Times recuou 0,08%; e o S&P/ASX 200, na Austrália, avançou 0,27%.
https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/12/05/dolar-ibovespa.ghtml




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