Copom volta a pedir "serenidade e paciência" com taxa de juros

O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária

Apesar das pressões de Lula para que os juros baixem de imediato, o BC não deu sinais de quando poderá iniciar o ciclo de queda e manteve a porta aberta para uma possível alta

Por Rosana Hessel

(crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O Banco Central (BC) reforçou os alertas sobre a resiliência da inflação e voltou a recomendar paciência e serenidade com o atual patamar da taxa básica de juros (Selic), que está em 13,75% ao ano desde agosto de 2022. Os recados constam da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada na semana passada, na qual o colegiado decidiu manter a Selic pela sexta vez consecutiva. O documento foi divulgado ontem.

Apesar das pressões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que os juros baixem de imediato, o BC não deu sinais de quando poderá iniciar o ciclo de queda e manteve a porta aberta para uma possível alta, se for necessário. "O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária. E enfatiza que, apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado", destaca o documento.

A principal missão do BC é preservar o valor da moeda e fazer a inflação voltar para o centro da meta no horizonte relevante, ou seja, em 2024 — que tem meta de inflação de 3%, com teto de 4,50% —, já que a meta deste ano — de 3,25%, com limite superior de 4,75% — está muito difícil de ser alcançada.

Na ata, o colegiado elogiou o novo arcabouço fiscal, mas voltou a afirmar que não existe relação mecânica entre a aprovação da nova regra e a convergência da inflação para a meta. "O comitê avalia que a probabilidade de cenários mais extremos de trajetória da dívida pública se reduziu, mas nota também que não houve mudança relevante nas projeções de inflação, uma vez que as expectativas não se alteraram de forma significante. Tal comportamento reforça o entendimento de que não há relação mecânica entre a política monetária e o arcabouço fiscal", frisa a ata.

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