Prejuízo da Embraer salta para R$ 1,28 bilhão no 1º trimestre

Receita líquida da companhia teve queda de 8% na comparação anual, somando R$ 2,874 bilhões.

Jato Praetor 600 é o mais caro na modalidade executiva vendido pela Embraer — Foto: Embraer/Divulgação

Por G1

A Embraer registrou um prejuízo líquido atribuído aos acionistas de R$ 1,276 bilhão no primeiro trimestre, um salto de 794% na comparação anual, segundo informou a fabricante brasileira de aeronaves nesta segunda-feira (1).

Embora o desempenho operacional da companhia tenha piorado no trimestre, o prejuízo foi pressionado principalmente pelo diferimento de imposto de renda e contribuição social, com efeito negativo de R$ 571,2 milhões, por uma provisão adicional para perdas de crédito durante a pandemia de Covid-19 de R$ 163,1 milhões e por uma baixa no valor da fatia detida na Republic Airways Holding, também decorrente da crise sanitária, de R$ 108,6 milhões.

Conforme a companhia, descontados esses eventos, o prejuízo líquido ajustado foi de R$ 433,6 milhões, ainda assim pior que a perda de R$ 229,9 milhões no 1º trimestre do ano passado.

A receita líquida da companhia teve queda de 8% na comparação anual, somando R$ 2,874 bilhões no 1º trimestre, com queda em praticamente todos os negócios, com exceção da aviação executiva.

A empresa disse que sua decisão de colocar funcionários em férias remuneradas em janeiro para finalizar os detalhes do acordo com a Boeing foi responsável por uma queda de 23% na receita. Em março, a Embraer novamente afastou os trabalhadores devido à pandemia de Covid-19.

O resultado operacional antes de juros e impostos ajustado ficou negativo em R$ 209,1 milhões, quase quatro vezes acima do resultado também negativo de R$ 53,7 milhões um ano antes, refletindo a queda nas entregas no trimestre e os impactos da Covid-19.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 47,6 milhões, frente a R$ 120 milhões nos três primeiros meses do ano passado.

Apesar de registrar mais um resultado trimestral negativo, a Embraer informou no balanço que a "liquidez da companhia permanece sólida", e que fechou o mês de março com R$ 13 bilhões em caixa e dívida líquida de R$ 6,923 bilhões.

Fracasso com Boeing

No final abril, a Boeing anunciou a rescisão do acordo que daria à gigante norte-americana o controle sobre a divisão de aviação comercial da Embraer, em meio às crises no setor de aviação e na economia global.

A Embraer informou no balanço que os custos de separação dos negócios relacionados com a parceria estratégica com a Boeing, agora encerrada, reconhecidos em janeiro, foram de R$ 96,8 milhões.

"A Embraer acredita firmemente que a Boeing rescindiu indevidamente o MTA e o contrato de contribuição, e que a Boeing tinha a obrigação contínua de respeitar seus termos", acrescentou.

Entenda como Boeing e Embraer foram da aproximação ao rompimento do acordo bilionário

Segundo a Reuters, a fabricante de aviões está discutindo propostas de financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com bancos privados no Brasil e no exterior.

Na véspera, a Reuters noticiou, citando fontes do governo, que a companhia deve obter em junho financiamento junto ao BNDES e a bancos privados no valor de US$ 600 milhões para atender a sua demanda de jatos executivos e comerciais para os próximos meses.

https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/06/01/prejuizo-da-embraer-salta-para-r-128-bilhao-no-1o-trimestre.ghtml