BC reduz taxa Selic para 7,25% ao ano, a menor da história

MAÍRA TEIXEIRA

DE SÃO PAULO

O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) anunciou nesta quarta-feira (10) a redução de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic.

Com a decisão, a taxa caiu de 7,5% para 7,25% ao ano e bate o quarto recorde consecutivo de baixa --o menor patamar da série histórica iniciada em 1986.

Este é o décimo corte seguido da Selic, em uma trajetória de declínio que teve início há mais de um ano --em agosto de 2011, quando foi reduzida de 12,5% para 12%.

Desde então, o BC tem decidido pela redução de 0,5 ponto percentual a cada nova reunião, com exceção da decisão tomada em março, quando o Copom cortou 0,75 ponto percentual, e da reunião de hoje.

VOTO DOS CONSELHEIROS

A decisão de hoje não foi unânime. Cinco conselheiros do Copom votaram pelo corte de 0,25 ponto percentual e três, pela manutenção da Selic em 7,5% ao ano.

Votaram pela redução Alexandre Antonio Tombini (presidente do BC), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da Silva e Luiz Edson Feltrim. Votaram pela manutenção Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo e Sidnei Corrêa Marques.

Segundo nota divulgada pelo Banco Central após a decisão, o comitê votou pela décima queda considerando o risco da inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional.

Para o Copom, "a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear".

INFLAÇÃO VS. ESTÍMULO

O corte contraria a estimativa do último relatório Focus, feito pelo BC a partir de consultas a instituições financeiras. Nesta semana, a previsão divulgada era de que a Selic deve terminar 2012 com a taxa em 7,50%. No entanto, as projeções de analistas apontavam para uma queda de 0,25%.

Essa falta de consenso nas previsões reflete o dilema que o BC enfrenta. Com a inflação dando sinais de alta, o desafio é não estourar a meta do governo, de 4,5% (com teto de 6,5%), em um cenário de alta dos preços, mas com a atividade baixa e precisando de estímulos ao consumo.

A taxa de juros é um dos principais instrumentos de controle dos preços no país. Em tese, baixando os juros, estimula-se o consumo em razão do alívio no preço dos produtos e serviços.

No acumulado dos 12 meses, encerrados em setembro, a inflação soma alta de 5,28%.

EXPECTATIVA DO MERCADO

Para Claudemir Galvani, professor de Economia da PUC-SP e diretor da Metha Consultoria, a decisão do Copom ocorreu como o mercado esperava.

"Ainda há espaço para que a Selic caia a 0,5%. Mas, tendo em vista que a inflação subiu em setembro, o BC evita dar a cara para bater e fez uma redução mais tímida de 0,25%. A decisão do comitê, neste momento, deve ter levado em consideração a repercussão da imprensa e do mercado, por isso cortaram menos", afirma Galvani.