A cesta básica de Fortaleza continua sendo a mais cara do Nordeste e a 4ª com maior custo do Brasil, segundo dados divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Com base no salário mínimo de R$ 622 vigente no País, o estudo constatou que o trabalhador fortalezense precisa destinar 39,9% do total de tempo de trabalho no mês para fazer as compras dos itens básicos de alimentação, sendo 88 horas mensais. Embora seja um dos valores mais caros do País, com R$ 248,79, o preço da cesta básica cresceu menos em relação ao mês imediatamente anterior. Enquanto agosto registrou uma alta de 2%, setembro sofreu uma variação mensal de 1,24%. Os dados do Dieese apontam ainda que, além de Fortaleza, outras oito das 17 capitais pesquisadas tiveram elevação no preço no último mês.
A farinha registrou uma variação de 12,07%, sendo a maior entre os 11 itens que mais se destacaram no mês de setembro
Semestral e anual
As variações semestral e anual da cesta básica, em Fortaleza, foram de 17,69% e 22,44%, respectivamente. Os números apontam que a alimentação está mais cara do que em março deste ano (R$ 211,39) e Setembro de 2011 (R$ 203,20).
Farinha puxa aumento
A alta em Fortaleza foi influenciada pela elevação de 11 itens na cesta, especialmente a farinha (12,07%), a banana (10,71%), o arroz (7,5%), da carne (3,93%) e o feijão (3,21%). Para a socióloga do Dieese, Rosilene Cruz, o destaque para a farinha se deu porque "uma parte da mandioca foi destinada para consumo animal por causa da estiagem". Ela afirmou ainda que "a ração animal está muito cara, um dos motivos pelo qual a carne também subiu".
Somente a carne, se comprada a quantia de 4,5 quilos, é responsável por R$ 73,85 do valor da cesta e 26 horas de trabalho. "Por causa disso, as pessoas procuram o frango, que já dá sinais de aumento", diz a socióloga.
O tomate, um dos grandes vilões dos últimos meses, deu uma trégua na elevação, que foi de 7% em agosto e registrou uma variação de -11,75% em setembro. O fruto aumentou o preço em 111,11% no semestre e 58,33% no ano.
Rosilene atribui a queda de valor do tomate à entrada da produção do alimento vinda do estado da Bahia. Sobre os próximos meses, de acordo com ela, o Dieese espera que "ele permaneça com sinais de queda ou mantenha-se neste padrão".
No Brasil
Os maiores valores para a cesta básica foram, registrados em Porto Alegre (R$ 311,44), Florianópolis (R$ 310,92) e São Paulo (309,08). O mais barato foi em Aracaju (R$ 207,80).
Salário necessário é de R$ 2.616,41
São Paulo O salário mínimo do trabalhador brasileiro no País, deveria ter sido de R$ 2.616,41 em setembro, a fim de suprir as necessidades básicas do brasileiro e de sua família, constata a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, divulgada ontem, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Com base no maior valor apurado para a cesta no período, de R$ 311,44, em Porto Alegre, e levando em consideração o preceito constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para garantir as despesas familiares com alimentação, moradia, saúde, transportes, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência, o Dieese calculou que o salário mínimo deveria ter sido 4,21 vezes maior do que o piso vigente no Brasil, de R$ 622,00, mensais.
Mínimo defasado
O valor estimado pelo Dieese em setembro é maior do que o apurado para agosto, quando o mínimo necessário fora calculado em R$ 2.589,78, ou 4,16 vezes o mínimo atual. Há um ano, o salário mínimo adequado para suprir as necessidades dos brasileiros fora calculado em R$ 2.285,83, ou 4,19 vezes o mínimo em vigor naquele período, de R$ 545,00.
Tempo de trabalho
A instituição também informou que o tempo médio de trabalho necessário para que o consumidor que ganha um salário mínimo pudesse adquirir, em setembro deste ano, o conjunto de bens essenciais foi praticamente o mesmo na comparação com o mês anterior.
De acordo com o Dieese, para comprar a cesta básica no nono mês de 2012, o brasileiro precisou trabalhar em média 95 horas e 12 minutos, ante 95 horas e 3 minutos em agosto. Ou seja, a cada mês precisa-se trabalhar mais para adquirir o mesmo.
Em setembro do ano passado, a jornada média de trabalho exigida para a compra de itens alimentícios básicos foi de 93 horas e 58 minutos.
ANA BEATRIZ SUGETTE
REPÓRTER
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