Bovespa fecha em queda, puxada por ações de bancos

Ações de bancos caíram após rumores de que instituições irão cortar taxas.

Do G1, em São Paulo

A Bovespa fechou com desvalorização nesta sexta-feira (28), último pregão de setembro, com as ações dos bancos registrando queda diante da crescente preocupação com a intervenção do governo no setor.

Com o resultado, a bolsa caiu ao menor patamar em mais de duas semanas, mas registrou a terceira alta mensal consecutiva em setembro.

O Ibovespa encerrou com queda de 1,77%, a 59.175 pontos, em uma pregão com giro financeiro de R$ 8,3 bilhões. No pior momento do dia, o índice chegou a cair 2,05%, a 59.003 pontos. Na semana a Bovespa tem queda acumulada em 3,5%.

Ainda assim, as medidas de estímulo nos Estados Unidos, na China e na zona do euro refletiram em alta também no mercado brasileiro e fizeram com que o Ibovespa conseguisse acumular alta de 3,7% em setembro, de 8,9% no terceiro trimestre e de 4,27% no ano.

"Estamos otimistas na direção do fim do ano. Podemos esperar uma alta moderada da bolsa brasileira", disse o estrategista de Brasil do BTG Pactual, Carlos Sequeira, que projeta que o Ibovespa chegará aos 64 mil pontos no fim de 2012 e a 71 mil pontos em 12 meses.

O clima de cautela dos mercados externos por conta de crise europeia influenciou os negócios no Brasil. No entanto, a queda do setor financeiro pesou no principal índice da bolsa, após notícia de que o Banco do Brasil anunciaria redução de tarifas, o que poderia forçar instituições privadas rivais a seguir o mesmo caminho. Também a intervenção no setor elétrico motivou perdas.

De acordo com as agências de notícias Valor Online e Reuters, o Banco do Brasil deverá anunciar a redução de um grupo de sete tarifas cujos valores foram reajustados no início do ano. O corte atende a uma decisão do Ministério da Fazenda, que pretende forçar os bancos privados, a partir do exemplo do BB, a também diminuir suas tarifas.

Se a atuação do governo, por um lado, é vista como positiva para estimular a dinâmica da economia brasileira, por outro acende um sinal de alerta entre investidores, especialmente estrangeiros. "A Bovespa até deveria ter tido desempenho melhor em setembro, mas nos últimos dias o setor de bancos pesou no índice, com a pressão do governo para diminuir spreads e juros, que pesará nos resultados", disse o operador Rafael Vendramine, do BES Investimentos.

"Independentemente de quanto essa intervenção do governo vai de fato afetar os resultados dos bancos, o investidor exige um desconto maior por conta da incerteza quanto ao que ainda está por vir", disse um profissional que ajuda a gerir cerca de R$ 3 bilhões em uma gestora de recursos no Brasil, que pediu para não ser identificado.

Nesta sexta-feira, as ações do Banco do Brasil, que chegaram a liderar as perdas do índice, reduziram as perdas no final do pregão e fecharam em queda de 3,88%, com a expectativa de que o banco anunciaria redução de tarifas.

Outras instituições foram pelo mesmo caminho: Itaú Unibanco caiu 2,78% (ordinárias) e 2,89% (preferenciais), Bradesco perdeu 1,11% nas ordinárias e 1,87% nas preferenciais e a unit do Santander caiu 2,95%.

Dentre as blue chips, a preferencial da Vale caiu 1,62%, a R$ 35,27, e a da Petrobras perdeu 1,5%, a R$ 22,37. OGX recuou 4,21%, a R$ 6,15.

Espanha
Os testes de estresse dos bancos espanhois mostraram que o sistema bancário do país possui uma necessidade de capital de 59,3 bilhões de euros, com apenas o Bankia precisando de 24,7 bilhões de euros. Sete bancos não precisam de aporte de capital, entre eles Santander, BBVA e Sabadell.

Os resultados foram divulgados um dia depois de o governo espanhol anunciar cortes no orçamento. A Moody's deve anunciar hoje sua decisão sobre o rating espanhol. Há temores de que a agência de classificação de risco possa rebaixar o rating do país para grau especulativo.

Com informações da Reuters e do Valor Online