Pesquisa vai investigar evolução da imunidade contra a Covid-19 em 90 famílias de Fortaleza

A ação integra o Projeto Avisa: Avaliação de Incidência de Infecção por SARS-CoV-2 e de Covid-19 no Brasil.

Os participantes da pesquisa devem realizar exames mensais durante um ano e meio. — Foto: Helene Santos

Cientistas e profissionais da saúde buscam entender o avanço da doença em pessoas assintomáticas e os efeitos no longo prazo entre os contaminados.

Por Lucas Falconery, G1 CE

Em Fortaleza, 90 famílias serão acompanhadas por pesquisadores e profissionais da saúde, durante um ano e meio, em estudo sobre a evolução dos sintomas e o impacto da Covid-19 entre pacientes de perfis socioeconômicos diferentes. Os participantes devem realizar exames mensais e contribuir com informações para a iniciativa, organizada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com o Instituto Butantan.

A ação integra o Projeto Avisa: Avaliação de Incidência de Infecção por SARS-CoV-2 e de Covid-19 no Brasil.

Agentes de 30 postos de saúde da capital, geridos pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), integram a equipe, com cerca de 28 pesquisadores da universidade, para as visitas domiciliares e contatos por telefone. Os participantes foram escolhidos com critérios estatísticos de modo a representar com efetividade a população de Fortaleza. As atividades do Projeto Avisa começam nesta semana.

A iniciativa abrange as pessoas assintomáticas ou com manifestações leves da doença, para dar maior profundidade ao entendimento de como o novo coronavírus se comporta a longo prazo. Entre os aspectos a serem monitorados, a possibilidade de reinfecção e o tempo de imunidade à Covid-19 estarão no radar dos pesquisadores.

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“O conhecimento que se tem da Covid baseia-se muito nas pessoas que têm sintomas, e elas não correspondem à maioria de quem tem a doença. A gente sabe das pessoas que procuram atendimento por sintomas mais graves, mas a grande maioria sequer vai ter sintomas ou serão auto limitados”, contextualiza o professor da Faculdade de Medicina da UFC, representante do projeto, Ivo Castelo Branco.

“Essas pessoas que pegaram vão pegar de novo? Se pegarem, vão ter formas mais ou menos graves? Ou vão ser assintomáticos? É uma oportunidade ímpar, e a universidade federal vai trabalhar nisso para que a gente possa ter esse conhecimento”, pondera o pesquisador.

Com isso, também será possível avaliar o impacto das atividades escolares ou de setores da economia na propagação da doença. “Todo mês nós vamos visitar essas famílias e saber, primeiro, se alguém já teve ou não Covid, fazer sorologia nessas pessoas, ver quem são as pessoas que adoecem, as que têm anticorpos, mas que não tiveram sintomas. Entre as que tiveram sintomas, ver o que elas fazem da vida”, reforça o especialista.

Informações precisas, como as que o projeto se propõe, contribuem para estabelecer estratégias de atendimento, definir melhor as populações e comportamentos com maior risco ao vírus. Além disso, também é possível conhecer fatores importantes para a futura aplicação da vacina contra o coronavírus.

Foram considerados critérios populacionais e de renda para a escolha dos participantes. E, caso haja recusa, serão feitos sorteios na vizinhança.

“Primeiro, a família vai ficar sendo assistida durante um ano e, segundo, é um conhecimento e um benefício à sociedade como um todo. É uma doença pouco conhecida que, por diversas circunstâncias está voltando, principalmente em pessoas mais jovens e quem nem sempre vão entrar para as estatísticas porque nem sempre procuram hospital. Acaba que a gente fica sem saber a magnitude de tudo isso”, lista o médico sobre a relevância da participação.

https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2020/11/05/pesquisa-vai-investigar-evolucao-da-imunidade-contra-a-covid-19-em-90-familias-de-fortaleza.ghtml