Mulher morta pelo marido denunciou estupro e rastreamento do celular no dia do assassinato
Vítima de feminicídio em Tupã estava junto havia 29 anos com suspeito do crime
Vítima foi encontrada esfaqueada e sem o coração, na tarde de segunda-feira (26), em Tupã (SP). Horas antes do assassinato, Milena Dantas Bereta Nistarda, de 53 anos, solicitou medida protetiva contra o companheiro; homem foi preso em flagrante.
Por Luís Ricardo da Silva, g1 Bauru e Marília - 27/02/2024 07h04 Atualizado
A mulher que foi brutalmente assassinada pelo marido registrou um boletim de ocorrência horas antes do crime no qual afirmava ter sido obrigada a manter relações sexuais com ele e ter descoberto que o celular dela era rastreado. O feminicídio foi registrado na segunda-feira (26), em Tupã (SP).
Horas antes do assassinato, por volta das 9h30, Milena Dantas Bereta Nistarda, de 53 anos, foi à delegacia de Tupã e denunciou o marido, tendo registrado um boletim de ocorrência por violência psicológica e violência doméstica.
Mulher, de 51 anos, foi morta a facadas por companheiro em Tupã (SP) — Foto: Arquivo pessoal
Vítima de feminicídio em Tupã estava junto havia 29 anos com suspeito do crime — Foto: Arquivo pessoal
Vítima de feminicídio diz ter sofrido abuso sexual de companheiro, em Tupã — Foto: Arquivo pessoal
Vítima pediu medida protetiva contra o marido horas antes de ser assassinada em Tupã — Foto: Arquivo pessoal
Principal suspeito de feminicídio em Tupã foi encontrado morto — Foto: Arquivo pessoal
No registro policial, a vítima contou que era casada havia 29 anos com Marcelo Nistarda Antoniassi, de 49 anos. Ela revelou aos policiais que o casal tinha dois filhos, um homem de 26 anos e uma mulher de 29 anos, sendo a jovem enteada de Marcelo.
No relato à polícia, Milena contou que a violência contra ela aumentou há aproximadamente dois meses, quando os filhos do casal saíram de casa para morar em outras cidades. Um foi para Blumenau (SC) e outro para Marília (SP).
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Segundo a vítima, ela se sentia "vulnerável" e o marido a mantinha em "cárcere de forma sutil", pois "ele sempre arrumava alguma desculpa para ela não sair de casa". Ainda no relato, Milena informou que, "por diversas vezes, foi obrigada a manter relação sexual com ele, mesmo contra a sua vontade".
No dia do registro do BO, a vítima ainda revelou que descobriu que o marido rastreava o celular dela. Até então, a única denúncia de violência da esposa contra Marcelo era de um caso ocorrido 10 anos atrás, segundo o registro policial.
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Brutalidade
De acordo com informações da Polícia Civil, Milena Dantas Bereta Nistarda foi morta a facadas. O principal suspeito é o marido Marcelo, que foi preso em flagrante pelo crime na residência do casal.
Por volta das 9h30, Milena foi à delegacia de Tupã, registrou um boletim de ocorrência e pediu medida protetiva contra o companheiro. Em seguida, ela retornou para casa e se trancou no imóvel. A delegada que investiga o caso informou que, após pedir a medida protetiva, a mulher não quis levar o pedido adiante alegando que não queria prejudicar o marido.
Ainda segundo a Polícia Civil, o suspeito do crime invadiu a residência, localizada na Vila Abarca. Durante a ação, ele derrubou o portão com o carro e arrombou as portas do imóvel. No local, ele desferiu diversos golpes de faca contra a vítima e, por fim, abriu o abdômen dela e extraiu as vísceras e o coração.
O homem chegou a resistir à prisão, mas foi preso em flagrante por feminicídio, por volta das 13h30, cerca de quatro horas depois da esposa ter pedido uma medida protetiva contra ele.
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O caso foi registrado como violência psicológica, violência doméstica e homicídio qualificado por motivo fútil, à traição ou emboscada, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.
Violência contra mulher
Esse não é o primeiro caso deste ano de feminicídio ou tentativa de feminicídio contra mulheres que pediram medida protetiva em Tupã neste ano.
No dia 22 de janeiro, um homem matou a ex-companheira a facadas. O crime ocorreu um dia depois de o casal ter ido até a delegacia da cidade após uma briga. A vítima, Aline Cruz dos Santos, de 34 anos, pediu medida de proteção, mas o crime aconteceu antes do resultado da solicitação.
Ela foi atingida por vários golpes de faca, na casa onde morava com o homem, no bairro Morada do Sol. Segundo a Polícia Civil, Aline tentou se defender, mas ficou muito machucada. O suspeito do crime, Valdemir Moraes Gomes, de 32 anos, foi encontrado morto dois dias depois.
No dia 21 de janeiro, um outro homem foi preso duas vezes em um intervalo de 10 horas suspeito de agredir a ex-companheira.
A vítima relatou aos policiais que o agressor e ex-companheiro deu um golpe conhecido como "mata-leão" nela e a ameaçou com uma faca. O homem foi localizado e preso em flagrante com base na Lei Maria da Penha. Uma medida protetiva foi expedida em favor da vítima.
No início daquele dia, o suspeito das agressões teve a liberdade concedida pela Justiça em audiência de custódia. Por volta das 16h, cerca de 10 horas após a primeira ocorrência, a PM foi acionada a comparecer a um parque, onde o homem estaria agredindo novamente a ex-companheira e teria quebrado o carro dela.
Novamente, ele foi preso em flagrante pelos policiais. Desta vez, além do crime de violência doméstica, o suspeito também responderá por lesão corporal, dano e quebra de medida protetiva. Ele permanece preso.
https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2024/02/27/mulher-que-teve-orgaos-arrancados-pelo-marido-denunciou-estupro-e-rastreamento-do-celular-no-dia-do-assassinato.ghtml
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