São Paulo bate recorde diário de mortes pelo 2º dia, 389, e ultrapassa a 11 mil

O total de casos confirmados nas últimas 24h deve ser incluído no balanço desta quinta (18)

16 de junho - Vista do Cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo, em meio à pandemia do coronavírus (Covid-19) — Foto: Marcello Zambrana/Agif - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo

Estado de SP tem recorde de mortes por Covid-19 pelo 2º dia seguido, com 389 óbitos confirmados em 24h

Problema no sistema de notificação nesta quarta (17) vai atrasar contabilização de casos confirmados para amanhã, segundo secretaria estadual da Saúde. Total de mortes no estado chegou a 11.521.

Por Patrícia Figueiredo e Marina Pinhoni, G1 SP — São Paulo

O estado de São Paulo registrou nesta quarta-feira (17) um novo recorde de mortes por coronavírus confirmadas em 24h. Foram 389 mortes pela doença contabilizadas neste período, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde, valor que supera o recorde desta terça (16), quanto foram registrados 365 óbitos. Desde o início da pandemia, o estado teve 11.521 mortes pela doença.

As novas confirmações não significam, necessariamente, que as mortes aconteceram de um dia para o outro, mas que foram contabilizadas no sistema neste período. Os números costumam ser menores no final de semana e às segundas-feiras devido ao atraso nas notificações nestes dias.

O total de casos no estado chegou a 191.517 nesta quarta, com a adição de 1.232 novas confirmações. No entanto, o número de casos confirmados não foi completamente atualizado nesta quarta devido a um problema no sistema e-SUS, que é utilizado para a notificação de casos leves, segundo o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann. Portanto, os novos casos confirmados nesta quarta são referentes apenas a pacientes graves, que estão internados.

O total de casos confirmados nas últimas 24h deve ser incluído no balanço desta quinta (18). Ainda de acordo com o secretário, a contabilização das mortes e dos casos graves não foi afetada por esse atraso nas notificações dos casos leves.

Nesta quarta a taxa de ocupação de leitos de UTI se manteve estável em 77,1% na Grande São Paulo e 70,6% no estado. Na terça, os índices registrados foram os mesmos. Na segunda, o índice era de 77,8% na Grande São Paulo e 70,8% no estado inteiro.

O número de pacientes internados com suspeita ou confirmação de Covid-19 caiu ligeiramente para 13.680 nesta quarta. Desses, são 5.257 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 8.423 em enfermaria. Na terça, eram 13.735 internados, sendo 5.339 em UTIs e 8.396 em enfermaria.

Na segunda-feira (15) o governo do estado de São Paulo anunciou que, pela primeira vez, houve um número menor de novas mortes semanais por coronavírus em comparação com a semana anterior. A diferença, no entanto, foi de apenas 3 óbitos. Com os novos recordes diários registrados nessa semana, no entanto, o valor pode voltar a subir.

Taxa de ocupação de UTIs de Covid-19 na Grande São Paulo até 17 de junho — Foto: Arte G1

Projeção de 15 mil a 18 mil mortes até fim do mês

O secretário de Saúde do estado, José Henrique Germann, disse nesta quarta que o problema no sistema de notificação afetou apenas o registro de casos leves, e não o de mortes.

"Houve um problema no e-SUS, que registra os casos leves, e por isso foi muito pequena a mudança, amanhã ele entrando novamente em operação nós teremos o aporte de hoje e de ontem. No caso de óbitos, não [influencia], ele vem por outro sistema, e o número está aqui de acordo. Tivemos aquilo que nós esperávamos em termos de números", disse Germann.

O governo afirma que o alto número de mortes registrado nesta quarta está dentro das projeções calculadas pela equipe de saúde. Até o final do mês, a previsão é de que o estado chegue a um número entre 15 mil a 18 mil de mortes no total.

“A nossa expectativa até o fim do mês é de ter um intervalo entre 15 mil e 18 mil óbitos acumulados. O número que nós temos hoje está dentro do cenário. Toda vida conta, é sempre muito difícil trazer os números de óbitos, mas a boa notícia é que nossa taxa de letalidade está caminhando para uma estabilização, porque o número de óbitos está inferior às nossas projeções”, afirmou a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.

Já em relação ao número de casos, mesmo com problemas na notificação, o governo já admite que o valor está acima das projeções, mas atribui essa diferença a um suposto aumento na testagem da população.

“No cenário de óbitos a gente está no limite inferior [das projeções], mas no cenário de casos a gente está no limite superior, um pouco acima até, pela iniciativa de testagem, em especial com teste sorológico”, disse a secretária.

O antigo coordenador do comitê do governo para combate ao coronavírus, o médico Dimas Covas, disse na terça (16) que a pandemia em São Paulo "não está sob controle, estava com uma velocidade diminuída". Ele vê com preocupação o resultado da reabertura dos comércios em algumas cidades do estado e avalia que a proposta estabelecida pelo governo estadual não foi compreendida pela população.

Ex-coordenador do comitê de saúde, Dimas Covas comenta desenvolvimento de vacina contra o novo coronavírus e situação da doença no estado de SP

Também nesta terça, Carlos Carvalho, que substituiu Covas na coordenação contra o coronavírus em SP, disse que o comitê de saúde está preparado para adotar medidas mais duras caso os dados do estado piorem.

"Cabe a nós manter um olhar com bastante cuidado. Percebendo uma volta de alguns casos, além do que seria esperado, de tomarmos as medidas necessárias, inclusive, eventualmente, voltar a uma restrição maior em relação à liberação que estava sendo encaminhada", disse.

Testagem da população

A equipe do Comitê de Contingência afirma que aumentou a testagem de Covid-19 na população e atribuiu a isso parte do aumento no número de casos confirmados no estado verificado nos últimos dias.

Conforme anunciado na semana passada, os testes sorológicos (testes rápidos) passaram a ser utilizados pelo governo de São Paulo na notificação de confirmação de casos, o que não é recomendado pela OMS. Antes, só os testes de RT-PCR, que são mais precisos, eram considerados na contagem oficial da secretaria.

Atualmente, o total de casos confirmados no estado mistura os resultados positivos obtidos nos testes rápidos aos que foram confirmados por testes moleculares, o que, segundo a OMS, não é o ideal. A secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, afirma que esses números devem ser separados.

"A gente está trabalhando para separar em tempo real esses números. A ideia é que a gente passe a acompanhar diariamente com essa separação para termos uma visão real da nossa situação. Porque os casos de PCR são os que impactam no que diz respeito à capacidade de atendimento. O modelo sorológico está sempre olhando para trás”, disse Patrícia Ellen nesta quarta.

O governo também passou a incluir a rede particular de laboratórios na capacidade total de testagem no estado.

De acordo com Paulo Menezes, o estado ampliou para 602.384 o total de testes já realizados para detectar o novo coronavírus. Mas esse valor inclui tanto testes sorológicos como PCR, e rede pública e particular. Portanto não é possível mensurar a ampliação, já que antes só eram divulgados dados da rede pública e de RT-PCR.

“Hoje a situação é de ter testado mais de meio milhão [525.666] de pessoas com suspeita de Covid-19 com sintomas leves, chamadas síndromes gripais. 76.718 pessoas com casos suspeitos de Covid-19 internadas, casos mais graves, totalizando mais de 600 mil testes [602.384] realizados entre PCR e teste rápido, o que realmente mostra um volume bastante maior do que vinha sendo divulgado até então”, disse Menezes.

Em maio, o governo também anunciou que ampliaria a testagem de RT-PCR para caso leves, já que até então os testes só eram feitos em pacientes graves. Os municípios, no entanto, enfrentaram dificuldade para cumprir a determinação, já que havia falta de kits de amostras para coleta de material. Nesta terça, o governo voltou a prometer que os materiais serão distribuídos.

“Nós estamos distribuindo, essa semana e a semana que vem, 250 mil kits de ‘swab’ com tubo, aqueles cotonetes para fazer coleta de amostra de PCR, pra que todos os municípios do estado de são Paulo aumentem o volume de pacientes com sintomas mais leves testados com o RT-PCR”, disse Menezes.

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/06/17/estado-de-sp-tem-recorde-de-mortes-por-covid-19-pelo-2o-dia-seguido-com-389-obitos-confirmados-em-24h.ghtml