Presos da Lava Jato vão dividir celas e banheiros na Grande Curitiba
Justiça autorizou transferência de 12 presos para o Complexo Médico-Penal.
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Polícia Federal pediu a transferência alegando lotação das celas.
Do G1 PR
Os 12 presos da Operação Lava Jato que serão transferidos para o Complexo Médico Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, vão dividir cinco celas da unidade. O grupo teve a transferência autorizada pelo juiz federal Sérgio Moro, após um pedido da Polícia Federal, que alegou superlotação na carceragem da Superintendência de Curitiba, onde eles estão atualmente.
Os presos respondem a processos por crimes como lavagem de dinheiro, corrupção e fraudes em licitações da Petrobras. Esses crimes, segundo o Ministério Público Federal, foram cometidos para abastecer o caixa de partidos políticos da base aliada do governo. A Operação Lava Jato desmantelou essa quadrilha que agia na estatal e também em outros casos de lavagem de dinheiro.
Nas celas cabem três presos, que compartilham o banheiro (Foto: Tony Matoso/RPC)
A ala que os presos da Lava Jato vão ficar é destinada a receber presos que possuem nível superior e policiais. A transferência dos detentos deve ocorrer na terça-feira (24). Não se sabe como será a divisão dos presos nas celas. Na Polícia Federal, eles também ficavam em celas compartilhadas, porém, com mais pessoas no mesmo espaço.
Atualmente, 90 pessoas estão detidas na ala. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) do Paraná, os presos da Lava Jato poderão interagir com outros detentos durante os banhos de sol, que devem durar uma hora. A roupa será o uniforme fornecido pelo Departamento de Execução Penal (Depen), uma calça cinza, azul ou laranja e camiseta branca. Ao entrar na cela, os presos vão receber um kit que tem, entre outras coisas, escova de dentes e papel higiênico.
Ala recebe presos com nível superior e policiais militares condenados (Foto: Tony Matoso/RPC)
Ao todo, serão cinco celas usadas pelos presos transferidos. No local, é possível colocar uma televisão, mas eles não podem ter ventiladores. O acesso a livros e revistas só será possível pelo acervo da biblioteca do presídio. A alimentação também será a que é fornecida pelo Depen. Não é possível levar objetos pessoais para a unidade.
Em cada cela, cabem três presos. Nenhum dos 12 transferidos recebeu qualquer condenação nos processos da Lava Jato, mas tiveram as prisões preventivas já decretadas pela Justiça Federal, ou seja, devem ficar presos até que se acabe a fase de instrução do processo ou até a eventual condenação. Entre os detentos está o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque.
Veja a lista completa:
- Adir Assad, empresário apontado como um dos operadores do esquema de corrupção;
- Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor-presidente da área internacional da OAS;
- Erton Medeiros Fonseca, diretor de negócios da Galvão Engenharia;
- Fernando Antônio Falcão Soares, lobista conhecido como Fernando Baiano, apontado como um dos operadores do esquema de corrupção na Petrobras;
- Gerson de Mello Almada, vice-presidente da empreiteira Engevix;
- João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa;
- José Aldemário Pinheiro Filho, presidente da OAS;
- José Ricardo Nogueira Breghirolli, apontado como contato de doleiro com a OAS;
- Mário Frederico Mendonça Góes, apontado como um dos operadores do esquema;
- Mateus Coutinho de Sá Oliveira, funcionário da OAS;
- Renato de Souza Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras;
- Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente executivo da Mendes Júnior
Despacho
Na decisão, Sérgio Moro detalhou os motivos pelos quais definiu a custódia dos presos no Complexo Médico-Penal. "Não ouvi as defesas antes das decisões, pois rigorosamente não há um direito de ser recolhido à prisão no local de preferência do preso", disse. O juiz ressalta ainda que "o local apresentado ao juízo para acomodar os presos no sistema prisional estadual parece adequado, talvez até com melhores condições do que as da carceragem [da PF]", pontuou o magistrado.
Outros réus
No despacho, Moro também diz que não autorizou a transferência de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras. Segundo o juiz, o réu já estaria recebendo assistência psicológica na carceragem da Polícia Federal. O pedido do tratamento foi feito pela defesa de Cerveró no início de fevereiro, após o ex-diretor passar mal na sede da PF.
Outro que teve o pedido de transferência negado foi o presidente da construtora UTC, Ricardo Ribeiro Pessoa, por solicitação do Ministério Público Federal (MPF).
Além dos dois, permanecem na sede da PF: o doleiro Alberto Youssef, os executivos da Camargo Corrêa Dalton dos Santos Avancini e Eduardo Leite, além das doleiras Nelma Kodama e Iara Galdino, já condenadas em uma das primeiras ações oriundas da Lava Jato.
Transferência para o DF
No domingo (22), a defesa do vice-presidente da empreiteira Mendes Junior, Sérgio Cunha Mendes, protocolou na Justiça Federal do Paraná um pedido para que Mendes fosse transferido para o presídio da Papuda, em Brasília.
Contudo, Sérgio Moro negou o pedido da defesa. O magistrado alegou que a presença de Cunha Mendes em Curitiba "ainda se mostra necessária".
Presos soltos
Na última sexta-feira (20), três suspeitos presos na 10ª fase da operação, deflagrada na segunda-feira (16), foram soltos, porque as prisões temporárias venceram. São eles: Sônia Mariza Branco, Dario Teixeira Alves e Lucélio Góes.
Conforme a polícia, Mário Góes, o pai de Lucélio, era um dos operadores do esquema de corrupção e atuava por meio da empresa catarinense Arxo. Ele está detido desde fevereiro deste ano.
Sônia Marisa Branco e Dario Teixeira Alves eram, segundo a investigação, "laranjas" do esquema, ligadas ao operador Adir Assad.
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