Transmissão de dados por fibra ótica pode ficar três vezes mais rápida

Pesquisa liderada por cientista brasileira atinge recorde de velocidade em fibra ótica.

Pesquisa desenvolve método para aumentar a largura de banda das conexões de fibra ótica atuais — Foto: Divulgação/StellarNet

Por Filipe Garrett, para o TechTudo

Pesquisadores de Londres conseguiram criar uma conexão por fibra ótica capaz de transmitir 178,08 terabits (Tb) de dados por segundo. A velocidade é suficiente para transmitir o conteúdo de 222 discos de Blu-Ray, com imagens em altíssima definição num único segundo. A troca de dados é em média três vezes mais veloz do que as melhores conexões por fibra da atualidade.

A pesquisa é realizada por cientistas University College de Londres (UCL) sob a liderança da brasileira Lídia Galdino. O estudo descrito no IEEE Photonics Technology Letters pode levar ao surgimento de novos tipos de conexão de banda larga de alta velocidade no futuro.

Para você ter uma ideia mais clara da velocidade, 178,08 Tb são equivalentes a 22,25 TB (terabytes) de dados a todo segundo. Para comparar, o cabo submarino do Google que liga Estados Unidos e Japão dá conta de 60 Tb/s, ou 7,5 Terabytes por segundo entre os dois países.

Toda essa velocidade chega a colocar o 5G em perspectiva. Os 178,08 Tb/s são equivalentes a uma largura de banda de 16,8 THz (terahertz), enquanto padrões mmWave do 5G ficam em 24 GHz (ou 0,024 THz) para velocidades entre 1 e 3 Gb/s.

A solução encontrada pelos cientistas para aumentar a capacidade de transmissão da fibra ótica foi criar um sistema em que os cabos usam um grupo de cores de luz maior do que o normal. A saída permite que a fibra aumente a capacidade de dados transmitidos.

Para que isso funcionasse, foram necessárias modificações para amplificar o sinal e corrigir inconsistências entre as diferentes frequências de luz, como um novo padrão geométrico que alterna cuidadosamente brilho, fase e polarização dos diferentes comprimentos de onda (ou “cores”), de forma que esses pulsos luminosos possam carregar mais informação sem interferir uns com os outros.

A necessidade de amplificar o sinal é parecida com a forma como um repetidor Wi-Fi funciona: a partir de certa distância, a tendência é que o sinal de luz dentro do cabo comece a perder intensidade e a ser absorvido pelo meio.

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O resultado do estudo é importante também porque sua aplicação não seria tão cara, segundo os pesquisadores. Seria possível instalar novos amplificadores a distâncias determinadas como forma de aumentar a capacidade da infraestrutura já existente, sem os custos pesados relacionados à instalação de novos cabos.

Nas contas dos cientistas, a instalação de amplificadores e outras modificações necessárias poderiam ser orçadas na casa dos US$ 21 mil (R$ 117 mil) a cada intervalo entre 40 e 100 km de cabo, enquanto o custo de cada quilômetro novo de cabos fica na casa dos US$ 594 mil (R$ 3,3 milhões por quilômetro).

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