Paciente espera há 30 dias para passar por cirurgia no coração em MT
Secretaria afirma que na próxima segunda (02) o paciente deve ser operado.
"A importância dessa cirurgia é minha vida ou minha morte. Conforme meu estado clínico, posso até não conseguir terminar essa entrevista". A frase é do vendedor Márcio Rogério Adolfo Fagundes, de 37 anos, que sofre de insuficiência coronariana e está há mais de 30 dias internado à espera de uma cirurgia em Cuiabá. Ele cobra que o governo do estado de Mato Grosso e a Prefeitura de Cuiabá cumpram uma ordem judicial expedida no último dia 13 de junho para que ele possa ser submetido a uma cirurgia no coração. De acordo com o bolem médico do Hospital Santa Helena, Márcio Fagundes necessita de intervenção cirúrgica em caráter de urgência, caso contrário corre o risco de morrer.
O paciente reclama que não consegue entender o porquê da ordem judicial estar sendo desrespeitada pelo governo do estado. “A gente não consegue entender por que o estado está descumprindo uma liminar judicial. A vida do cidadão que trabalha e paga impostos não está valendo mais nada. Agora fica a dúvida, até onde vai o poder de um juiz hoje?”, indagou.
A mãe de Márcio, Elza Fagundes, apela para que as autoridades cumpram a determinação para realizar a operação no filho e salvá-lo, antes que seja tarde demais. “Posso perder meu filho a qualquer momento. Estou pedindo, pelo amor de Deus, que alguém tenha piedade e salve meu filho. O médico já avisou que ele precisa fazer essa cirurgia, senão vamos perdê-lo", explicou.
Já o pai de Márcio, Carlos Roberto Cheise, muito abatido com o sofrimento do filho, contou que não aguenta mais procurar as autoridades de Mato Grosso. Segundo ele, já bateu à porta de todos os hospitais com a ordem judicial em mãos, mas o estado não quer arcar com as despesas da operação. “Meu filho está morrendo e as pessoas estão brincando com a vida dele. Eles não querem cumprir uma ordem legal. Isso é um absurdo. Já perdi a fé nas leis brasileiras”, reclamou o pai do paciente.
De acordo com o processo N°420/2012 da Quinta Vara Especializada da Fazenda Pública, a ordem judicial foi expedida no último dia 13 de junho pelo juiz Roberto Teixeira Seror. Conforme a liminar, o estado de Mato Grosso e o município de Cuiabá já foram intimados no dia 18 de junho, e caso a coordenação do Regional do Estadual do SUS e/ou Gestor Único de Saúde, no âmbito estadual, descumprisse a ordem judicial, a multa diária seria de R$ 5 mil.
No entanto, a Defensoria Pública de Mato Grosso já pediu que o estado e o município providenciem urgentemente a transferência do paciente para uma unidade de saúde que possa realizar a operação. “Vamos requerer em caráter de urgência a transferência do paciente para ele realizar a cirurgia no hospital. Caso o estado ou município descumpram a decisão proferida pela justiça, vamos pedir o bloqueio da verba pública”, ressaltou a defensora pública Kelly Cristina Veras Monteiro.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde (SES), o estado transfere mais de R$ 3 milhões para o município de Cuiabá, que tem a responsabilidade, segundo a SES, de realizar as cirurgias de alta complexidade nos casos de urgência. Deste modo, cabe à Secretaria, após esse repasse, cobrar através da Central Estadual de Regulação do município de Cuiabá que providencie as cirurgias.
O secretário adjunto da Secretaria de Saúde de Cuiabá, Huark Douglas Corrêa, afirmou ao G1 que já entrou em contato com a equipe médica de um hospital particular da capital, que será responsável pela operação do paciente. Segundo ele, Márcio está em condições de esperar até o final da semana para ser operado. “Já conversei com o médico responsável pelo caso do Márcio Fagundes. Na próxima segunda-feira (02), pela manhã, ele será operado, pois alguns leitos já foram liberados na unidade de saúde”, afirmou o adjunto.
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