Avó que fez parto do neto no meio da rua se emociona: \'Vitória e desespero\'
Ela seguia para o hospital quando carro estragou; mãe e filho passam bem.
Sílvio TúlioDo G1 GO
A dona de casa Cleide Aparecida de Jesus, de 44 anos, se diz emocionada por ter feito o parto do próprio neto, na terça-feira (5), dentro de um carro estragado, em uma das avenidas mais movimentadas de Goiânia. "É um sentimento de vitória e desespero ao mesmo tempo", descreve, chorando. Com o veículo quebrado, coube à avó trazer a criança ao mundo.
Ele afirma que se sente vitoriosa. Afinal, o bebê nasceu saudável, pesando 3,5 kg e medindo 51 centímetros. O nome do menino, revela, já foi escolhido: Jesus Cristian. O motivo? "É um garoto abençoado por Deus desde que nasceu", explica a avó.
Mãe e filho estão internados no Hospital Materno Infantil (HMI), na capital, e passam bem. A família saiu de Morrinhos, cidade onde mora, e seguia para o hospital quando o veículo estragou na Avenida Anhanguera.
A dona de casa afirmou que ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Corpo de Bombeiros e para a polícia, mas acabou precisando fazer o parto do neto. "Isso deixa a gente indignada. No momento em que você mais precisa, eles não te ajudam".
Ela conta que o genro encontrou três policiais que passavam de moto pelo local e eles prestaram assistência à mulher. Um deles conseguiu falar por telefone com um bombeiro para que pudessem realizar o parto. Cerca de 15 minutos depois que o bebê havia nascido, uma médica, que também estava de passagem pelo local, prestou os primeiros cuidados à criança (veja vídeo abaixo).
De acordo com Cleide, um carro do Corpo de Bombeiros levou a filha e o neto ao hospital cerca de uma hora após o parto.
Gravidez de risco
A jovem estava na 38ª semana de gestação e, segundo a mãe dela, a gravidez era considerada de risco. Por conta disso, alega, todo o pré-natal foi realizado em Goiânia e não em Morrinhos, cidade a 125 km da capital, onde a família mora.
Cleide contou que na segunda-feira (3), ela, a filha e o genro foram ao HMI para o bebê nascer. A jovem chegou a ficar internada, mas, por volta das 23 horas, foi liberada pelos médicos, que pediram para que ela ficasse em Goiânia. "Não temos parentes nem dinheiro para pagar um hotel aqui. Como iríamos ficar?", questionou Cleide.
Eles então voltaram para Morrinhos. No dia seguinte, por volta de 12h30, a bolsa da gestante se rompeu e a família teve de voltar para a capital. "Se eles sabiam que ela poderia dá à luz a qualquer momento, teriam que ter deixado ela internada", reclama.
Cleide, que tem três filhos e dois netos, agora só quer curtir o caçula da família. A previsão é de que mãe e filho tenham alta em dois dias.
Respostas
O diretor-técnico do Hospital Materno Infantil, Ivan Isaac, explicou ao G1 que só fica internada na unidade de saúde a gestante que está em trabalho de parto ou tem alguma complicação na gravidez, o que, na avaliação dele, não era o caso da jovem. O médico argumentou que a mulher deveria procurar o hospital nos primeiros sintomas de dor, mas que ela só veio da cidade onde mora quando a bolsa estourou. O diretor informou que o estado de saúde do bebê é bom.
Procurados pelo G1 no início da manhã desta quarta-feira (6), a assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros e a coordenação do Samu disseram que precisavam se informar melhor sobre o caso para se posicionar, o que não aconteceu até a publicação desta reportagem.
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