‘Preenchi as olheiras e, por erro da profissional, meus olhos ficaram inchados e roxos; tive uma inflamação grave e precisei tirar o ácido’
Ela aplicou anestésico e o ácido. Não senti nenhuma dor. Na hora, ficou só um pouquinho inchado.
A professora Marina Marques descobriu depois que quem aplicou o ácido hialurônico nas suas olheiras não tinha credencial de biomédica para esse tipo de procedimento
Por Alice Arnoldi, em colaboração para a Marie Claire — de São Paulo (SP) - 27/06/2025
Embora Marina tenha levado a situação com graça e leveza nas redes sociais, ela conta que o desenrolar da situação prejudicou bastante sua saúde emocional — Foto: Arquivo pessoal
A professora Marina Marques, de 29 anos, percebeu que suas olheiras escureceram ainda mais após a gestação do primogênito, Augusto, que está com cinco meses. Em uma tentativa de recuperar sua autoestima, fez um preenchimento com ácido hialurônico na região. Só que o procedimento estético desencadeou uma infecção no local, porque o produto foi injetado de maneira errada.
Marques procurou a profissional por indicação de uma amiga. “Quando ela fez a aplicação, eu não assinei nenhum termo. Ela apenas sentou comigo e me explicou que eu tinha uma leve profundidade nas olheiras, e que o ácido hialurônico daria uma suavizada nisso e melhoraria muito minha queixa de hiperpigmentação”, conta.
A realização do procedimento estético parecia correta: a profissional colocou luvas, mostrou o produto que seria usado e abriu a agulha na frente de Marques.
“Ela aplicou anestésico e o ácido. Não senti nenhuma dor. Na hora, ficou só um pouquinho inchado. Mas no outro dia, quando acordei, meu olho parecia que eu tinha sido picada por algum inseto. Estava enorme”, lembra.
A professora entrou em contato com a profissional, e ouviu que tudo estava dentro da normalidade, que o inchaço se estenderia por até sete dias.
A piora após o procedimento estético
No segundo dia, a profissional foi até a casa da paciente, fez uma drenagem na região dos olhos e prescreveu o antibiótico cefalexina.
“No começo, não fiquei tão preocupada porque não sentia dor, não tive febre ou coceira no local. Mas o inchaço foi muito grande”, relata.
Mesmo após os sete dias, os olhos de Marques continuavam inchado, mas a profissional seguia dizendo que era normal, porque cada organismo era diferente. Simultaneamente, a professora gravou vídeos para o TikTok sobre o que estava acontecendo, e começou a ser alertada de que aquela situação não estava normal.
“Treze dias após o procedimento, entrei em contato com ela e falei que não dava para esperar mais. Disse que queria tirar o ácido. Foi quando ela falou que poderia tirar, mas que ela queria que eu arcasse com os custos do produto e dividisse com ela os custos do combustível para ela poder vir para minha cidade”, conta.
A descoberta do erro no procedimento estético
Com a viralização do caso, um biomédico de Unaí (MG), cidade onde a professora mora, entrou em contato com ela para avaliar a situação. Ele sugeriu que fosse feita uma pequena incisão no local inchado para descobrir o que estava por debaixo.
“Quando ele fez essa ordenha, ele viu logo de cara que havia uma infecção ali, que estava cheio de pus. Então, ele tentou tirar ao máximo de pus com um produto”, conta. O biomédico também usou a enzima hialuronidase para quebrar o ácido hialurônico que tinha no local, e encaminhou Marques para um clínico geral para que ela pudesse tomar antibiótico.
Durante a análise do que aconteceu com a pele da professora, o biomédico chegou à conclusão de que o ácido hialurônico foi aplicado excessivamente em uma camada errada da pele.
Marques segue com a medicação para conter a infecção e também foi encaminhada para um of-talmologista para fazer um ultrassom embaixo dos olhos.
“Entrei em contato mais uma vez com a profissional que me atendeu para dar um feedback do que realmente está acontecendo. Ela me informou que não tem mais nenhuma responsabilidade sobre mim desde o momento que eu deixei outra pessoa tocar no meu olho, e que eu não respei-tei o tempo de o ácido desinchar”, conta.
Marques procurou um advogado para entrar com uma ação contra a profissional, e acabou descobrindo que ela não tem a licença de biomédica para fazer esse tipo de procedimento.
Preenchimento de olheiras: o que é e como funciona
“O preenchimento de olheiras com ácido hialurônico pode trazer vários benefícios, como a redução da aparência de olheiras escuras e profundas, a melhora da textura e do aspecto da pele ao redor dos olhos, preenchimento de sulcos e rugas finas por meio de resultados naturais”, explica a dermatologista Rebecca Salvioni Kimura, do Hospital Santa Paula.
O procedimento estético consiste na aplicação da anestesia no local ou não, conforme a sensibilidade do paciente, e a colocação do ácido hialurônico, a partir de uma cânula.
“Durante a recuperação, as reações podem variar como leve inchaço ou vermelhidão na área tratada. Sensibilidade ou dor leve e pequenos hematomas podem ocorrer. Formação de pequenos nódulos ou irregularidades podem ser temporários além do próprio ajuste do produto ao longo do tempo, o que pode levar a uma aparência mais natural”, esclarece Salvioni.
Já quando o inchaço, os hematomas e a vermelhidão são excessivos, bem como a sensibilidade e coceira local, podem indicar complicações na aplicação do ácido histórico.
“É fundamental monitorar os sinais e sintomas após o preenchimento, manter contato com o profissional de saúde em caso de desconforto ou reação incomum e seguir as orientações de cuidados pós-procedimento para minimizar riscos e garantir uma recuperação segura”, finaliza a dermatologista.
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