Prolapso genital causa vários problemas para a mulher

As mulheres são mais suscetíveis à ocorrência de prolapsos, porque possuem dois hiatos centrais

por Maria Helena Varella Bruna

Prolapso genital é um distúrbio provocado pela perda de sustentação de órgãos que constituem o assoalho pélvico. Entre as causas estão gravidez e partos múltiplos, obesidade, envelhecimento e alterações hormonais.

Prolapso genital, conhecido popularmente como bexiga caída, é um distúrbio provocado pela per-da de sustentação não só da bexiga urinária, mas também de órgãos como a uretra, útero, intes-tino, reto e segmentos vaginais por causa da fragilidade dos músculos que constituem o assoalho pélvico.

Os prolapsos genitais recebem denominações próprias conforme o órgão que se deslocou: cistocele (bexiga), uretrocele (uretra), uterino (útero), eritrocele (vagina), enterocele (intestino) e retocele (reto).

As mulheres são mais suscetíveis à ocorrência de prolapsos, porque possuem dois hiatos centrais entre os orifícios da uretra, da vagina e do ânus, que promovem uma falha na musculatura elevadora do ânus e na musculatura coccigea, o que facilita a descida dos órgãos naturalmente suspensos na cavidade pélvica.

A prevalência do prolapso genital é alta. Ele pode aparecer em todas as faixas de idade, mas mulheres multíparas a partir dos 60 anos correm risco maior de desenvolvê-lo.

Causas

Gravidez e partos múltiplos, eventos que tornam mais flácidos e delgados os músculos do assoa-lho pélvico, assim como obesidade, envelhecimento, alterações hormonais, e certas doenças mus-culares, neurológicas e genéticas são as principais causas do prolapso genital. Entre todas, porém, a mais importante é o aumento da pressão intra-abdominal durante a gravidez e no trabalho de parto, haja vista que a passagem do bebê provoca ruturas nos músculos que sustentam os órgãos situados na cavidade pélvica.

Sintomas

No início, o prolapso genital costuma ser assintomático. Com a evolução do quadro, porém, po-dem surgir um abaulamento na cavidade vaginal acompanhado de sensação de peso, que diminui em repouso e aumenta durante os exercícios físicos, e dor no baixo ventre (hipográstio). Nos prolapsos de bexiga, é comum ocorrer um comprometimento miccional que vai desde perda invo-luntária da urina até a impossibilidade de urinar. Quanto ao controle fecal, as queixas são tanto de prisão de ventre (obstipação intestinal), quanto de crises de diarreia e tenesmo, isto é, a sen-sação de uma falsa necessidade de ir ao banheiro com frequência.

Diagnóstico

O diagnóstico de prolapso é feito com base na história da paciente e num exame clínico na posi-ção ginecológica e em pé. Exames sofisticados de imagem só se fazem necessários nos casos que recidivam depois do tratamento cirúrgico.

Tratamento

O tratamento é sempre cirúrgico. O objetivo é a correção total do defeito do assoalho pélvico e das lesões satélites responsáveis pela incontinência urinária e fecal.

A técnica cirúrgica consiste em utilizar telas feitas com um material sintético especial para recobrir todo o assoalho pélvico a fim de fortalecer essa região com menos músculos e onde se localizam os orifícios da uretra, vagina e reto. Essas telas próprias para a correção dos prolapsos genitais são quase imperceptíveis. Com elas, o índice de sucesso das operações chega a 90%.

No entanto, pacientes mais idosas podem não apresentar condições clínicas ideais para a indica-ção cirúrgica. Para esses casos, existem aparelhos de borracha na forma de anéis (pessários vaginais), que podem ser colocados dentro da vagina. Eles são introduzidos como se fossem dia-fragmas. Alguns são específicos para os defeitos da bexiga, outros para recolocar o útero no lugar e um tipo diferente é utilizado para os prolapsos do reto. Esses dispositivos resolvem o problema temporariamente, mas sua estrutura rígida pode causar ferimentos na mucosa vaginal e aumentar o risco de desenvolver infecções urinárias e genitais.

Recomendações

Saiba que “bexiga caída” não é uma alteração ginecológica ou urinária que surge necessariamente com o envelhecimento e para qual não existe tratamento. Procure um médico tão logo apareçam os primeiros sintomas;

Não se descuide do pré-natal. Esse acompanhamento médico é fundamental para a saúde e bem-estar da gestante e do bebê;

Informe-se sobre os exercícios que podem ser realizados durante a gravidez e o puerpério  e que ajudam a fortalecer a musculatura do assoalho pélvico;

Evite o excesso de peso, especialmente durante a gravidez;

Lembre-se: exercícios físicos que promovem o aumento da pressão intra-abdominal são contraindicados para as portadoras de prolapsos genitais.

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