Brasil chega a 1 milhão de casos de dengue, e Ceará tem apenas 0,3% dos registros; entenda os motivos

O combate depende de todos, seja a sociedade em geral, governo e profissionais de saúde.

Larvas do mosquito transmissor da dengue — Foto: Rogério Capela/PMC

Até segunda-feira (26), foram notificados 3.146 casos de dengue no Ceará. Em todo o país o número de casos passou de 1 milhão.

Por g1 CE

O Brasil passou de 1 milhão de casos (prováveis e confirmados) de dengue em 2024. Segundo dados do Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde desta quinta-feira (29), o país registrou 1.017.278 casos nas primeiras oito semanas deste ano.

No entanto, o Ceará tem ido na "contramão" do cenário visto nacionalmente. De acordo com dados do IntegraSUS da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) desta segunda-feira (26), foram notificados 3.146 casos de dengue no Ceará, com 384 confirmações. O número de casos em investigação equivale a 0,3%.

Segundo a pasta, os casos de dengue registrados no ano passado (14.066 confirmados) apontam para uma redução de 64,6% em relação ao ano de 2022 (39.764).

Sobre esses poucos casos confirmados da doença, o secretário Executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antonio Lima Neto, já havia antecipado ao g1 em fevereiro que vários fatores contribuem para esse cenário.

Uma das causas prováveis é a expansão do mosquito Aedes aegypti para outros estados ligada ao aquecimento global.

“Durante muitos anos, estivemos solitários nessa situação. O Nordeste era onde praticamente se tinha exclusivamente epidemia de dengue; às vezes, com Rio de Janeiro ou Goiás”, lembrou o secretário.

“O que tem acontecido, pelo menos nos últimos oito ou dez anos, é que a transmissão de dengue no Ceará (praticamente em todo o Nordeste) tem se mantido baixa em relação à série histórica”, destacou.

Ele disse que o cenário se tornou mais evidente após a pandemia de Covid-19, com vários casos de epidemias vistos no Centro-Sul do Brasil. Uma das causas prováveis é a expansão do mosquito Aedes aegypti para outros estados ligada ao aquecimento global.

“Durante muitos anos, estivemos solitários nessa situação. O Nordeste era onde praticamente se tinha exclusivamente epidemia de dengue; às vezes, com Rio de Janeiro ou Goiás”, lembrou o secretário.

O que devemos fazer

A dengue só acontece se houver a presença do mosquito Aedes aegypti. Essa é, praticamente, a única forma de transmissão da doença que causa repercussão na sociedade. Para evitar, então, não há muito segredo: precisamos acabar com os criadouros do mosquito. E o combate depende de todos, seja a sociedade em geral, governo e profissionais de saúde.

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 75% dos criadouros do mosquito transmissor estão nos domicílios, como em vasos e pratos de plantas, garrafas retornáveis, pingadeira, recipientes de degelo em geladeiras, bebedouros em geral e materiais em depósitos de construção (sanitários estocados, canos e outros). Esses criadouros permitem a proliferação da fêmea do mosquito Ae-des aegypti (transmissora da dengue).

"O controle é vetorial, precisamos combater o mosquito. A população precisa ser educada, enten-der que a dengue é uma doença grave e devemos controlar o criadouro. Já os gestores precisam disponibilizar larvicidas, fumacê, distribuição de inseticidas", diz Kleber Luz.

O infectologista e consultor da OMS lembra que a dengue mata pessoas absolutamente saudáveis e de qualquer idade. Por isso, ao apresentar os primeiros sintomas, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, visto que a infecção pode evoluir rápido e o óbito pode vir no terceiro ou quarto dia.

https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2024/03/01/brasil-chega-a-1-milhao-de-casos-de-dengue-e-ceara-tem-apenas-03percent-dos-registros-entenda-os-motivos.ghtml