Calor extremo: pessoas com doenças crônicas devem evitar choque térmico

Perigoso, especialmente para quem tem doenças pré-existentes, como pacientes cardíacos.

Mudanças bruscas entre calor e frio podem trazer consequências para a saúde Crédito: Samuel Setubal/ O POVO 

Mudar de um ambiente com ar-condicionado para o externo exige um esforço de adaptação do corpo e pode comprometer a imunidade. Entenda outras consequências 

Autor Marcela Tosi 

Qualquer mudança brusca de temperatura no organismo é percebida como um estresse, exigindo adaptação do corpo. Diante das intensas ondas de calor, com temperaturas ultrapassando os 40 graus Celsius em diversas cidades brasileiras, é comum que as pessoas fiquem muito expostas ao sol ou recorram ao uso excessivo do ar-condicionado. Entretanto, o conhecido “choque térmico” entre ambientes pode ser perigoso, especialmente para aqueles com doenças pré-existentes, como pacientes cardíacos.

Ao sair de um ambiente muito quente para o frio — como entrar na água gelada depois de horas ao sol — os vasos sanguíneos se contraem. Com isso, há um aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, o que pode levar a uma sobrecarga do coração e até causar arritmias. 

Por outro lado, segundo médicos ouvidos pela Agência Einstein, mudar de repente do frio para o calor excessivo provoca uma vasodilatação e uma queda de pressão. Dependendo do estado de saúde e das condições da pessoa, ela pode sentir tonturas ou sofrer até um desmaio. 

Os especialistas recomendam que portadores de doenças crônicas evitem se expor a contrastes bruscos de temperatura. “Isso não costuma causar problemas na maioria das pessoas, tanto que não vemos muitos relatos no dia a dia, mas quem tem doenças já estabelecidas deve tomar mais cuidado”, diz o cardiologista Marcelo Franken, gerente de Cardiologia do Hospital Israelita Albert Einstein. 

"A recomendação vale especialmente para quem sofre de transtornos circulatórios ou cardíacos, como insuficiência, além dos idosos." 

Segundo o cardiologista, essas pessoas só devem utilizar sauna, por exemplo, com a autorização do médico, e devem evitar entrar em banheiras com gelo após a exposição ao calor. Na praia ou na piscina, caso estejam com o corpo muito quente, a recomendação é refrescar-se gradualmente antes de entrar diretamente na água.

Alimentação no calor

Além disso, mesmo quem não tem problemas de saúde deveria evitar nos dias mais quentes alimentos muito calóricos, que produzem calor, como gorduras e açúcar. O melhor é optar por alimentos leves, como saladas, legumes e frutas.

Outra orientação médica é ficar atento à hidratação e dar preferência para o consumo de água — e não bebidas alcoólicas —, além de buscar ambientes arejados e protegidos do sol. 

É importante lembrar, ainda, que ambientes com ar-condicionado são mais secos, resultando no ressecamento das mucosas e dos cílios, responsáveis pela filtragem do ar no sistema respiratório. Por isso, recomenda-se o uso de soro fisiológico nos olhos e narinas.

O esforço contínuo do organismo para se adaptar entre ambientes extremamente quentes e frios também pode comprometer a imunidade, facilitando infecções em pessoas mais suscetíveis. (Com Gabriela Cupani, da Agência Einstein)

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