"Dizer aos meus filhos que estou morrendo foi a coisa mais difícil que tive que fazer", desabafa mãe
No Canadá, para iniciar o tratamento, especialistas alertaram Jennifer que seu quadro era bem delicado e o plano era controlar o tumor
Mãe conta para os filhos sobre diagnóstico terminal de câncer — Foto: Reprodução Newsweek
Jennifer Mihill, que foi diagnosticado com um tumor cerebral agressivo em 2022, conta como vem preparando os filhos para a sua partida
Por Crescer Online
Receber o diagnóstico de uma doença terminal é um momento muito doloroso. No caso de pacientes que são pais, a situação é ainda mais delicada, pois há a preocupação com os filhos, especialmente em como dar essa notícia tão difícil. Mãe de dois, a médica Jennifer Mihill vem enfrentando esse desafio desde que foi diagnosticada com um glioblastoma, um tumor cerebral agressivo. Embora a cirurgia possa ajudar a remover parte do tecido maligno, as células tumorais podem afetar outros tecidos, dificultando a remoção completa do tumor. Diante dessa situação, a mãe conversou com os filhos Scarlett e Cooper, que têm apenas 9 e 7 anos, sobre o seu diagnóstico.
Em entrevista à revista norte-americana Newsweek, Jennifer contou que seu câncer foi encontrado "quase por acidente", depois que ela foi internada no hospital em fevereiro de 2022 com covid-19, sofrendo do que ela, inicialmente, pensou serem apenas sintomas do vírus. "Eu estava me sentindo mal, mas pensei que fosse por causa da covid-19. Tive alguns sintomas, mas simplesmente não reconheci que eram de um tumor cerebral. Tive algumas dores de cabeça e um pouco de náusea e eu também tinha alguns comportamentos bizarros. Comecei a fazer coisas que eu não fazia antes. Quando fui internada no hospital, continuei a me sentir mal e depois fiquei meio confusa e um pouco desorientada", ela disse.
Após uma semana no hospital, uma ressonância magnética confirmou o diagnóstico de câncer e mãe viajou para Toronto, no Canadá, para iniciar o tratamento. No entanto, os especialistas alertaram Jennifer que seu quadro era bem delicado e o plano era controlar o tumor e fazer o máximo possível para aumentar a expectativa de vida dela, que era de cerca de três anos. "Dizer aos meus filhos que estou morrendo foi a coisa mais difícil que tive que fazer", a médica desabafou. "Eu realmente me esforcei por alguns meses e então percebi que não tinha as ferramentas para fazer isso", completou.
O desafio de contar aos filhos
Diante dessa situação, Jennifer decidiu procurar uma psicóloga infantil, que trabalha especificamente com crianças cujos pais têm câncer, e questionou qual seria a melhor maneira de dizer a uma criança que sua mãe está com uma doença terminal. "Ela foi muito honesta comigo e me explicou que eu precisava prometer aos meus filhos que não esconderia nada deles porque, caso contrário, eles teriam medo de tudo o tempo todo".
Segundo a psicóloga, as crianças também têm grandes emoções e muitos dos mesmos medos que os adultos, no entanto, elas os expressam de uma maneira diferente. Dessa forma, a melhor maneira de abordar essa situação é sendo honesto de acordo com a idade. Em relação à reação dos filhos com a conversa, Jennifer disse que eles foram bem corajosos e positivos sobre a situação. "Honestamente, depois que você conta à sua família, é tão libertador porque eles não atribuem nenhum significado a isso. Eles aceitam o que eu digo então quando eu digo que vai ficar tudo bem, e vamos superar isso, não importa qual seja o resultado, eles confiam em mim", ela revelou.
Quando souberam do diagnóstico terminal da mãe, as crianças reagiram de diferentes maneiras. Cooper tinha acabado de completar seis anos, então, seu entendimento foi um pouco mais limitado em comparação com o da irmã mais velha. Segundo Jennifer, a filha lidou de forma madura com a notícia. Para a médica, a conversa honesta sobre a situação foi importante para preparar seus filhos para viverem uma vida sem ela. "Eles não têm mais medo de tudo isso. O que eles têm medo é quando você mente para eles ou esconde as coisas deles". No início, ela tentou esconder o diagnóstico dos filhos e as crianças disseram que ficavam com muito medo ao ver a mãe conversando com o pai de portas fechadas e tinham medo que algo ruim acontecesse de imediato.
Preparo financeiro
Jennifer Mihill também está pensando na estabilidade financeira de sua família com a sua partida. "Eliminei todas as contas pessoais que tenho, todas as nossas contas são contas conjuntas. Certifiquei-me de que todas as contas estão em nossos nomes. Abri uma conta bancária recentemente para meus filhos pequenos", disse ela, acrescentando que o pai das crianças também tem acesso à conta.
Entre outras maneiras de preparar o futuro dos filhos, a mãe também colocou o fundo educacional das crianças em um fundo e direcionou todas as suas apólices de seguro de vida para o marido e algumas diretamente para os filhos. "Certifiquei-me de que eles tenham acesso a esses fundos ao longo do tempo e de forma adequada, quero que entendam a importância de economizar dinheiro e assim por diante. Também transferi meu veículo para meu marido, para que não haja problema se ele quiser vender um dos veículos que temos, tentando eliminar todas essas coisas que ele teria que fazer como executor do meu testamento", ela explicou.
Hoje, Jennifer quer aproveitar cada momento com os seus filhos e deixar lições de vida importantes para eles. "No fundo do meu coração, quero que meus filhos sejam realmente felizes e que riam e sigam em frente, então estou tentando incutir um pouco de resiliência neles porque são jovens e podem seguir em frente com felicidade", ela finalizou.
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