De doenças cardíacas a depressão e ansiedade: os perigos do sedentarismo

Para se ter uma ideia do alarde, na América Latina, o país ocupa o primeiro lugar e no ranking globa

Nesta sexta (10) é lembrado o dia do combate ao sedentarismo; o Brasil dispara como país da América Latina que mais possuí pessoas sedentárias

Por Redação GQ

Dia 10 de março é o dia do Combate ao Sedentarismo Pexels

Basta uma rápida busca no Google com o termo sedentarismo e encontramos fotos que ilustram bem o imaginário popular quando se trata do assunto. Geralmente, são personagens retratados em sofás ou camas, com roupas confortáveis e, no pior dos casos, cercados por fast foods. Acontece que, na prática, tais composições não são necessariamente uma realidade – e muito menos definem o que é uma pessoa sedentária.

Apontado como um comportamento que promove pouco ou quase nada de gasto energético no organismo, o sedentarismo é considerado uma doença mundial e questão importante de saúde pública mundial. No caso do Brasil, pelo menos 47% da população sofre com o diagnóstico, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para se ter uma ideia do alarde, na América Latina, o país ocupa o primeiro lugar e no ranking global, é o 5º país com mais pessoas sedentárias, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para além dos esteriótipos, a GQ Brasil buscou entender o que define o sedentarismo, suas principais características, riscos e, mais importante, tratamentos para a doença que afeta não só a saúde física, mas também a saúde mental de milhões de brasileiros.

84% dos jovens brasileiros são sedentários — Foto: Getty Images

Conforme a definição da OMS, a pessoa sedentária é aquela que não alcança um volume mínimo de atividade física semanal e acaba tendo pouquíssimo gasto energético -- o que é significativo quando colocado aos níveis de repouso saudáveis para o funcionamento do corpo.

"Como características de uma pessoa sedentária, posso citar: a falta de gosto por exercícios, baixa capacidade e disposição para as atividades diárias, estar acima do peso e não dormir bem", comenta a Dra. Renata Castro, médica cardiologista e especialista em medicina esportiva

Além da falta de disposição, fadiga e cansaço (físico e mental), o sedentarismo também pode aparecer no dia a dia, afetando tanto a vida pessoal, quanto a vida profissional. "Causa prejuízos e distúrbios do sono e ansiedade, que podem reduzir a produtividade", comenta a especialista.

Os efeitos na saúde mental

Uma pessoa sedentária é mais suscetível a desenvolver quadros de depressão e ansiedade, é o que explica a médica psiquiatra Dra. Nina Ferreira. "O exercício físico não protege totalmente, mas diminui a chance de desenvolver esses transtornos. O sedentarismo também pode piorar a qualidade da saúde mental, afetando o sono, a memória, concentração, o raciocínio, e a piora na regulação das emoções", alerta.

Não existe uma cartilha de sinais específicos em relação ao sedentarismo quando posto nesta questão, mas geralmente pessoas sedentárias lidam com alterações de humor e até de apetite, diz Ferreira, "Uma pessoa com esse comportamento pode e deve tratar essa questão do ponto de vista mental."

As doenças mais comuns provocadas pelo sedentarismo

Um relatório da OMS estima que o número de pessoas sedentárias ao redor do mundo, chegue em 500 milhões até 2030. Isso preocupa os especialistas já que o sedentarismo pode desencadear outros problemas de saúde como doenças cardíacas, obesidade, diabetes, hipertensão, osteoporose, câncer (alterações nos níveis de lipídeos no sangue) e apneia do sono.

A endocrinologista Dra. Claudia Chang reforça que uma vida sem exercícios, reduz o metabolismo e prejudica a capacidade do organismo de controlar os níveis de açúcar no sangue, regular a pressão arterial e decompor a gordura. "A longo prazo, o indivíduo desenvolve perda de força física, atrofia muscular, dores nas articulações, aumento excessivo de peso, acúmulo de gordura abdominal e no interior das artérias."

Os riscos para o coração são inúmeros, como pontua o cardiologista Dr. Roberto Yano, o sedentarismo pode levar, principalmente, ao aceleramento do processo de aterosclerose, aumentando assim as chances de infartos ou derrames. "Além disso, a falta de atividade física também está relacionada à redução da capacidade do coração de bombear sangue e levar oxigênio e nutrientes para o corpo, o que reflete até mesmo na falta de ar em atividades simples do dia a dia".

É possível vencer o sedentarismo

Dra. Renata Castro afirma que em média, um adulto (18 a 64 anos) deve fazer pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada ou 75 minutos de atividade aeróbica intensa e treino de força pelo menos duas vezes por semana.

Os idosos (a partir dos 65 anos), precisam de treinos de flexibilidade e mobilidade pelo menos três vezes por semana. Para crianças e adolescentes (de 5 a 17 anos) é recomendado 60 minutos de atividade física moderada à intensa por dia, com ênfase em exercícios aeróbicos em pelo menos três dias da semana.

Não existem segredos para vencer o sedentarismo. Aliar uma rotina de atividades físicas com um acompanhamento médico é a combinação ideal para quem deseja sair da estatística. "Lembrando que pessoas com comorbidades específicas precisam de acompanhamento médico para realizar a atividade mais indicada", finaliza a Dra. Claudia Chang.

https://gq.globo.com/saude/noticia/2023/03/sedentarismo-como-tratar.ghtml