Comer sem comprometer o futuro: projeto da USP ensina alimentação sustentável

“Nosso propósito é incentivar a reflexão pautada em evidências científicas sobre alimentação saudável e sustentável.”

Por Valentina Moreira, do Jornal da USP

Sustentarea, da Faculdade de Saúde Pública da USP, promove iniciativas de formação sobre o tema da alimentação e sustentabilidade; projeto oferece curso gratuito sobre os ODSs da ONU e sistemas alimentares com inscrições abertas até 22 de maio

Alimentação é um assunto mais complexo do que escolher o que será servido na hora do café, almoço ou jantar. Por trás de cada prato de comida, há questões sobre como aqueles alimentos são produzidos e quais são os seus efeitos na saúde humana e para o meio ambiente. Formar cidadãos conscientes sobre este tema é o que propõe o Sustentarea, Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão (Nace) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) voltado para a disseminação da alimentação sustentável. Fundado em 2012, há dez anos o Sustentarea promove eventos e cursos e produz publicações e conteúdos sobre o assunto, como e-books, revista trimestral, livros de receitas, além de programas de podcast, que podem ser acessados gratuitamente pelo site.

“Há dez anos atrás, não era senso comum que a alimentação, além de ter um papel na saúde, também tem um impacto no meio ambiente”, conta Aline Martins de Carvalho, professora de Nutrição na FSP, coordenadora e idealizadora do Sustentarea, destacando que, quando o projeto surgiu, a alimentação sustentável ainda era um tema pouco abordado no Brasil.

A proposta de tratar do tema foi inaugurada com uma ação de intervenção nos bandejões da Faculdade de Saúde Pública chamada Segunda Sem Carne na FSP. “Focávamos no consumo excessivo de carne vermelha do brasileiro, seus impactos negativos na saúde e meio ambiente e como poderíamos ajudar as pessoas a reduzirem seu consumo excessivo de carne, uma vez que foi meu objeto de pesquisa do mestrado. Na época, algumas pessoas foram contra o projeto e a ideia”, Aline diz.

Hoje, a professora vê que a receptividade do público em relação ao tema melhorou. O que não significa que a alimentação das pessoas tenha melhorado. “Apesar de a população ter mais acesso à informação nos últimos anos, a alimentação do brasileiro ainda está longe de ser nutricionalmente adequada e sustentável. Além de não ter acesso a uma alimentação com qualidade nutricional, muitos brasileiros não têm acesso a quantidade de alimentos suficientes, chegando à fome.”

Com o tempo, o Sustentarea se tornou mais amplo, conta a coordenadora. “Nosso propósito é incentivar a reflexão pautada em evidências científicas sobre alimentação saudável e sustentável.” Além da questão da carne, o núcleo passou a abraçar questões gerais sobre as escolhas alimentares e a incentivar, de outras formas, a mudança de comportamento. Uma de suas principais frentes, por exemplo, é a produção e disponibilização de receitas com ingredientes de alto valor nutricional e baixo custo.

Desde 2020, o Sustentarea conta com a participação da Universidade Federal de Goiás (UFG) no projeto. Assim, além dos professores, estudantes de graduação e pós-graduação da USP, o núcleo passou a receber profissionais de diferentes regiões do País e áreas do conhecimento. A rede conta hoje com 60 voluntários, que trabalham sob um objetivo comum: “Queremos promover mudanças positivas nos hábitos alimentares e de vida das pessoas e instituições visando a melhorar a saúde da população e do planeta”, explica Aline.

https://umsoplaneta.globo.com/sociedade/consumo-consciente/noticia/2022/05/14/comer-sem-comprometer-o-futuro-projeto-da-usp-ensina-alimentacao-sustentavel.ghtml