Crianças de 5 anos são as que mais foram a óbito por covid-19, aponta levantamento
O ano de 2021 registrou o maior número de óbitos em crianças cuja causa mortis consta como covid-19 (174)
(Foto: Pexels)
SABRINA ONGARATTO
Cartórios registraram 324 mortes de crianças de 5 a 11 anos por covid-19 desde o início da pandemia. Recentemente, a Anvisa aprovou a vacinação para essa faixa etária, mas a imunização ainda não teve início no país
Desde o início da pandemia, um total de 324 crianças com idades entre 5 e 11 anos morreram em decorrência da covid-19 no Brasil. E as mais afetadas foram aquelas de 5 anos, com 65 mortes registradas, seguida pelas que tinham 6 anos, com 47 registros. Logo depois, estão as de 7 e 11 anos, ambas com 46 óbitos registrados. Já as crianças de 10 anos totalizaram 43 óbitos, as de 9, 40 óbitos, e as de 8, 37 mortes. Foram 162 falecimentos de crianças do sexo masculino e e 162 do sexo feminino. O levantamento foi divulgado pelos Cartórios de Registro Civil brasileiros e leva em conta os óbitos que ocorreram no período de março de 2020 à primeira semana de janeiro de 2022.
O ano de 2021 registrou o maior número de óbitos em crianças cuja causa mortis consta como covid-19 (174), enquanto que, em 2020, foram 150. Na primeira semana de janeiro de 2022, não foram contabilizados óbitos por covid-19 de crianças nessa faixa etária, embora os Cartórios de Registro Civil tenham o prazo legal de até 10 dias para enviar os dados ao Portal da Transparência do Registro Civil.
Entre os Estados brasileiros, São Paulo respondeu percentualmente por 22,8% dos óbitos de crianças nesta faixa etária, seguido por Bahia (9,3%), Ceará (6,8%), Minas Gerais (6,5%), Paraná (6,2%), Rio de Janeiro (5,9%) e Rio Grande do Sul (4%). Amapá, Mato Grosso e Tocantins foram as unidades que registraram o menor número de mortes na faixa etária.
“Os números compilados pelo Portal da Transparência, que disponibilizam os óbitos registrados em Cartórios de Registro Civil do Brasil como forma de informar a sociedade sobre o atual estágio da pandemia, mostram que, embora reduzidos, os óbitos de crianças fazem parte deste triste momento que estamos vivendo, e que a vacinação é o melhor caminho para que vidas sejam salvas e para que a doença, propagada pelas novas
variantes, seja menos fatal a quem já estiver imunizado”, disse Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil.
Outras causas
As estatísticas fazem parte do Portal da Transparência do Registro Civil, uma base de dados que reúne as informações de nascimentos, casamentos e óbitos registrados pelos 7.663 Cartórios brasileiros, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (ArpenBrasil).
Ainda segundo a pesquisa, foram registradas 77 mortes nessa mesma faixa etária em razão de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), outras 30 por causas indeterminadas e 57 por morte súbita. Contabilizando todas as mortes por causas naturais no Brasil, a faixa etária entre 5 e 11 anos teve 5.562 óbitos, sendo 2.776 em 2020 e 2.766 em 2021 – e 20 na primeira semana de janeiro de 2022.
Vacinação das crianças
No início deste mês, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que as vacinas contra a covid-19 para crianças de 5 a 11 anos chegarão ao Brasil na segunda quinzena deste mês. "Na segunda quinzena de janeiro, as vacinas (para crianças) começam a chegar e serão distribuídas, como nós temos distribuído", afirmou Queiroga, após evento no Ministério da Saúde.
A vacina para a população pediátrica, fabricada pela Pfizer, foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no dia 16 de dezembro. Vale lembrar que o imunizante destinado aos pequenos possui características diferentes e vem em uma embalagem com tampa laranja.
Ainda segundo o MS, a vacinação dos pequenos iniciará pelas crianças de 11 anos. Em entrevista à CRESCER, o pediatra e infectologista Renato Kfouri, explica: "Quando você olha as formas graves de covid-19, em geral, os extremos da pediatria são os que tem 2,3 vezes mais riscos de hospitalização e morte: os menores de 2 anos e os maiores de 11. Então, a escolha de começar pelos mais velhos é prudente e, além disso, o intervalo entre a vacinação dos mais velhos e os mais novos será pequeno, de no máximo dois meses. O que seria importante era iniciar por comorbidades, mas pulverizar as doses complica muito a logística, então, adotar a vacinação pela idade, certamente facilitará a organização".
https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/2022/01/criancas-de-5-anos-sao-que-mais-foram-obito-por-covid-19-aponta-levantamento.html
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