Brasil tem recordes de mortes por Covid em dois terços do país
18 das 27 unidades federativas registraram recordes de óbitos em abril.
Gerson James, de 34 anos, chora durante o enterro do pai, Frank James Santana, de 54, que morreu de Covid-19, no cemitério Campo da Esperança, em Brasília, no dia 29 de abril. — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
82.401 vidas perdidas: pelo segundo mês consecutivo, Brasil tem recordes de mortes por Covid em dois terços do país
Mais uma vez, 18 das 27 unidades federativas tiveram recordes nos óbitos; abril já era o pior mês da pandemia desde o dia 24. Amazonas é o único estado com queda significativa em óbitos registrados.
Por Lara Pinheiro, G1
Pelo segundo mês consecutivo, o Brasil teve recorde de mortes por Covid-19 em dois terços de seu território: 18 das 27 unidades federativas registraram recordes de óbitos em abril. O mês é, de longe, o pior desde o início da pandemia: foram registradas 82.401 mortes pela doença.
Os dados foram apurados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias de Saúde do país.
Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, São Paulo e Tocantins estão em seu segundo mês consecutivo de recorde nas mortes registradas. Minas Gerais registra recordes consecutivos desde janeiro.
Já Bahia, Paraíba, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Santa Catarina – que tiveram recordes em março – registraram menos mortes em abril e não voltaram a bater recorde.
Uma exceção ao resto do país é o Amazonas, que teve uma queda de 47% no número de mortes registradas de março para abril e de 78% em relação a janeiro – quando teve o maior número de óbitos registrados em toda a pandemia no estado.
Para a cientista Ester Sabino, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), há quatro motivos que contribuíram para queda nas mortes registradas no estado: o lockdown que foi feito em Manaus, a vacinação, alguma proteção contra reinfecção ou, ainda, o fato de muito da população vulnerável do estado ter morrido antes na pandemia.
Mas a pesquisadora afirma que ainda não é possível dizer qual deles é o mais importante – inclusive porque a vacinação no estado só ganhou força em fevereiro.
"Dá pra perceber um pouco a vacinação, mas eles também fizeram um lockdown duro quando começou a piorar a situação. A gente está tentando entender qual a faixa de reinfecção – se uma pessoa previamente infectada está imune à próxima variante ou protegida. Ela pode ter uma parte da proteção. Aí, você abaixa o número de casos e, se tiver a proteção da infecção anterior, ainda ajuda mais", avalia Sabino.
Os especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que não é possível dizer que a diminuição vista nas mortes no Amazonas vá ocorrer no resto do país – como foi o caso com o surgimento da variante P.1, detectada pela primeira vez em Manaus e que, depois, se espalhou para o resto do território.
"Uma visão muito rápida parece exatamente isso, [mas] cada local tem uma demografia, uma curva epidêmica, os determinantes sociais, os recursos dos serviços. Então não dá para identificar um marcador: o Amazonas. E, particularmente, o Amazonas é muito diferente do resto do país, até no clima", pondera o epidemiologista Airton Stein, professor e pesquisador da Universidade Federal das Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
"A vigilância epidemiológica tem que definir as políticas de acordo com o que está acontecendo em cada local", completa.
https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2021/05/01/82401-vidas-perdidas-pelo-segundo-mes-consecutivo-brasil-tem-recordes-de-mortes-por-covid-em-dois-tercos-do-pais.ghtml?utm_source=push&utm_medium=web&utm_campaign=pushwebg1
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