‘Não sabíamos que seria desse jeito’, diz médica de Manaus recuperada de covid-19
Na capital do Amazonas, o avanço da pandemia deixou o sistema de saúde em colapso
Deborah Tayah, de 24 anos, é médica em hospital público de Manaus Foto: Reprodução
Deborah Tayah, de 24 anos, se curou da infecção por coronavírus e voltou ao trabalho em um momento crítico da rede de saúde na capital do Amazonas
Alfredo Mergulhão
A médica Deborah Tayah, de 24 anos, está recuperada da infecção pelo coronvavírus. Ela voltou ao trabalho na última sexta-feira (10) no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, em Manaus.
Na capital do Amazonas, o avanço da pandemia deixou o sistema de saúde em colapso com a infecção se alastrando também entre profissionais da área de saúde. Até a última sexta-feira (10), a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) contabilizava 46 profissionais de saúde contaminados e afastados de suas atividades. A rapidez de contágio surpreendeu médicos da rede pública.
“A ficha demorou a cair. Quando adoeci ainda não havia muitos casos em Manaus e não tinha medo instalado. Agora são mais de 100 casos por dia, fora os que não foram testados. Não sabíamos que seria desse jeito”, disse a médica Deborah Tayah, de 24 anos, recém-recuperada da Covid-19.
“Eu sou clínica geral, fico na porta de entrada do sistema de saúde e faço rotina. Passo nas enfermarias, cuido de uns 15 pacientes por turno, vejo como cada um está e prescrevo medicação. Então eu tenho que lidar com casos que vão de pneumonia até insuficiencia renal, infecções em geral. O vírus não vem com a localização, então não tem como saber se peguei no mercado ou no hospital”, diz a médica.
Além do trabalho no Hospital 28 de Agosto, Deborah é vinculada a uma cooperativa de médicos na qual há, além dela, outros oito profissionais infectados. Diante da velocidade da propagação da Covid-19 na rede de saúde de Manaus, Deborah quis voltar ao trabalho o mais rápido possível.
“Eu fiz um um juramento, não posso abandonar meus pacientes. É complicado, a gente tem família, mas na situação que estamos em Manaus eu não posso deixar de ajudar”, disse a médica.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) não produziu um levantamento sobre a quantidade de médicos infectados ou que morreram por Covid-19 no país, mas a regional do Rio de Janeiro confirma o óbito de dois profissionais: o cardiologista Ricardo Antonio Piacenso e o anestesiologista José Manoel de Melo Gomes.
Enfermeiros afastados
Pelo menos oito enfermeiros e técnicos em enfermagem comprovadamente morreram por Covid-19, em todo o Brasil, de acordo com um levantamento do Conselho Federal de Enfermagem (Coren). Outros oito óbitos suspeitos ainda aguardam exames para atestar se foram causados pelo coronavírus.
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